CORRENDO A FAVOR DO TEMPO

De tempos em tempos ela some. No momento atual, devido a estudos para prestar concursos públicos de toda espécie, mas principalmente os de autarquias e órgãos federais, não me ressinto tanto de sua falta, mas claro que sinto saudades, e até um certo incômodo com seus desaparecimentos.

Mesmo que ela se encontre em um momento intrínseco de sua vida, esse distanciamento não é lá muito bem-vindo! Não que o momento de minha própria vida não seja também intrínseco, dadas as proporções, já que, obviamente, nossos momentos são um tanto diferentes. Não tão diferentes, é verdade.

Todos os concursos que estou estudando e me aprontando para prestar, são com o intuito de melhorar minha situação material atual, de forma a, quem sabe, tornar-me verdadeiramente mais útil para minha família, e principalmente, não me envergonho de reconhecer isso, para voltar a viver no norte do país, na cidade onde acredito me sentir melhor, e onde ela está, ou seja, de certa forma também para ficar mais próximo dela.

Sinto ciúme, logicamente porque gostaria que ela sentisse o mesmo que eu, queria que ela acreditasse no que sinto por ela, como dia desses pareceu que acreditava, que portanto não usasse tal desculpa, a desse cara que agora não é mais o “aquele a quem ela devota seu singelo coração”--não sei, nem me interessa se o cara é ou não é aquele ainda, que teve a coragem de acusá-la de traição, até onde eu soube—mas um “bom amigo e companheiro”. Por que vai me pedir para não sentir ciúme? Somente me vem a mente uma idéia: ela, na verdade, quer que eu sinta ciúme, para ela é interessante que eu fiquei aqui sentindo ciúme e pensando nela, se não por ter alguma segurança do que realmente sinto por ela, pelo menos para levantar seu moral, tristemente tão baixo, ultimamente, por conta da dispersão de sua família.

Quisera estar próximo para oferecer-lhe meu ombro, um abraço apertado, etc, quisera já ter passado e sido chamado em algum concurso público, ou quem sabe num ótimo emprego, talvez em algum grande hotel para turistas, ou no pólo industrial daquela cidade, a fim de viver naquela cidade, não somente por ela, ou por elas, pois há mais pessoas lá a quem amo, mas também, talvez principalmente, por mim mesmo.

As oportunidades que agora vão aparecendo por aqui, também vejo se me possibilitarão voltar àquela cidade, essas faculdades de educação à distância, espero sempre que tenham como ser transferidas para aquela cidade, pois assim não necessitarei deixar meus estudos ao voltar pra lá. E bem, como lhe falei, não procuro nenhuma “amiga e companheira” por aqui, não exatamente por causa dela—embora deixe ela pensar assim—mas porque não pretendo ficar por aqui, e nem sei quanto tempo terei até ser chamado de volta para aquela cidade. A oportunidade que parece ter se desenhado na última semana de ter uma “amiga e companheira” por aqui, não espero que seja mais que algo passageiro, que não atrapalhe meus planos de voltar ao norte e lá ficar definitivamente, como já deveria ter acontecido! Neste ano ainda voltarei àquela cidade, talvez já logo recebendo boas notícias, e então voltando a morar naquela cidade, como deve ser. Quem sabe, algum elemento já me possibilite ficar por lá neste retorno que está bem próximo.

Até lá, vou estudando, pensando, maquinando e sentindo ciúme, pois a situação em que está esse “amigo e companheiro” poderia ser, há alguns meses, já, a minha situação. A amo e aquele seu desejo gostaria muito de realizá-lo com ela. Não sentiria mais tamanha tristeza por estar sola por lá, não teria que arranjar “amigos e companheiros” que lhe afastam de mim, de tempos em tempos. O tempo corre, mas desta vez corro ao seu lado!

Ayrton Mortimer
Enviado por Ayrton Mortimer em 16/03/2009
Código do texto: T1489495
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