Futebol duro
Futebol duro
A maioria dos principais clubes do Brasil está falida. Devendo milhões em impostos, altas somas aos fornecedores, prestadores de serviço, funcionários administrativos e atletas. Muitos destes clubes já receberam antecipadamente a cota do ano que vem que as tvs pagam para transmitir os jogos nem sempre de boa qualidade. Por serem dependentes das emissoras, aceitam horários imbecis estipulados por elas para as partidas. Domingo dia 08/03/09 às 20:15 no RJ certamente não atraiu metade dos torcedores que poderiam comparecer caso o horário fosse em torno de 17 horas. E além de estúpidos, mudam a cada semana, impedindo que possamos estabelecer uma agenda para a semana seguinte. É o desejo que as tvs possuem de esvaziar os estádios para nos empurrar os pacotes do “pay-per-view”.
Tal situação atingiu este estágio pela má administração que os dirigentes executam nestas entidades. Um país que se tornou tri campeão mundial em 1970 tinha tudo para estabelecer um mercado milionário exibindo nossos excelentes atletas para o resto do mundo. Mas os sucessivos executivos optaram pela fórmula mais simples: vender nossos jogadores por preços modestos e tirar uma “comissão” polpuda para uso próprio. Teve sujeito que abandonou a carreira de comunicação e tornou-se “empresário” com esta prática. Até político entrou no ramo para obter mais votos nas eleições. Seu patrimônio hoje é maior que o do clube usado por ele para tal tipo de comércio.
Com este tipo de administração obscura, não se cria credibilidade para atrair patrocinadores. Cada clube afunda mais ou menos lentamente agravado pela política salarial que adota em relação aos seus jogadores. Trazem atletas que foram exportados no auge da carreira há 10 anos e os resgatam no declínio de suas formas. Por já estarem ricos, não possuem o mesmo ímpeto para correr com entusiasmo. Mas recebem (ainda que com atraso) salários que são quase 10 vezes maiores que os dos demais componentes da equipe que por extensão, sentem-se discriminados. Não tendo receita que cubram estes gastos mal planejados, caem no buraco negro da dívida eterna, contando com a complacência governamental que não penaliza tais entidades para não perder votos dos torcedores já decepcionados com o desempenho da sua agremiação amada.
E com o dos dirigentes públicos que ajudam a eleger por falta de percepção de seus direitos a uma qualidade de vida adequada. Quem se acostuma a viver com lama nas entranhas, quando chega a lugar limpo, estranha.
Haroldo P. Barboza – Matemático, Analista de computador e Recreador.
Autor do livro: Brinque e cresça feliz – Vila Isabel/RJ