Pequena Reflexão Sobre O Inusitado
PEQUENA REFLEXÃO SOBRE O INUSITADO
De repente o inusitado acontece!
Ele pode aparecer através de uma bolha de sabão ou de uma notícia qualquer, mostrando que a toda hora podemos encontrar algo que nos tire o fôlego, ou nos desconcerte, amedronte ou ainda surpreenda.
O inusitado, se pensarmos bem, pode estar também no olhar do vizinho com quem esbarramos no corredor, no olhar virtual de alguma sala, elevador ou até mesmo no olho automático de várias portas.
Calamos quando ele se apresenta porque dele brota mensagens e dependendo da sua natureza, serão elas desalentadoras, maravilhosas, desanimadoras, amenas ou ameaçadoras.
Somos levados inclusive num primeiro momento a sentir dores e a ter sensações pelo corpo, as pernas ficam bambas, parece que o estômago vai sair pela boca, o coração dói (se é que coração dói!). Num súbito frenesi vamos ao céu ou inferno.
O inusitado não tem local para acontecer. É estranho por si só. No trem que leva ao norte, pode andar nos trilhos. No buraco do asfalto pode contar pontos. Nas manhãs de gostosas férias, se espreguiçando por entre lençóis macios, pode ter sido um sonho.
Nas esquinas então! É um infinito inteiro de coisas inusitadas que ali pode acontecer, encontrar um amigo que há muito não vemos, topar com um novo amor, encontrar aquela pessoa que odiamos, enfim, podemos esperar que o inusitado virá.
Pois é, ele nos arrebata, nutre nossos nervos e conduz por caminhos sempre novos porque cada acontecimento inusitado é tudo, completo em sua essência! Causa e conseqüência não se repetem.
A própria palavra é interessante em sua estrutura. Parte de uma linearidade para crescer em altura quase no final e morrer entre os lábios como numa prece.
Porém seu fim é previsível, depois que acontece cai na vala das coisas comuns, se perde na boca do povo e vira com o passo dos minutos, horas, dias num fato usual que deixará marcas em maior ou menor escala.