A SIMPLICIDADE DOS EVANGELHOS

Vai se aproximando a Semana Santa e sempre, nesta época, se repete a mesma coisa. É como se uma aura dimensional diversa me magnetizasse para algum outro lugar presente aqui mesmo, onde estou. E sinto, nítida, a Presença terna de Jesus! Durante este período, constantemente, me vem à retina espiritual imagens reconfortantes - de como se eu estivesse em Sua Presença nos campos floridos ou às margens de um rio cristalino, durante uma tarde fresca, ouvindo palavras sem som, mas transmissoras de uma mensagem tão poderosa que sempre produz irresistivel efeito sedativo sobre as inquietações do meu dia a dia.


Claro que nada disso se dá por acaso! Não em se tratando de Jesus.

Lembro que, há alguns anos, a peculiar Dercy Gonçalves esteve em Jerusalém e, de volta, em entrevista, proferiu um comentário único, naquele seu jeito próprio de se expressar. Disse que, levando-se em consideração o que ela sentiu, forte e nitidamente, ao percorrer os lugares sagrados onde Jesus estivera, e que hoje são destino diário de peregrinação turística, de fato alguma coisa grandiosa  ali deveria ter acontecido, e Jesus certamente fora mesmo alguém excepcional. Mais ou menos nestes termos - mas a essência do que dissera era essa.

Lembro também de que li faz algum tempo um livro - não vou mencionar o título aqui porque atualmente o autor, ao que sei, está recolhido, saiu da área de publicações, ao menos no que diz respeito aos assuntos esotéricos e espiritualistas. O livro era contundente, espantoso. Fazia referência metade aos temas apocalípticos muito em voga na Nova Era, metade a um contexto místico, espiritual, descrevendo ritualísticas de seitas misteriosas e descobertas graves realizadas a partir disso, dizendo respeito ao futuro da humanidade.

Fiquei tão impressionada com o que lia,  com a carga dramática sugestiva de uma possível realidade funesta ao planeta num futuro próximo, que um dia resolvi mandar ao autor   um email com algumas perguntas. Queria saber mais detalhadamente da sua experiência, das vivências chocantes que descrevia no livro com riqueza espantosa de detalhes.

Após algum tempo me respondeu. Da maneira mais inesperada e surpreendente. Evasivamente, em dois ou tres emails, atendeu-me com gentileza a algumas dúvidas sobre o conteúdo da obra. Mas ressaltou, com convicção pacífica quanto definitiva, que não mais se voltava para aquelas coisas, descritas tão virtuosamente no seu próprio livro. Deu a entender que não mais importavam.

Aparentemente - supus - alguma nova ordem de vivências e de direcionamento em sua vida produziu nas suas atitudes uma guinada drástica. Ele somente explicou, diante de minha estranheza:

- Hoje prefiro ficar com a simplicidade dos Evangelhos*. Neles temos tudo que é necessário para encontrarmos o futuro com tranquilidade, um guia seguro para a nossa paz e felicidade, seja o que for que venha a acontecer com a humanidade.

E quanto ao que a obra sugerira que iria acontecer - nada animador, note-se, e, ao contrário, verdadeiramente catastrófico! - aludiu que nunca se poderia confirmar com certeza absoluta nada a respeito disso (ou não quis detalhar), e, acima de tudo, que de fato isto não importava muito.

Encerrou-se o episódio desta forma, lançando-me em estado de profunda quanto importante reflexão.

Nunca mais contatei o excêntrico autor. Na ocasião agradeci sua boa vontade em elucidar-me. Mas aquela frase, constante do primeiro email, nunca mais abandonou minhas reflexões:

- "Fico com a simplicidade dos Evangelhos"...

Hoje, passados tantos anos, dedicando-me à produção de obras literárias espíritas, sou forçada a reconhecer, em última instância, a grande verdade daquela declaração tão simples, mas de tanta importância para cada um de nós. Porque, sejam quais forem os caminhos que elegermos para a jornada de reencontro da grande verdade acerca de nós mesmos - todas as correntes religiosas existentes, filosofias, crenças, idéias que o longo decorrer das nossas vivências nos leva a defender ferrenhamente - no fim, nos depararemos, inapelavelmente, com a necessidade de ajustar pensamentos e atitudes àquelas máximas, contidas exatamente na simplicidade dos evangelhos...

Isto se de fato almejamos evoluir espiritualmente e colaborarmos para que toda a humanidade se encaminhe a passos seguros para uma Terra que a todos sirva como autêntica paragem de amor, de justiça,  de profunda veneração à Vida e de paz!

" - Perdoa não sete vezes, mas setenta vezes sete!"...

" - Fazei ao próximo apenas aquilo que quereis para vós mesmos!"

" - Bem aventurados os mansos e os pacificadores, pois a eles pertence o Reino de Deus!"

" - Amai ao próximo como a ti mesmo, e a Deus sobre todas as coisas!"

" - Em verdade vos digo que se não nascerdes de novo, não vereis o Reino de Deus!"

" - Em verdade vos digo que o REINO DE DEUS ESTÁ DENTRO DE NÓS!"


SOMOS TODOS UM!



Carinho!



* Quero fazer nota aqui explicando que ao fazer referência a "simplicidade dos evangelhos" não quis dizer de qualquer religião institucionalizada ou a respectivos livros, tidos como supostos representantes autênticos e exclusivos da palavra divina. Sem a intenção de desmerecer aqui, portanto, a qualquer manifestação de fé, quis significar, tão e somente,  a mensagem deixada por Jesus a todos nós,  desde a época recuada em que visitou o mundo - e, a meu ver, diga-se, não entendo que a palavra de Jesus, e mais ainda sua verdadeira significação, estejam sob posse e exclusividade de qualquer livro ou Igreja.
Assim, entendo que a Sua palavra pode ser bem compreendida, assimilada e utilizada em prol da humanidade por quaisquer pessoas de quaisquer credos, ou mesmo sem eles - pois o próprio Jesus outrora já nos asseverava que "a palavra é morta - só o espírito vivifica!"






Christina Nunes
Enviado por Christina Nunes em 29/03/2009
Reeditado em 31/03/2009
Código do texto: T1512182
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