"GRÁVIDO DE SI MESMO"

É uma expressão no mínimo estranha e, certamente, bizarra.

Mas, antes de tudo, como metáfora, ela explica, em poucas palavras, o que se passa numa determinada fase da vida de nossos filhos.

Não sou autora da frase. Tomei-a emprestada de um psicólogo que, por conta da minha quase surdez, não consegui ouvir o nome.

Disse ele que, todo adolescente passa por uma fase que pode ser assim definida: grávido de si mesmo.

Dessa fase nascerá um novo jovem, espera-se, mais maduro e mais responsável. Subentende-se, então, que dependendo de como transcorrer essa “auto-gravidez” , poderá nascer um jovem adulto bom ou não, consciente ou inconseqüente, trabalhador ou vagabundo, e por aí vão mais “trocentos” adjetivos com seus respectivos antônimos.

O que fazer para que o resultado seja o melhor possível?

Jogar com a sorte?

Esperar para ver o que acontece e, quem sabe depois passar o resto da vida se arrependendo?

Olhar para trás e dizer para si mesma que a “semente foi plantada em bom solo” e, só por isso, dará certo!?

O que será que faziam nossos antepassados quando seus filhos ficavam “grávidos de si mesmos”?

Falavam com o vizinho “ao lado”?, procuravam “o psicólogo da família”?, “pesquisavam na Internet”?,....

Ora, como se já não bastassem todas as alterações com as quais tentamos lidar da melhor forma possível com nossos filhos durante esse período, inventam nomes e expressões para justificá-las e, dessa maneira, fica cada vez mais distante uma mudança de atitude radical no seio da família, que é onde reside o início de todas as felicidades ou infelicidades “pós parto da dita gravidez”.

Precisamos, sim, rever e reavaliar a “educação moderna”, que chegou no limiar da permissividade. Somente uma linha muito tênue separa as duas situações.

Culpa de muita falação e pouca ação, muita “denominação” e pouca exemplificação, muita teoria e pouca prática.

É compreensível até, pois, com tantas novas profissões, terapias alternativas, livros de auto-ajuda, cursos para pais presentes, ausentes ou anônimos, igrejas, templos ou terreiros, leis que regulam e desregulam, estatutos para cada faixa etária; enfim, é tanta opção e, tudo isso até seria muito bom, se fosse de graça. Mas, como todos precisam ganhar...então vamos explorar!

E o resultado aí está: é só ligar a televisão ou, quem sabe, ouvir o filho de seu vizinho ou, o que é pior, ver o seu próprio filho.

Já passou muito da hora mas, cruzar os braços é inadmissível.

Não podemos deixar que continuem “classificando” ou “denominando” o que está acontecendo há um bom tempo com os jovens. De teorias “o inferno está cheio”.

Só falta agora um jovem chegar para seu pai ou sua mãe e dizer: “ Dá um tempo, coroa, porque estou grávido de mim mesmo”.

Quando, até pouco tempo atrás insistia-se em saber quem era o pai da criança, agora, nem isso existe mais.

A quem devemos atribuir tanta criatividade?

Fala-se, por conta do que tem acontecido nas escolas, em uma “Ficha de conduta disciplinar”. Belo nome. Cheio de pompas e circunstâncias...

Pasmem, então, que ao serem entrevistados alguns pais e professores sobre o assunto, também foi entrevistada uma aluna de oitava série, 14 anos, que se manifestou favoravelmente a tal da ficha com um “porém”: ...embora tire muito a privacidade do aluno”.

Digo e repito: PASMEM!! PASMEM!! PASMEM!! Se esta pirralha fala em privacidade, já deve ter “o rabo preso”!!

Culpa de quem??? Não, não é da escola. O QUE É BOM JÁ VEM DO OVO!!!

Para os mais velhos, como eu, que trabalharam com a Educação, essa tal “Ficha de conduta disciplinar” deve lembrar muito bem uma outra, que, por sinal, TAMBÉM não deu certo, a Ficha Cumulativa.

Escrevi TAMBÉM assim, com letras maiúsculas, porque novamente vamos “só enfeitar”, “dar um tiro na água”, “chover no molhado”, etc...

Não existe conserto a partir da escola. A “matéria-prima” deve vir bem preparada, com os requisitos básicos para um final feliz.

Posso parecer antipática, radical ou seja lá o que for, mas a responsabilidade é e será sempre da família.

O que acontece, e eu sei por experiência própria, é que não é fácil EDUCAR. É cansativo, repetitivo, toma tempo, dá nos nervos, enfim, é mais fácil “lavar as mãos” e ficar “empurrando com a barriga”...Não fiz isso, graças a Deus!

Por isso, deve-se pensar muito antes de ter um filho, para que esse filho não venha a ser “mais um investimento sem retorno”, como diz o ditado.

Ninguém nasce com toda essa violência e desobediência que se vê por aí. Isso é aprendido ao longo da vida. E, como a Ciência já provou e comprovou, é na mais tenra idade que nossa capacidade de aprendizagem é mais eficiente. Bem no comecinho da vida.

Então, é de “pequeno que se torce o pepino”! EM CASA!!!!

inken
Enviado por inken em 27/03/2009
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