Greenpeace gerou CO2!
Greenpeace pode cuidar dos jardins.
Ao longo de décadas esta ONG angariou prestígio e simpatia em torno do planeta por defender projetos de luta contra o desmatamento desregrado, extinção de espécies animais e vegetais, poluição da atmosfera e outras formas agressivas de destruição da Natureza. Aparentemente tais batalhas foram travadas em vários pontos do globo sem levar em consideração ideologias políticas ou interesses capitalistas. Apenas o desejo transparente de manter limpo nosso globo.
E nós apreciamos esta luta, apesar de não nos engajarmos na cruzada de preservação do planeta. Temos a nossa parcela de culpa pelo fato de adquirirmos produtos elaborados em locais onde o trabalho escravo (inclusive infantil) é efetuado em alta escala e a composição de alguns comestíveis agrega frações elevadas de produtos químicos letais à nossa própria saúde. Tudo em nome da “economia”. Fechamos os olhos aos malefícios que nos degredam lentamente para termos mais recursos para manter o status que o consumismo desenfreado apregoa através de propagandas maciças e envolventes. Jogamos detritos na praia para não andarmos 10 metros até o latão de lixo.
Depois de dezenas de anos nesta árdua batalha, eis que a “filial” brasileira do Greenpeace escorregou na maionese (contaminada?) ao promover uma manifestação válida no propósito, mas inadequada quanto ao dia e local.
Prepararam uma faixa para solicitar que os líderes do mundo apelidados de G20 (G8 que mandam + G12 que balançam a cabeça e aprovam as farsas) reunidos em Londres no início de abril de 2009 tenham maior preocupação com o clima mundial. Poderiam ter ido à capital inglesa e abrir garrafões de ar comprimido com CO2 compactado. Bastariam uns 50 cilindros para “limpar” o cenário. E com o “fog” local permanente, ninguém perceberia o valioso estrago provocado.
Mas promoveram o ato na ponte que une Rio e Niterói num dia de semana no horário de maior fluxo de veículos. Engarrafaram tudo por duas horas e ajudaram a triplicar a produção de CO2 na atmosfera já enfumaçada desta região. Irritaram milhares de motoristas e arranharam a credibilidade que demoraram a obter ao longo dos anos.
Se tivessem mais percepção, teriam pendurado a faixa no morro do Corcovado ou no morro da Urca, mesmo num dia de semana, pois nestes locais o trânsito não é comprometido mais de duas vezes por ano. A visibilidade seria ampla e abençoada pela imagem santa de Cristo. Mas acabaram dando um “tiro no pé”.
Esperamos que agora calcem as sandálias da humildade (mesmo com a pata ferida) e peçam desculpas aos municípios que sacanearam. Como penitência, que plantem algumas centenas de mudas de árvores pelas praças “carecas” onde o Sol nos torra a pele. E que as reguem com regularidade durante seis meses.
Haroldo P. Barboza - Vila Isabel / RJ - Aulas de Matemática.
Autor do livro: Brinque e cresça feliz