Aniversário sem indigestão
Aniversário sem indigestão.
No dia 01/03/2009 a cidade do Rio de Janeiro registrou seu pálido aniversário de 444 anos. Tirando suas belezas naturais abandonadas e a fraternidade do povo local, nada a comemorar com ênfase e orgulho.
As autoridades não tinham algo a anunciar que pudesse nos servir de presente, tal como: melhoras na área da educação, saúde, segurança, trânsito, limpeza, desemprego.
Neste domingo que deveria ser festivo, aproveitei o fato que não freqüento praias lotadas em dia de imenso calor e transitei por alguns túneis e viadutos. Observei superficialmente as condições destas vias que nos espremem em dias de engarrafamentos irritantes. Fui pela manhã, pois alguns destes monumentos são conhecidos como locais de risco de assaltos após 20 horas. Não vou desabonar nenhum bairro aqui.
Efetuei um trajeto que nenhum guia turístico terá coragem de incluir em seus pacotes tal o estado de abandono criminoso destes monumentos de concreto. Se a secretaria de vias urbanas tivesse um responsável sério, ele incluiria uma vistoria mensal por estas vias. Posso fornecer graciosamente o modelo de itens a serem verificados.
Rapidamente anotei as seguintes barbaridades que nos colocam em risco: lascas de cimento se soltando e expondo vergalhões apodrecidos. Goteiras volumosas servindo de chuveiros para mendigos. Rachaduras nas pistas prontas para rasgar pneus e provocar graves acidentes. Ladrilhos caídos na pista. Iluminação deficiente com lâmpadas fracas e mal colocadas. Placas de sinalização mal posicionadas e enferrujadas.
Eu poderia observar mais passando a pé, devagar. Mas cadê a coragem de sair do carro numa cidade onde só encontramos viaturas policiais a cada 4 horas, segundo relato de taxista conhecido meu.
Mas já deu para perceber que a manutenção destas edificações só consta das planilhas que servem de base do orçamento anual. Certamente 80% das verbas desaparecem por “túneis” suspeitos.
Num breve instante planejei efetuar uma visita a umas 15 escolas públicas de meu bairro, inclusive entrevistando alunos, pais, funcionários e professores. Mas terei de driblar a obstrução que os diretores destas entidades falidas me colocarão. Creio que minha pesquisa deve demorar uns três meses.
Quem comeu uma fatia do bolo oferecido pela Prefeitura na véspera na Rua da Carioca, após ler este relato corre o risco de uma indigestão.
Estomacal, mental e espiritual. Não necessariamente nesta ordem.
Haroldo P. Barboza – Matemático, Analista de computador e Recreador.
Autor do livro: Brinque e cresça feliz – Vila Isabel/RJ