HUMOR POLÍTICO E INTELIGENTE NO ANIVERSÁRIO DO GOLPE DE 64
Em janeiro de 1988, na edição do jornal “A ENXADA”, em Condado, do qual eu era Diretor, publicamos um artigo de humor político, como sempre fazíamos, no entanto, dessa vez, demos uma caprichada na qualidade do humor apresentado.
Transcrevemos um texto do fenomenal Luis Fernando Veríssimo, que encontrei na revista Veja, daquela época. Como, na dia 31 de março, se comemorava o aniversário da “Revolução de 1964”, resolvi transcrever esse texto.
“Numa reunião de conspiradores, traça-se o plano para a tomada do poder e a salvação nacional. Um dos conspiradores tira um papel do bolso e começa a ler um roteiro para o movimento.
- Anunciamos para a nação que era preciso dar um basta à anarquia, ao caos econômico, à inflação desenfreada, à corrupção, ao nosso descrédito internacional.
- Isso.
- Dizemos que as donas de casa, com suas panelas vazias mostraram o caminho a seguir, com Deus, pela liberdade e a propriedade.
- Grande.
- Instalamos um marechal no poder e ...
- Espera aí. Não existem mais marechais.
- Bom. Isso a gente vê depois. Instalamos um militar na Presidência com o compromisso de sanar as finanças, cassar os direitos políticos de todos que criaram esta situação lamentável, reprimir a subversão, controlar os sindicatos, censurar a imprensa...
- Espere. Esse programa está me lembrando alguma coisa... Você tem certeza que não está lendo o papel errado?
- É mesmo! Estou lendo o roteiro para a revolução de 64!
- Então cancela. Nós sabemos no que deu aquilo. Anarquia, caos econômico, inflação desenfreada, corrupção, descrédito internacional... E panelas vazias.
- Bem que eu notei que o papel estava meio amarelado”.