A VERGONHEIRA DA PREVIDÊNCIA

Esse eu também não podia deixar de publicar. Foi escrito em 14/03/2003, em meio aquela confusão que se tornou o País, quando o INSS resolveu que todo mundo que tinha benefícios tinha que comparecer a uma agência para se cadastrar. Teve gente que "morreu" na fila (ou não teve?)

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O Brasil está assistindo atônito a uma verdadeira maratona de idosos às repartições da Justiça Federal para reclamarem seus direitos de revisão de aposentadoria. Enquanto idosos de 70, 80 e até mesmo 90 anos (ou mais) perdem mais de 15 horas nas filas para reclamar o que lhes é devido, o dinheiro da fraude à Previdência, leia-se Jorgina de Freitas e outros, jamais apareceu. Sabe-se lá quantas pessoas foram beneficiadas pelos milhões de reais que foram fraudados ao longo dos últimos anos. Sabe-se lá onde estão. Bom, alguns deles, se sabe...

Assim, não há sistema que resista! A Previdência Social no país já vem à bancarrota de muito tempo. Os desmandos administrativos, a burocracia, a morosidade na solução de processos só fez aumentar cada vez mais as possibilidades de fraude a um frágil setor, que deveria ser o melhor estruturado no país. Enquanto clubes de futebol, empresas de transporte público, multinacionais, bancos e outros vivem num verdadeiro "trem da alegria" sonegando o INSS, idosos com mais de 90 anos são obrigados provar que estão vivos para poder continuar recebendo um salário mínimo, muitas das vezes, a única fonte de renda de famílias inteiras.

Ah... Mas o Ministro da Previdência voltou atrás nas convocações dos idosos com mais de 90 anos, poderão dizer os escribas do INSS. Só o fato de alguém ter a idéia de fazer o recadastramento a tais moldes, já denota a total falta de bom senso dos homens lá em Brasília. Além disso, fazer com que idosos de mais de 70 anos sejam sacrificados a ficar até 16 horas numa fila (algumas das vezes para sequer ser atendido) é, no mínimo, desumano.

Em qualquer país de primeiro mundo, a terceira idade é considerada a faixa populacional que detém o maior poder aquisitivo e é tratada com a dignidade que ela merece. São os velhinhos dos Estados Unidos e da Europa, por exemplo, que monopolizam os cruzeiros marítimos transatlânticos, proporcionam a educação dos netos, bancando-os durante toda a vida universitária, entre outras coisas. Aqui, além de provar que estão vivos, são humilhados e, no caso dos inativos do funcionalismo público, obrigados a continuar contribuindo à Previdência para que outras pessoas não sejam prejudicadas. Agora, falam em Brasília no recadastramento total da Previdência.

Concordamos que isso deva acontecer, mas de cima para baixo: em primeiro lugar, obrigando que os Estado paguem as suas dívidas com o INSS, além deles as prefeituras e companhias públicas e de economia mista de todo o país. Só esse montante, talvez, já fosse suficiente para equilibrar as aposentadorias de muita gente. Depois disso, vamos exigir o pagamento das enormes dívidas de multinacionais, empresas recém desestatizadas, bancos, clubes de futebol, empresas de ônibus etc.

Antes de procurar saber se os velhinhos tem ou não tem direito a uma aposentadoria mais digna, podemos verificar onde está o dinheiro dos verdadeiros fraudadores do INSS, leia-se principalmente a Jorgina de Freitas e exigir que se devolva até o último centavo, com juros e correção monetária, mesmo que isso que muita gente boa por aí fique apenas "de cuecas". Ratos devem ser tratados assim, com o extermínio. Assim, o Governo Lula, que traz como um de seus slogans "Um Brasil de Todos" que, por enquanto, tem demonstrado ser apenas mais um Brasil dos poderosos.

É de se admirar que um governo que se diz "dos trabalhadores" venha cometendo tantas atrocidades contra os direitos mais fundamentais da pessoa humana, roubando a dignidade dos idosos nesse caso. O Brasil precisa ser passado a limpo, todos concordamos, mas é preciso que a limpeza comece pelos próprios corredores do poder, onde a corrupção mostra as suas garras implacáveis, passando pelo ralo gordo das multinacionais e até os "ali-babás" do INSS.

Só assim, separando numa grande peneira o trigo, e jogando fora o joio, veremos que irá sobrar apenas aqueles que deram uma vida inteira de trabalho digno e suado na construção do nosso Brasil, não sendo mais necessário revisar aposentadorias e selecionar aqueles que recebem e aqueles que pagam, porque dinheiro vai sobrar para garantir a sobrevivência de todos.