Concessão ao aborto?
Se os nossos lideres religiosos de hoje tivessem a mesma desenvoltura em lidar com tais assuntos de extrema dificuldade, que requer um pouco de intuição divina, que o Apóstolo Paulo de Tarso, o caos religioso, filosófico, cientifico e político que vive a humanidade atual, seria um pouco menos dramático. Pois em questões tão complexas era ele mestre em resolver embarace que confundiam o pensamento dos cristãos.
Na epístola aos coríntios quando perguntado sobre a castidade e o matrimônio diz com a autoridade dado pelo Mestre Jesus – o Cristo – “Ora, quanto às coisas de que me escrevestes, bom seria que o homem não tocasse em mulher; mas, por causa da prostituição, tenha cada homem sua própria mulher e cada mulher seu próprio marido.” É bom frisas estas palavras, “por causa da prostituição”, ao contrário, “lhes é bom se ficarem como eu.” E Paulo continua, “Digo isto, porém, como que por concessão e não por mandamento.” Esta concessão é dada por Paulo afim de que não haja prostituição. Mas não termina por aí a luta entre o desejo carnal e o espírito de libertação do pecado.
Paulo, como poucos lideres religiosos compreendeu sua verdadeira missão apostólica, até mais que os primeiros doze Apóstolos, esses custaram a compreender a verdadeira mensagem do Cristo, que é “nascer do espírito”, ainda curvavam-se diante de alguns rituais da Lei mosaica. Não era ele meramente um decodificador de Leis, mas um promotor confiado pelo grande Juiz!... Não veio para modificar a Lei sagrada, mas para aplicá-la com justiça, de acordo com a necessidade do povo. Sabia ele de sua autoridade como receptor e propagador da palavra de Deus, tinha autoridade em dar consentimento em certas situações embaraçosas, isto sem fugir da essência da verdade suprema.
Faço aqui esta ligeira descrição do Grande Bandeirante do Evangelho do Cristo para discorrer sobre tal situação semelhante as que viviam as gerações paulinas vive hoje a nossa geração contemporânea: o escândalo do aborto, casual de discórdias em nosso meio, entre a religião católica e a medicina.
Assim anunciaram os jornais: “Menina de nove anos foi estuprada pelo padrasto e, conseqüentemente, engravida de gêmeos”. Uma situação um tanto embaraçosa e dramática. Diante da impossibilidade de a menina gerar estas duas crianças ainda em formação, os médicos optaram por abortar os fetos... Discórdia da igreja católica representada por um arcebispo, este excomunga a junta médica responsável pelo aborto.
Mas qual na verdade seria a melhor maneira de conduzir a situação desta pequena creatura vitimada pela brutalidade de um animal primitivo?
Deus deu aos médicos discernimento quanto a contornar situações semelhantes, capacitou-o a decidir a que ponto pode um ser, ainda frágil seus órgãos internos e externos, gerar outra vida, neste caso duas vidas, ser este ainda em formação... Três vidas em risco de morrer! Três vidas inocentes. Mas havia uma única chance em preservar uma dessas creaturas: abortar dois fetos impossibilitados de vir a tornar duas crianças, minimizar a desgraça anunciada. Que fazer? No meu ver, a razão está com os médicos! O arcebispo equivocou-se, excomungando-os – como se tivesse autoridade suficiente, nem mesmo se sente autorizado em dar consentimento a tão dramática situação –
É triste, mas não deixa de ser a verdade, os lideres religiosos de nosso tempo perdem aquela mesma essência encontrada nas cartas paulinas. A igreja ainda continua edificada porque o espírito do Cristo permanece vivo entre nós!
(Agnaldo Tavares Gomes)