O DIA EM QUE A IVETE ANDOU EM MEU GALAXIE!
A história que eu vou narrar agora, não é nenhum fato jornalístico, e nem mesmo sei o porquê de ter me lembrado disso tantos anos depois. Porém, apesar de não ser notícia, é uma curiosidade que pode interessar aos fãs da grande estrela da música nacional.
Nos meados dos anos 90, fiz uma troca, um escambo, com um paciente meu: ele tinha recebido um Galaxie como forma de pagamento de algum serviço, e estava procurando um comprador para o mesmo. Eu, que adoro carros antigos, fiquei louco pelo Galaxie! Somei o orçamento odontológico desse meu paciente; juntei com uma Marajó velha que eu tinha, e pronto. Estava feito o negócio!
O Galaxie era uma coisa linda! Um carro enorme, todo branco, rodas de liga leve, ar condicionado, marcha Royal, oito cilindros, etc.
Cheguei em casa radiante! Chamei a mulher e os meninos para mostrar a “grande” aquisição. Eles entreolharam-se e me perguntaram ao mesmo tempo: “você comprou isso?”
O carro era uma festa! Não tinha quem não olhasse para ele!
Meus filhos morriam de vergonha, e quando eu os ia levar à escola, pediam que eu parasse uma esquina antes, que era para que nenhum coleguinha os visse saindo daquela “banheira”! Às vezes eu parava na porta da escola e eles desciam fervendo de raiva!
Àquela época, um primo meu de Salvador namorava a Ivete Sangalo. Ele era o percussionista da Banda Eva, da qual a Ivete era a cantora.
Eles já haviam feito um primeiro show aqui em Maceió. Um público pequeno na Praia da Avenida, num espaço chamado de Circo Voador.
Eu fiquei impressionado! Que voz; que domínio de palco; que energia! Essa mulher vai longe, pensei.
Não deu outra! Pouco tempo depois a Banda Eva estourava nacionalmente, tocando no Domingão do Faustão e em outros programas da televisão brasileira.
Mais alguns meses eles voltaram à Maceió. Agora para fazer um show no Ginásio do SESI, o maior da cidade.
Meu pai convidou meu primo e a Ivete para almoçarem uma feijoada. O show só seria tarde da noite, e eles teriam tempo para a digestão.
A esse almoço compareceu toda a família, além do meu primo, da Ivete e do promotor do show, que foi junto com eles.
Quando a feijoada foi colocada à mesa, meu pai disse que tinha uma notícia triste para dar à Ivete, e ela curiosa, perguntou do que se tratava. Então ele disse: “mataram Padre José, e a única coisa que sobrou dele foi isso”, mostrando um paio enorme! Ivete riu para se acabar, e entrando no clima, colocou a lingüiça do Padre José em seu prato!
Depois do almoço combinamos de ir ao show, e a Ivete disse que queria voltar de lá no meu Galaxie. Eu prontamente aceitei a proposta!
Durante o espetáculo, com o ginásio totalmente lotado, a Ivete ainda fez a gracinha de anunciar a presença da família Lins, e mais, que em Maceió, o seu dentista particular era Alberto Jorge “Cordeiro” Lins, eu mesmo. É certo que ela trocou o Cavalcante pelo Cordeiro, mas tudo bem. Tá desculpado!
Ao final, fomos aos camarins. Conversamos, comemos, tomamos refrigerantes e cervejas enquanto ela se recompunha e descansava um pouco.
Quando deu a hora de irmos embora, Ivete perguntou: “o Galaxie tá aí?” Eu respondi que sim. Então ela disse: “vamos embora que eu tô louca para andar nele!”
Os seguranças queriam ir junto, porém, ela os dispensou e disse que eles fossem na van, nos acompanhando.
No carro fomos eu dirigindo, minha esposa, meus três filhos, Ivete e meu primo.
Ela não parava de falar: “pô Alberto Jorge, esse carro é massa. Ele é muito confortável, parece até um avião. Acelera aí meu filho!”
Cada acelerada era um litro de gasolina, mas, valeu a pena!
Toda vez que a ouço cantar aquela música “Carro velho”, acho que ela está se lembrando do meu Galaxie.
Foi uma noite muito legal, e tenho certeza que poucas pessoas podem dizer que Ivete Sangalo andou em seu Galaxie!