O Repórter Esso
O REPÓRTER ESSO
Por Aderson Machado.
Quem teve o privilégio, digamos assim, de ter nascido pelo menos na década de 1950 teve a oportunidade de ouvir o famoso noticiário chamado de Repórter Esso.
Para as pessoas que não tiveram a dádiva de acompanhar o Repórter Esso, gostaria de contar um pouco da história desse noticiário que tanto sucesso fez nas décadas de 40 a 60.
Pois bem, o Repórter Esso foi um noticiário histórico do rádio – transmitido em 14 países do continente americano por 59 estações de rádio – e da televisão. Foi o primeiro noticiário de radiojornalismo do Brasil, comandado pela Rádio Nacional do Rio de Janeiro. Esse programa radiofônico era patrocinado por uma empresa estadunidense chamada “Standart Oil Company of Brazil”. Os locutores que fizeram maior sucesso no noticioso foram Gontijo Teodoro, Luís Jatobá e Heron Domingues.
O programa, inicialmente, foi criado para a propaganda da guerra americana direcionada ao povo brasileiro.
A primeira transmissão do programa, no rádio, se deu no dia 28 de agosto de 1941. O Repórter Esso se especializou em divulgar, principalmente, notícias ligadas ao modo de vida americana da época, conhecida como American way of life. Os informes traziam ainda aos ouvintes a evolução das guerras travadas pelos Estados Unidos em todas as partes do planeta.
O Repórter Esso fez ampla cobertura da Guerra da Coréia em 1950, enviando correspondentes para o campo de batalha.
Além das guerras, o programa radiofônico dava bastante ênfase às notícias de autoridades, notáveis, estrelas e astros de cinema e feitos científicos norte-americanos.
Como não poderia deixar de ser, noticiou, com exclusividade, o suicídio de Getúlio Vargas em 1954 pelo fato de a empresa patrocinadora ter amplo trânsito no Palácio do Catete.
O Repórter Esso não informava, por exemplo, notícias da Europa, da Ásia e da África se não houvesse interesses norte-americanos envolvidos.
Em 1957 informou com grande ênfase a explosão da primeira Bomba de Hidrogênio estadunidense. Em 1959 informou que Fidel Castro vencera a Revolução Cubana, reforçando o avanço do perigo comunista na América Latina.
O programa Repórter Esso, para tristeza de muitos, terminou suas transmissões no dia 31 de dezembro de 1968, na Rádio Globo do Rio de Janeiro, e teve a locução de Roberto Figueiredo, que, no final da transmissão, ficou bastante emocionado, a ponto de ter sido substituído, por alguns instantes, por Heron Domingues.
O Repórter Esso ganhou sua versão na Televisão em 1° de abril de 1952. Naquele dia 1°, às 19h45, o famoso prefixo musical marcou a entrada do programa jornalístico no ar pela TV TUPI. A edição paulista tinha Kalil Filho como apresentador. Este, por sinal, morreu num acidente de automóvel aí por volta da metade da década de 60.
No Rio, Luiz Jatobá, por pouco tempo, e Gontijo Teodoro, que ficou até o final. Na TV ITACOLOMI, em BH, tinha Luiz Cordeiro no comando; na TV PIRATINI, em Porto Alegre, Helmar Hugo; na TV RÁDIO CLUBE, em recife, Edson Almeida.
A Agência Nacional e a UNITED PRESS INTERNATIONAL (UPI) abasteciam o telejornal com notícias.
A Empresa Norte-Americana de Petróleo, a ESSO, patrocinava e orientava o modelo deste noticiário em diversos países (Esso Repórter). Assim como no rádio, o Repórter Esso na TV ficou conhecido pela pontualidade e credibilidade perante seus telespectadores. Seus slogans eram famosos: “Repórter Esso, o primeiro a dar as últimas” e ‘Repórter Esso, a testemunha ocular da história”. O suicídio do Presidente Getúlio Vargas, em 24 de agosto de 1954, teve cobertura histórica deste telejornal.
Nos intervalos, os comerciais das gotinhas animadas fizeram muito sucesso durante os anos 60.
Bastante prejudicado pela censura, no final dos anos 60 e início dos 70, o telejornal só mostrava desfiles de modas e matérias sobre amenidades. Foi o começo do fim.
Assim, o “Repórter Esso” encerrou sua carreira na TV TUPI do Rio de Janeiro, em 31 de dezembro de 1970.
Pelo mesmo motivo, o Repórter Esso, no rádio, já havia saído do ar.
Uma pena!