FAZENDO MAIS PELA PAZ EM EDUCAÇÃO

Não se pode falar em educação para a paz sem antes propiciar uma discussão acerca da realidade. Afinal, é preciso abrir os olhos e ser capaz de reconhecer as contradições existentes entre a teoria e a pratica efetiva do mundo contemporâneo em prol à superação humana.

Uma educação que leve a uma cultura de paz entre os homens carece de bases sólidas encontradas apenas no peito de cada cidadão, de cada grupo social e na valorização das mais diversas formas e vozes tribais, particularmente, as dos excluídos socialmente e que são vitimas das desigualdades sociais, dentre esses as pessoas com limitações e/ou deficiência física, presentes em nossa sociedade ditadora da beleza e das performances sociais.

Desse modo, acredita-se que o primeiro passo para uma educação realmente para a paz seja andar com os olhos atentos e enxergar a diversidade que se apresenta aos nossos olhos cotidianamente. Jamais recusar ou deixar de enfrentar a realidade, por mais dura, cruel e desconcertante que esta seja e querer proteger aqueles mais frágeis e sensíveis diante do caos que se forma a todo instante, no nosso dia-a-dia.

No entanto, não basta ser somente capaz de ver, analisar e conhecer. É preciso mais. É Preciso se situar diante dessa realidade. Compreender os mecanismos que movem as engrenagem da sociedade e identificar os mecanismos que perpetuam a exclusão socioeducacional e cultural que geram as desigualdades e produzem violências inimagináveis. Ainda que se reconheçam os esforços de muitos grupos e organizações para criar uma realidade diferente.

A paz não pode ser construída como um elemento isolado. É, portanto, indissociável da justiça social e da solidariedade. Daí o tripé paz-justiça social-solidariedade que constituem um conjunto e não descartando as demais forças que somam ao processo de transformação social, sendo inseparáveis todos e quaisquer que estes estejam ligados.

Logo, querer a paz exige favorecer a justiça e construir solidariedade.

Assim, a paz é um produto que se constrói com estes diferentes componentes, não somente uma meta a ser alcançada.

É ainda, um processo. Um caminho que, nesse sentido, é importante destacar a capacidade do dialogo e da negociação, pois não construímos a paz se não nos desarmarmos da nossa matéria e também, do nosso espírito e sentimentos, afinal, de tudo que há que leve a negação do outro, do não reconhecimento do outro, enquanto, co-irmão, da prepotência, da exclusão dos diferentes,

Concernente ao diálogo que transforma e liberta, Freire assim expõe:

“... o verdadeiro diálogo não pode existir se os que dialogam não se comprometem com o pensamento crítico; pensamento que, não aceitando a dicotomia mundo-homens, reconhece entre eles uma inquebrantável solidariedade; pensamento que percebe a realidade como um processo de evolução, de transformação, e não como uma entidade estática; pensamento que não se separa da ação, mas que se submerge, sem cessar, na temporalidade, sem medo dos riscos.” (FREIRE, p. 84, 1979)

Assim, para educar para a paz é imprescindível desenvolver a capacidade do diálogo e da negociação sem limites. Uma vez que é possível conversar e expressar através de gesto, olhares e palavras.

REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA

FREIRE, P. Conscientização: teoria e prática da libertação: uma introdução ao pensamento de Paulo Freire. São Paulo: Cortes & Moraes, 1979.