A ABRILADA DA MENTIRA

Neste 1º de abril, para infelicidade geral da Nação, completa quarenta e cinco anos que se implantou, no Brasil, uma sanguinária ditadura. Data inglória, sem mérito algum. Contudo, deve ser revisitada.

Ditadura vale dizer: ruptura dos direitos constitucionais, perseguições de caráter político-ideológico, cassação de direitos políticos e sindicais, prisões ilegais, exílio forçado de milhares de pessoas, invasões de domicílio, sequestros, tortura até a morte.

Os reacionários civis e militares que a arquitetaram, por sua cartilha da direita revanchista e raivosa, ainda hoje afirmam e batem o pé que esse triste fato histórico se deu no dia 31 de março de 1964. Não foi; está errada esta data.

A abrilada da mentira do golpe de Estado brasileiro, que se alimentou do arbítrio e de ações ilegais e desumanas, usurpou o poder legítimo das mãos do presidente João Goulart. Na verdade, efetivamente, a “quartelada” só aconteceu, de modo público, a partir de 1º de abril, sob obra e desgraça de uma baita e olímpica mentira.

Aos chistes e brincadeiras inocentes que se fazem, hoje, neste popular “Dia da Mentira”, junte-se a funesta realidade do regime ditatorial que nos aconteceu e nos acossou, no Brasil, burra e arbitrariamente. E tal fato histórico surgiu de uma deslavada peta, ou seja, de uma grande mentira, com data certa e marcada.

Essa aziaga mentira, como todos sabem, fora soprada à tristemente famigerada patota de generais que desfilou nos plantões da Presidência da República pelo ventríloquo imperialismo nazi-fascista dos ianques.

Sob o pretexto de combater a iminente “ameaça dos vermelhos comunistas”, os generais, arrimados no golpe de 64, deitaram, rolaram e fizeram barba, bigode e cabelo.

Ou seja, os “milicos” pintaram e bordaram, sob a égide do “prender e arrebentar”, haja vista o golpe que se deu dentro do golpe, com o AI-5, do sombrio Arthur da Costa e Silva, em dezembro de 1968. Por incompetência, ao largar a rapadura do poder, os outros “salvadores da Pátria” que o sucederam deixaram uma dívida externa impagável, só bem mais tarde ampliada ao infinito pelo desgoverno vendilhão e tucano de FHC.

Até hoje, sem uma ordem social justa, fraterna e igualitária, nenhuma ditadura foi das melhores coisas da História. Mas, digo isto na mosca: mil vezes a ditadura da maioria sobre a minoria que o seu inverso. E a data de 1º de abril de 1964 (não 31 de março) será sempre um alerta permanente para que jamais tenhamos, de novo, uma ditadura da minoria fascista sobre amplas e ecléticas maiorias da sociedade.

Liberdades democráticas às massas plurais, sempre, tortura nunca mais!

Fort., 1º /04/2009.

Gomes da Silveira
Enviado por Gomes da Silveira em 01/04/2009
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