UM RETORNO DESASTRADO

Voltando a lembrar da cidade interiorana onde vivi e aos amigos de infância, lembro do amigo Guilherme e suas esforçadas tentativas para cuidar da própria existencia depois de ter sido entre outras coisas servente de pedreiro, faz tudo, lavrador e por último aprendiz de cozinheiro em um hotel escola na cidade de Barbacena.

Este curso, oferecido pelo SENAC era marcado por excêlencia acrescida da vantagem de emprego garantido pela reputaçao do lugar e o bom nome dos cozinheiros instrutores, onde dois deles chegaram a instalar por conta restaurantes com clientela considerável e lucros fabulosos.

Mas voltando ao Guilherme, este fez o que pode para buscar a própria independência mas eivado de alguns pequenos vícios, entre eles a molecagem conhecida pelas brincadeiras de mau gosto e o costume de cometer pequenos furtos o levou a submissão da diretoria do hotel escola quando quase estava para ser concluído o curso com indicação a alguma cozinha Estado afora.

Havia sido foi pilhado com uns gêneros alimentício de pequena monta mas de grande credibilidade para um faxineiro apelidado Paçoca e este sim ladrão de primeira ordem que camuflava dessa forma seus roubos entregando gatunos menores. Mandado embora ficou na dependência de trabalhos inferiores e incertos com quantias irrisórias em nenhuma expectativa de emprego estável. Contudo, o duro golpe o regenerou e a maturidade lhe trouxe a seriedade de uma vida que cedo viu que não era brincadeira. Foram dois anos trabalhando como ajudante de pedreiro e paralelo a isso, com a escolaridade (ensino médio) concluída fez um concurso para o Exército brasileiro e se viu anos mais tarde formado pela Academia Militar das Agulhas Negras. Notícias que chegaram até mim por amigos de infância deixando-me bastante satisfeito pela situação definida de quem sofreu as agruras da incerteza de um futuro num tempo em que as coisas não eram nada fáceis.

Mas o cometa da pequenez o atingiu em cheio quando resolveu sair de onde estava lotado, e passear na cidade de Barbacena alguns anos depois. e encontrando por acaso o Paçoca, não se conteve e amargurado surrou-o ate deixar marcas indeleveis.

Voltou para seu quartel e em pouco tempo o faxineiro surrado deu queixa e a aventura lhe custou o emprego. Não o vi depois disso mas tendo encontrado o meu Amigo Iraní lopes na cidade de Betim, que com ele esteve disse que não se arrpendera um níquel e ainda fechou dizendo:

- Para o diabo, esse filho da mãe mereceu cada sopapo que levou.