Não penhorar a camisa

Não penhorar a camisa.

Dirigentes esportivos atuais culpam (esquecem que eles mesmos perduram mais de 5 ou 10 anos no poder) os antigos dirigentes pela decadência do clube que agora comandam. Então por que aceitaram assumir o abacaxi? Pode ser que alguém acredite que foi um gesto nobre pelo “amor” que este “dedicado” dirigente possui pelo emblema de sua agremiação.

Alegam que a política salarial dos atletas de futebol corrompe as finanças do caixa. Mas não explicam por balancetes mensais para onde vão os montantes arrecadados com os ingressos, venda de jogadores, patrocínio estampado nas camisas, cota de tv, vendas de souvenirs, percentual das “escolinhas” que proliferam em suas dependências e por aí vai.

Certamente a folha salarial dos quase 30 atletas (em média) tem maior peso. E ela torna-se mais grave comparando-se o custo/benefício que os atletas das equipes geram em função de suas performances nem sempre convincentes nos diversos campeonatos ao longo do ano. Um jogador que recebe (ainda que com atraso) 10 vezes mais que seus companheiros deve ser a estrela do time. Tanto ele como os demais, tendo garantido seu valor a receber independente da quantidade de jogos que participa ao longo do mês, nem sempre se empenham totalmente na produção de bons resultados. Algumas vezes até provocam expulsões e suspensões para não precisarem jogar a partida seguinte e dar uma escapulida à praia com a namorada (ou namorado, sei lá).

Mas isto é fácil de resolver. Observem esta idéia “genial” que levei 200 anos para elaborar (comecei a pensar nela em 1808). Se os dirigentes se reunirem com propósitos honestos voltados para o real desenvolvimento do futebol profissional, podem aproveitá-la e melhorá-la. Não vou usar valores numéricos, pois num time de pequeno investimento o melhor jogador ganha R$ 2.000,00 enquanto nos mais populares, o valor gira entre R$ 100.000,00 e R$ 300.000,00.

Tabela salarial para atletas de futebol.

Salário básico: YY (YY varia de R$ 1.000,00 a R$ 60.000,00). Se o clube tiver receita para bancar, YY pode chegar a R$ 200.000,00.

Cada vitória do time, um abono de YY/16. Em caso de empate nada a receber. Quem sabe descontar “algum” quando perderem de goleada?

Vitória com mais de 4 gols de diferença, abono de YY/25.

Se o time for campeão, YY/50 x número de partidas que participou de abono ao final da competição.

Sendo vice, abono de YY/100 x idem acima.

Penalidades:

Chegando atrasado ao treino, multa de YY/20.

Briga no ambiente de treino, multa de YY/10.

Recebendo cartão amarelo por reclamação ao juiz ou atitude inconveniente, multa de YY/20.

Recebendo cartão vermelho pelos mesmos motivos, multa de YY/10.

Estando suspenso, comparecer ao estádio no dia do jogo, para apoiar o time.

Para a comissão técnica que não entra em campo mas tem responsabilidade sobre o comportamento do grupo, posteriormente posso (se algum dirigente me contratar) criar uma equação que vai incentivá-los a montar esquemas ofensivos em busca da vitória.

Tudo bem que meu modelo está simplório demais e podem existir questões legais, políticas e monetárias a serem consideradas. Mas tem de ser algo parecido, pois eu estou apenas meio doido com tanta sacanagem impune. Apenas os dirigentes não se interessam por tal modelo transparente para que possam executar suas “armações” sem precisar explicar nada aos conselhos gestores ou à justiça. Basta alegar que o clube está no vermelho e os governantes públicos perdoam para não perderem votos.

Se o clube ficar com as finanças exauridas, basta abandonar o cargo (não concorrer novamente) e torcer para que seu sucessor tenha habilidade para solicitar ao governo o perdão da dívida ou a rolagem da mesma para os próximos 100 anos.

Não esquecer de continuar enganando os torcedores prometendo que o time vai melhorar quando ele contratar atletas que estão na Europa antes que eles completem 40 anos! No dia da chegada do jogador ao aeroporto, o mesmo coloca uma camisa do time que o está contratando e declara que torce por ele “desde criancinha” e ainda tem muita disposição para lutar por novas conquistas ao lado dos novos companheiros que ganham 5 vezes menos e estão com os salários atrasados há quase 3 meses.

Haroldo P. Barboza – Matemático, Analista de computador e Recreador.

Autor do livro: Brinque e cresça feliz – Vila Isabel/RJ

Haroldo
Enviado por Haroldo em 07/04/2009
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