Coleta seletiva: orientar para não desperdiçar
Ainda falta muito para que os programas de coleta seletiva dêem certo e todo o material reciclável tenha a destinação correta.
Para que isso se torne realidade, as prefeituras precisarão destinar uma soma razoável de recursos (sobretudo humanos e financeiros) para programas de educação ambiental, sensibilização e conscientização da população até que ela venha a aderir à idéia de separar os materiais recicláveis dos não-recicláveis. Enquanto isso não ocorrer, diariamente estaremos levando para os aterros sanitários, cerca de 50% de todo o lixo que poderia ter outro aproveitamento.
Implantar um programa de coleta seletiva no município não significa apenas retirar os catadores dos lixões e organizá-los em associações ou cooperativas. Não basta apenas instalar na cidade uns poucos pontos de coleta de material reciclável e ficar esperando o resultado. O programa não terá sucesso sem que haja uma ampla campanha de conscientização da população, com argumentos que a convença a participar.
Os gestores e técnicos municipais precisam ter a consciência de que coleta seletiva significa mudança de hábito - e que nenhuma mudança ocorre do dia para a noite. É necessário fazer a população entender que grande parte do lixo que ela imagina não servir para mais nada, para os catadores de materiais recicláveis significa dinheiro, sobrevivência.
É preciso mostrar ao cidadão que, separando o seu lixo e dando a ele a destinação correta, além de preservar o meio ambiente, ele estará ajudando a gerar ocupação e renda para as mais diversas classes de excluídos e descamisados que vivem nas áreas urbanas das nossas cidades.
Outro aspecto importante a ser levado em consideração é mostrar à população que o trabalho do catador é importante porque, além de evitar que vários tipos de materiais (que levam centenas de anos para se decompor) vão parar nas ruas, nos lixões, córregos e rios. A coleta seletiva também contribui para aumentar a vida útil dos aterros sanitários e reduzir os gastos dos municípios com a limpeza pública.
Mas se até o momento pouca coisa mudou no cenário da coleta seletiva na maioria dos municípios pernambucanos, foi mesmo por falta de sensibilidade dos gestores que, erroneamente, continuam insistindo na implantação de programas sem escutar a população, sem orientá-la e sem motivá-la à participação. Quando isso vir a ocorrer, as prefeituras estarão, verdadeiramente, marcando um ponto positivo.
Alexandre Acioli é jornalista
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