Ele não nasceu há 10 mil anos atrás, nasceu em 28 de junho de 1945 em Salvador – Bahia e apareceu para fazer parte da história brasileira e jamais sair dela! RAUL SANTOS SEIXAS, filho de Raul Varella Seixas e Maria Eugênia Seixas; cresceu como uma criança pobre, mas não miserável; viveu a baianidade, mas não aderiu à preguiça bucólica e musical de Caymmy; virou Raulzito e com ele levou tais de “Panteras” para despontar para o mundo.
Viveu alguns dias com John Lennon, fez “miséria” na vida, fumou maconha e vários outros tóxicos, fez parceria com o Mago Paulo Coelho e Marcelo Nova do Camisa de Vênus, mas lamentavelmente no dia 21 de agosto de 1989 o “trem das sete horas” chegou na estação e levou para sempre o “abatido” Raul Seixas para as brumas de mil megatons.
O “Maluco Beleza” foi um dos precursores do Rock in roll no Brasil; foi cantor, compositor e uma coisa que raríssimas pessoas sabem, artistas plástico; teve escola na própria casa, o pai foi dono de biblioteca, mesmo não sendo abastado na infância, tomou gosto pela leitura e pelas gravuras de muitos livros, coisa que o fez arriscar-se na pintura de algumas telas, como retrata alguns sites especialistas em Raul Seixas e Paulo Coelho.
Seu gosto musical foi se moldando: primeiro, no rádio, acompanha o sucesso de Luiz Gonzaga, e nas viagens, onde acompanha o pai (que também era inspetor de ferrovia), ouve os matutos desfiarem repentes - e esta "raiz" nordestina nunca o abandonara. Raul Seixas era um garoto muito tímido na infância e na adolescência, e só vivia trancado no quarto lendo e compondo.
Num segundo momento, nas telas dos cinemas, encanta-se com o talento de Elvis Presley, de quem se torna fã - e aponta-lhe o rumo musical: o Rock'n Roll. Sempre gostou também de clássicos do rock dos anos 50 e 60. Juntamente com alguns amigos de Salvador, monta um conjunto, "Os Relâmpagos do Rock", mais tarde "The Panters", e por último conhecido como "Raulzito e os Panteras". Fazem shows no estado, e, a convite do amigo Jerry Adriani, vai para o Rio de Janeiro gravar um disco pela gravadora Odeon, em 1967 - que foi um total fracasso.
Após algum tempo, volta ao Rio, em 1970-71, contratado por outra gravadora - a CBS (atual Sony BMG). Ali participa da produção de diversos artistas da Jovem Guarda, como Jerry Adriani, Leno e Lilian e mais tarde Sérgio Sampaio, Diana, entre outros. Também compôs mais de 80 músicas para A Jovem Guarda, algumas de muito sucesso, como: Doce, Doce, Doce Amor, Sha-la-la-la, Tudo que é bom dura pouco, Ainda queima a esperança, Sha-la-la, e outras.
Mas nos anos 70 Raul acaba se rebelando. Aproveitando a ausência do presidente da empresa, Evandro Ribeiro, grava seu segundo LP (intitulado Sociedade da Grã-Ordem Kavernista Apresenta Sessão das 10), em que faz parceria com Sérgio Sampaio, Miriam Batucada e Edy Star. O disco, todavia, foi retirado do mercado sob o argumento de não se enquadrar à linha de atuação da gravadora. Em 1972 participou do VII FIC (Festival Internacional da Canção), promovido pela Rede Globo, e conseguiu a classificação de duas músicas, "Let me sing" (um misto de baião e rockabilly) e "Eu Sou Eu Nicuri é o Diabo", o que lhe deu projeção nacional.
Raul começou a ficar famoso por causa do deboche e da aplicação nítida de códigos enigmáticos em muitas de suas canções; há quem diga que a parceria com o Mago Paulo Coelho e a profunda admiração pelas drogas ácidas causaram não só feridas sociais na vida dele, mas também o impulsionou a escrever coisas como “Eu nasci há 10 mil anos atrás”, “Gita”, “Medo da Chuva” e “Al Capone”, da mesma forma que há quem conteste.
Verdade ou mito, Raul Seixas marcou seu tempo de forma tosca, enigmática e prazerosa; aos que enxergavam a pureza em suas letras, o viam como um dos artistas mais completos daquela época, coisa que dura até hoje; aos militares, recebeu inúmeras punições, inclusive a de ser exilado ou expulso do Brasil, como ele mesmo afirmava. Raul foi indelicadamente convidado a se retirar do Brasil em 1974, logo após a estrondosa veiculação de Gita; foi morar em Nova Iorque, quando conheceu o Beatle John Lennon.
Anos mais tarde, de volta ao Brasil, mergulhou em composições mais psicodélicas e menos irritantes; mostrou pela primeira vez a sua cara de “bom moço”, sem as barbas longas e os cabelos altos ao bom estilo Black Power. O Raul Seixas Maluco Beleza dava lugar ao romântico que escreveu “A Maçã”, um sucesso da época e ao jovial “Carimbador Maluco”, que chegou a filmar com crianças num especial da Rede Globo, o “Pluct, Plact, Zum”. Foi também um Cowboy fora da Lei e desta forma, tentava arrumar sua vida, sem esperar que ela fosse esvair-se de forma tão nostálgica e emblemática.
Em 1985, separa-se da segunda esposa. Faz um show, em 1 de dezembro, no Estádio Lauro Gomes, na cidade de São Caetano do Sul. Só voltaria a pisar no palco no ano de 1988, ao lado de Marcelo Nova, aquele do Camisa de Vênus.
Conseguindo um contrato com a gravadora Copacabana, em 1986 (de propriedade da EMI), grava um disco que foi grande sucesso entre os fãs, estando presente até em programas de televisão, como o Fantástico. Nesta época, conhece Lena Coutinho, que se torna sua companheira. A partir desse ano, estreita relações com Marcelo Nova (fazendo uma participação no LP "Duplo Sentido", da banda Camisa de Vênus). Um ano mais tarde, 1988, já sozinho, faz seu último álbum solo (A Pedra do Gênesis). A convite de Marcelo Nova, faz alguns shows em Salvador, após três anos sem pisar num palco.
No ano de 1989, faz uma turnê mais uma vez com Marcelo Nova, agora parceiro musical, totalizando mais de 50 apresentações pelo Brasil.
O último disco lançado em vida foi feito em parceria com Marcelo Nova, intitulado A Panela do Diabo, que foi lançado pela Warner Music Brasil um dia após sua morte. Raul Seixas faleceu no dia 21 de agosto de 1989, aos 44 anos. Seu corpo foi encontrado às oito horas da manhã, pela sua empregada, Dalva. Foi vítima de parada cardíaca: seu alcoolismo, agravado pelo fato de ser diabético, e por não ter tomado insulina na noite anterior, causaram-lhe uma pancreatite aguda fulminante. O LP A Panela do Diabo vendeu 150.000 cópias, rendendo ao Raul um disco de ouro póstumo, entregue à sua família e também a Marcelo Nova (parceiro de Raul, com quem gravou o LP), tornando-se assim um dos discos de maior sucesso do eterno Maluco Beleza.
Em vida Raul Seixas gravou 21 álbuns, após sua morte, pelo menos outros 30 foram lançados ou regravados, o que o torna um dos ícones da música nacional. Além de tudo, Raul é considerado até hoje como um mito e muitas pessoas, da mesma forma que alimentam a posteridade de Elvis, acreditam que “ele não morreu”. Seu túmulo, no Jardim da Saudade, em Salvador, é um dos mais visitados da capital baiana, no Dia de Finados, chega a receber mais de 10 mil pessoas. Ele também é sem dúvida o artista mais copiado do Brasil; milhares de pessoas com as mesmas características físicas deixam a barba crescer e se dizem os próprios Raul Seixas.
Mesmo para os que não gostaram de seu estilo musical, sem dúvida que deixará eternas saudades!
CARLOS HENRIQUE MASCARENHAS PIRES
www.irregular.com.br
Viveu alguns dias com John Lennon, fez “miséria” na vida, fumou maconha e vários outros tóxicos, fez parceria com o Mago Paulo Coelho e Marcelo Nova do Camisa de Vênus, mas lamentavelmente no dia 21 de agosto de 1989 o “trem das sete horas” chegou na estação e levou para sempre o “abatido” Raul Seixas para as brumas de mil megatons.
O “Maluco Beleza” foi um dos precursores do Rock in roll no Brasil; foi cantor, compositor e uma coisa que raríssimas pessoas sabem, artistas plástico; teve escola na própria casa, o pai foi dono de biblioteca, mesmo não sendo abastado na infância, tomou gosto pela leitura e pelas gravuras de muitos livros, coisa que o fez arriscar-se na pintura de algumas telas, como retrata alguns sites especialistas em Raul Seixas e Paulo Coelho.
Seu gosto musical foi se moldando: primeiro, no rádio, acompanha o sucesso de Luiz Gonzaga, e nas viagens, onde acompanha o pai (que também era inspetor de ferrovia), ouve os matutos desfiarem repentes - e esta "raiz" nordestina nunca o abandonara. Raul Seixas era um garoto muito tímido na infância e na adolescência, e só vivia trancado no quarto lendo e compondo.
Num segundo momento, nas telas dos cinemas, encanta-se com o talento de Elvis Presley, de quem se torna fã - e aponta-lhe o rumo musical: o Rock'n Roll. Sempre gostou também de clássicos do rock dos anos 50 e 60. Juntamente com alguns amigos de Salvador, monta um conjunto, "Os Relâmpagos do Rock", mais tarde "The Panters", e por último conhecido como "Raulzito e os Panteras". Fazem shows no estado, e, a convite do amigo Jerry Adriani, vai para o Rio de Janeiro gravar um disco pela gravadora Odeon, em 1967 - que foi um total fracasso.
Após algum tempo, volta ao Rio, em 1970-71, contratado por outra gravadora - a CBS (atual Sony BMG). Ali participa da produção de diversos artistas da Jovem Guarda, como Jerry Adriani, Leno e Lilian e mais tarde Sérgio Sampaio, Diana, entre outros. Também compôs mais de 80 músicas para A Jovem Guarda, algumas de muito sucesso, como: Doce, Doce, Doce Amor, Sha-la-la-la, Tudo que é bom dura pouco, Ainda queima a esperança, Sha-la-la, e outras.
Mas nos anos 70 Raul acaba se rebelando. Aproveitando a ausência do presidente da empresa, Evandro Ribeiro, grava seu segundo LP (intitulado Sociedade da Grã-Ordem Kavernista Apresenta Sessão das 10), em que faz parceria com Sérgio Sampaio, Miriam Batucada e Edy Star. O disco, todavia, foi retirado do mercado sob o argumento de não se enquadrar à linha de atuação da gravadora. Em 1972 participou do VII FIC (Festival Internacional da Canção), promovido pela Rede Globo, e conseguiu a classificação de duas músicas, "Let me sing" (um misto de baião e rockabilly) e "Eu Sou Eu Nicuri é o Diabo", o que lhe deu projeção nacional.
Raul começou a ficar famoso por causa do deboche e da aplicação nítida de códigos enigmáticos em muitas de suas canções; há quem diga que a parceria com o Mago Paulo Coelho e a profunda admiração pelas drogas ácidas causaram não só feridas sociais na vida dele, mas também o impulsionou a escrever coisas como “Eu nasci há 10 mil anos atrás”, “Gita”, “Medo da Chuva” e “Al Capone”, da mesma forma que há quem conteste.
Verdade ou mito, Raul Seixas marcou seu tempo de forma tosca, enigmática e prazerosa; aos que enxergavam a pureza em suas letras, o viam como um dos artistas mais completos daquela época, coisa que dura até hoje; aos militares, recebeu inúmeras punições, inclusive a de ser exilado ou expulso do Brasil, como ele mesmo afirmava. Raul foi indelicadamente convidado a se retirar do Brasil em 1974, logo após a estrondosa veiculação de Gita; foi morar em Nova Iorque, quando conheceu o Beatle John Lennon.
Anos mais tarde, de volta ao Brasil, mergulhou em composições mais psicodélicas e menos irritantes; mostrou pela primeira vez a sua cara de “bom moço”, sem as barbas longas e os cabelos altos ao bom estilo Black Power. O Raul Seixas Maluco Beleza dava lugar ao romântico que escreveu “A Maçã”, um sucesso da época e ao jovial “Carimbador Maluco”, que chegou a filmar com crianças num especial da Rede Globo, o “Pluct, Plact, Zum”. Foi também um Cowboy fora da Lei e desta forma, tentava arrumar sua vida, sem esperar que ela fosse esvair-se de forma tão nostálgica e emblemática.
Em 1985, separa-se da segunda esposa. Faz um show, em 1 de dezembro, no Estádio Lauro Gomes, na cidade de São Caetano do Sul. Só voltaria a pisar no palco no ano de 1988, ao lado de Marcelo Nova, aquele do Camisa de Vênus.
Conseguindo um contrato com a gravadora Copacabana, em 1986 (de propriedade da EMI), grava um disco que foi grande sucesso entre os fãs, estando presente até em programas de televisão, como o Fantástico. Nesta época, conhece Lena Coutinho, que se torna sua companheira. A partir desse ano, estreita relações com Marcelo Nova (fazendo uma participação no LP "Duplo Sentido", da banda Camisa de Vênus). Um ano mais tarde, 1988, já sozinho, faz seu último álbum solo (A Pedra do Gênesis). A convite de Marcelo Nova, faz alguns shows em Salvador, após três anos sem pisar num palco.
No ano de 1989, faz uma turnê mais uma vez com Marcelo Nova, agora parceiro musical, totalizando mais de 50 apresentações pelo Brasil.
O último disco lançado em vida foi feito em parceria com Marcelo Nova, intitulado A Panela do Diabo, que foi lançado pela Warner Music Brasil um dia após sua morte. Raul Seixas faleceu no dia 21 de agosto de 1989, aos 44 anos. Seu corpo foi encontrado às oito horas da manhã, pela sua empregada, Dalva. Foi vítima de parada cardíaca: seu alcoolismo, agravado pelo fato de ser diabético, e por não ter tomado insulina na noite anterior, causaram-lhe uma pancreatite aguda fulminante. O LP A Panela do Diabo vendeu 150.000 cópias, rendendo ao Raul um disco de ouro póstumo, entregue à sua família e também a Marcelo Nova (parceiro de Raul, com quem gravou o LP), tornando-se assim um dos discos de maior sucesso do eterno Maluco Beleza.
Em vida Raul Seixas gravou 21 álbuns, após sua morte, pelo menos outros 30 foram lançados ou regravados, o que o torna um dos ícones da música nacional. Além de tudo, Raul é considerado até hoje como um mito e muitas pessoas, da mesma forma que alimentam a posteridade de Elvis, acreditam que “ele não morreu”. Seu túmulo, no Jardim da Saudade, em Salvador, é um dos mais visitados da capital baiana, no Dia de Finados, chega a receber mais de 10 mil pessoas. Ele também é sem dúvida o artista mais copiado do Brasil; milhares de pessoas com as mesmas características físicas deixam a barba crescer e se dizem os próprios Raul Seixas.
Mesmo para os que não gostaram de seu estilo musical, sem dúvida que deixará eternas saudades!
CARLOS HENRIQUE MASCARENHAS PIRES
www.irregular.com.br