Destino
PALAVRAS DE VIDA
Pr. Serafim Isidoro.
O TEMPO DE DEUS
"Embora pareça demorado em atendê-los..." - Lc. 18.7.
Parceria é palavra comum na língua portuguesa e só me chamou a atenção quando procurei definir, de maneira mais acurada, o relacionamento de Deus com as criaturas humanas. Quem finalmente teria as rédeas do destino? A quem caberia definir os acontecimentos por vir? - Deus ou as ações do ser humano?
As sagradas escrituras nos foram dadas como revelação para que por elas nos orientemos no que tange à divindade e a humanidade. Entretanto, às vezes, parecem contradizer-se, aos nossos olhos, quanto a temas mais profundos. Parece-nos, às vezes, que o destino é governado de maneira absoluta, por Deus. A doutrina Calvinista assim O interpreta. Mas Jesus, o Senhor, nos ordena orar, rogar, pedir, o que nos parece possibilidade de mudança acerca de expectativas.- O livre arbítrio é doutrina Arminiana.
É regra de hermenêutica bíblica que, quando dois textos ou duas doutrinas pareçam contradizer-se, a posição de interpretação a se tomar seja a posição central. Haverá sempre uma conciliação entre uma e outra colocação. Temos usado como figura de raciocínio, numa parábola moderna, o avião. Este tem duas asas e um bojo onde estão os passageiros. De um lado, como uma das asas deste avião, estaria o Calvinismo, com seu absolutismo concernente às rédeas da vida humana; de outro lado estaria o Arminianismo, com seu livre arbítrio, colocando nas mãos do ser humano, o governo do seu próprio futuro.
No centro, como o bojo do avião, estaria a definição conciliatória de que, tanto Deus quanto o ser humano, teriam tais rédeas às suas disposições. O destino estaria então regido, atrelado, circunspecto, a Deus e ao referido ser humano. Cinquenta por cento, as atitudes, pensamentos e atos do homem norteariam o seu destino. De outro lado, o Deus que tem (Ele só, em sua Trindade) as prerrogativas dos ONIs, isto é: onisciente, onipresente e onipotente, estabeleceria limites ao destino, de tal maneira que de certo ponto em diante não poderiam ser ultrapassadas.
Desta forma, Jesus é o Messias, o Ungido, o Christo. Veio para o que era Seu, mas os Seus não O receberam. Ele veio para morrer em substituição a todo aquele que Nele crê. Ele é o redentor que compra com o preço do Seu sangue e paga pelos pecados daqueles que O aceitam. Sua morte é propiciatória. É vicária. É morte em lugar de outrem. É morte substitutiva diante da justiça de Deus. Ele é a propiciação pelos nossos pecados. Nele, por Ele e através Dele somos feitos justiça de Deus.
De outro lado, está a responsabilidade humana, como muito bem define o catecismo de certa denominação evangélica: "O sacrifício do Cristo é suficiente para a salvação do mundo inteiro, mas eficiente somente naqueles que Nele crêem". A responsabilidade pessoal aqui se faz presente e, afinal, o destino do ser humano dependerá de sua livre escolha. "A condenação é esta, que a luz veio ao mundo, mas os homens amaram mais as trevas do que a luz." - disse Jesus.
A resposta às nossas orações, aos nossos rogos, parece-nos às vezes demorada, pois há todo um processo divino para enviá-la. Daniel, o profeta estadista, orou durante vinte e um dias até que lhe veio resposta. Todo um aparato espiritual sobreveio ao seu problema, envolvendo seres que não eram nem Deus, nem o homem. Tratava-se de seres espirituais que interferiram naquele processo. - É a turbulência externa ao avião. Nem as asas, nem os passageiros são os responsáveis.
Sede pacientes até a vinda do Senhor, preceituou o apóstolo Pedro em uma de suas epístolas.
Só Jesus.
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