MARCAS E RELACIONAMENTOS - UMA NOVA ERA!

No cotidiano para onde seu olhar se dirigir um mural de marcas se descortinará. É quase uma tarefa errante e impossível fugir delas – das roupas que usamos às comidas que ingerimos; dos brinquedos dos nossos filhos à internet. O poder das marcas parece ilimitado e já foi comparado como o “símbolo luzente da era moderna”, por nada menos que o Financial Times. Não só o mundo das marcas expandiu para dominar praticamente tudo o que pode ser feito, fornecido ou esperado, mas também reiventou as relações pessoais.

Diariamente 200 milhões de consumidores em todo o mundo compram produtos com a marca Unilever; mais 1,5 bilhões de pessoas usam os produtos da Gillette; 40 milhões de pessoas comerão hoje num McDonald’s e o conteúdo equivalente a 2.000 piscinas olímpicas de coca-cola serão vendidas – tudo acontecendo numa nova linguagem dos relacionamentos. Se antes a marca significava apenas um risco ou símbolo qualquer – onde na melhor das hipóteses servia para anunciar que um produto pertencia a este ou a aquele fabricante. Agora isso já não basta. É preciso mais que marcar para ser uma MARCA... Sim é preciso cativar, impressionar e acima de qualquer suspeita ser transparente. É por falta de transparência que muitas marcas globais foram atingidas duramente pela atual crise econômica. Escamotearam seus balanços, maquiaram suas intenções e isso o consumidor não perdoa – É ele quem faz o mercado. As marcas nesta nova era deixam de ser identificadas como um produto e passam a significar relacionamentos. São dirigidas pelos consumidores tanto psicologicamente quanto de forma física. A grande prova ficou evidente em 1985 quando Roberto Goizueta, CEO da coca-cola company, decidiu fazer uma mudança na fórmula da coca. Protestos eclodiram por todos os cantos do planeta e imediatamente forçaram o retorno da coca-cola original. Na “Nova Era” marca é ouvir o consumidor, o contrário desta afirmação está fadado ao fracasso.

O futurólogo Watts Wacker sintetiza esse pensamento da nova realidade das marcas: “Uma marca é uma promessa e, no final, você tem que cumpri-la. Um produto é a materialização da verdade de uma promessa. A coca-cola promete refrescar; O Google promete ser sua prancha para surfar na web. Não há diferença entre o que você vende e aquilo em que acredita.” As pessoas compram aquilo em que confiam e acreditam – e por incrível que possa parecer estão dispostas sim, a pagar um preço adicional pelo produto. Há uma etapa que não podemos negligenciar na construção de uma marca. Devemos responder sem firulas e direto... acreditamos no que estamos vendendo? Vender é acreditar! E ninguém formula uma marca para não gerar confiança, conseqüente consumo e enfim gerar lucro. Tem muita gente que ainda confunde marca com logotipo, traços etc. As marcas são algo mais do que sinais, símbolos e representações – em resumo o que importa na marca são os sentimentos que ela traduz. Nada vai adiantar construir um belo logotipo, estampar uma magnífica fachada, decorar um amplo salão com mercadorias majestosas... se o atendimento for de enganar ou de um apenas toma lá, dá cá. Como foi dito acima, se a marca não cumprir sua promessa em pouco tempo vira poeira, torna-se inconsitente. Quando cheguei aqui há 13 anos, Guarapari (ES) vivia o boom das laranjinhas, em cada esquina tinha uma, isso sem falar nas centenas de vendedores. Simplesmente para abrir uma portinha e ali instalar seu espremedor de frutas, bastava ver o sucesso do vizinho – esta parecia ser a lógica do mercado. Não muito tempo depois uma a uma foi desligando seus aparelhos, retirando seus carrinhos de circulação e eis que hoje já não temos praticamente nenhuma daquelas portas abertas no furor impensado de marcas e relacionamentos – porque marca também é estratégia. Por ser tão vasto o universo e conceitos sobre marcas arrisco-me a dizer que verdadeiramente tudo o que importa para a fidelização, crescimento e reinvenção de um produto ou serviço é naturalmente parte da criação e evolução de uma marca. Eis aí mais um ingrediente na formulação das marcas – reinvenção. O sucesso de uma marca está na sua capacidade de se reinventar todos os dias. Este é o caso do Google que a cada dia nasce diferente. A ponto de dizermos que o mundo já não é global – o mundo é Google!!!

Vivemos um momento crítico na economia mundial e seus reflexos são sentidos em todos os cantos do mundo – e aqui mais uma vez reafirmamos que a gerência com criatividade e transparência de um produto ou serviço é capaz de fortalecer marcas, superar e até crescer em qualquer contexto adverso. Entender e estender relacionamentos são a essência de todas as marcas triunfantes, inclusive a sua marca pessoal “VOCÊ S/A”. Afinal temos de comercializar e vender a nós mesmos, como marcas para progredir. Lembrando, é claro, que marcas são densamentes encharcadas de sentimentos e precisam superar as paixões para virar um sólido casamento entre produtos, serviços e consumidores. Você e sua empresa já estão preparados? Seja lá qual for a resposta, só o mercado de fato poderá nos dizer alguma verdade – e verdades evoluem. A verdade de hoje pode ser a mentira de amanhã. Por isso continue tentando... tentando, pois nada é mais verdadeiro em marca que a PERSISTÊNCIA e se tratando de CRISE, que vive sempre em meio a inexplicáveis fórmulas de desenvolvimento (quando todos os ventos parecem a favor, eis as tempestades) – persistência é um fato peculiar em todos que a essa época vieram (leia-se chegaram...), viram e venceram ou como diria Júlio César Veni, vidi, vici”! Avante, somos nós os novos Césares e nossas marcas os escudos de uma nova era!


(Artigo Publicado em "A GAZETA" - Espírito Santo - Caderno Comercial Guarapari - em 19 se outubro de 2008)


Moryan é escritor, palestrante e publicitário.
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