PERGUNTE ÀS MÃES...

E aí nasce o rebento.

Pode-se imaginar na vida de uma mãe um outro dia mais feliz?

Sim, todos os outros, junto com seu rebento, ex rebento, até o momento que chegam os dias com o rebelde, o indiferente.

Na mudança de uma parte da palavra, rebe...nto para rebe...lde, dá-se início o mar de lágrimas e corações partidos.

Do rebelde? Não, da mãe.

Extremosa, zelosa, protetora e amorosa. Nada de “super” como sempre é tachada, principalmente quando a infeliz resolve fazer terapia.

Entre outras, irá ouvir: ...”foi super protetora, super amorosa, super mãe, etc.. Não deve sufocar seu filho.”

Nossa, com essa, passou-me pela imaginação, meu amado filho, com os olhos esbugalhados, língua de fora, tendo meus dedos roxos em volta de seu pescoço. Sem falar dos meus olhos injetados de sangue e raiva!!!!! ( Tudo culpa daquela psicóloga ...)

É incrível, impressionante e inacreditável como sofre uma mãe.

Sofre porque ama um tipo de amor que só cresce; sofre nas conquistas, o mesmo também nas derrotas; sofre quando o filho ama ou quando é incapaz de amar; quando não tem amigos ou quando os tem demais; quando se prepara para o futuro e suas provas são como se suas, ( da mãe ), fossem; quando o emprego que arruma paga pouco mas o deixa por perto ou quando paga muito e o leva para longe, enfim, mãe e sofrimento são sinônimos, sem sombra de dúvida.

Mas, mãe sofre mais, muito mais, quando sente que, momentaneamente, por um período de tempo, não se sabe até quando, seus conselhos já não valem, sua presença só é suportável por alguns minutos, o olhar de seu filho está sempre ausente mesmo quando lhe conta algo que seguramente é interessante, e, aquele sorriso alegre, espontâneo e contagiante só aparece em seu rosto quando está no MSN. De repente, assim, sem motivo algum, a mãe se vê esquecida, naquele breve momento em que se aventurou no quarto do filho para contar-lhe algo, “sem importância”, é claro. O importante estava na tela, de onde os olhos do ex rebento, atual rebelde, não desgrudaram um só instante enquanto a mãe blábláblá...

Importante ressaltar que todo esse desabafo envolve um rebelde “normal”, nada de drogas, bebidas, cigarros, más companhias e, para culminar, melhor aluno da sala e outras qualidades mais.

Sei que meu relato, nesse momento, chega a provocar revolta, do tipo: “reclama do quê?” “põe as mãos pro céu!” “Esse filho vale ouro!”

Eu sei, melhor do que ninguém, que tudo isso é verdade. Mas, mãe sofre. Qualquer tipo de filho faz mãe sofrer, porque amor de mãe é diferente, tão diferente que não deveria se denominar amor. A palavra teria que ser inventada. E, se esse filho vale ouro, foi porque de ouro também deve ter sido sua criação.

Mas, felizmente, como tudo na vida é cíclico, também o ciclo da rebeldia termina sua trajetória. Como? Não sei como, se de repente ou gradativamente.

Acontece que, quando nos damos conta, a mãe é surpreendida com um agrado, um afago, um tímido pedido de opinião, como se isso sempre estivesse acontecendo, fato “normal, corriqueiro”. Encontramos, então, nosso filho novamente, como se vindo de uma longa viagem.

Mas, apesar de ser o mesmo, ele vem diferente. Guerreiro cansado de batalhas interiores. Vencedor, quiçá, porém transparecendo a sabedoria de quem já viveu cem anos, tudo isso num curto espaço de menos, bem menos de dez.

E nós, com nossa incomensurável capacidade de agüentar, estaremos de braços abertos, coração remendado e olhos ramelados de tanto chorar, prontas para uma nova etapa.

Voltamos novamente a ocupar um espaço na vida daquele que foi, é e continuará sendo nosso maior motivo de sofrimento. Doce, querido, amado mas interminável sofrimento. Pergunte a qualquer mãe.

inken
Enviado por inken em 20/03/2009
Código do texto: T1496559