Perder peso não é fácil

A Organização Mundial de Saúde já aborda a obesidade como uma epidemia, e coloca-lhe dentre os maiores problemas de saúde pública existente no mundo. É uma doença crônica, progressiva, que pode ser fatal. Têm evidências científicas de transmissão genética. É caracterizada pelo excesso de gordura, promovendo, se não tratada, o incremento de outras doenças.

Os países ricos ainda são os mais atingidos. Justamente pelo excesso de calorias à disposição para o consumo. Esta doença já atinge 13% da população brasileira. E especula-se que nos próximos 30 anos contabilizar-se-ão 33%.

O nosso organismo é constituído de partes moles, que são os músculos, o sangue, a pele, as gorduras... E partes duras, que são os ossos. Esta constituição deve trazer uma proporção ideal em peso e altura. De maneira que a trama óssea receba um peso suportável. Quando se tem acúmulo gradual e exagerado de tecido adiposo culmina com a obesidade.

Após a citação destes dados e uma breve explicação sobre o que é excesso de peso, arrazoarei sobre o assunto, já que convivo com esta patologia há mais de 30 anos. Esta situação clínica pode e vai trazer algum prejuízo ao seu portador. Claro que não é este maremoto de dificuldades que se apregoa. O que quer dizer que, mesmo acima do peso ideal, você poderá vir a ter uma vida razoavelmente normal desde que a adéqüe aos padrões bioquímicos saudáveis cientificamente comprovados.

O que desejo mostrar é que as dietas, os medicamentos anti-obesidade, as cirurgias gástricas ou bariátricas, e as atividades físicas tanto propaladas, desde o advento do método de Cooper e outros, realmente não são o graal para a resolução dos problemas que afligem os obesos. Porém necessário se faz procurar, ao máximo, ficar dentro dos modelos cientificamente pesquisados, de maneira que a proporção altura/peso obedeça a padrões salutares.

As dietas que se apresentam, parecem verdadeiras varas de condão. Dieta da lua, dieta da USP, dieta de carboidratos, dieta dos vigilantes do peso, dieta das proteínas, dieta dos pontos, dieta oriental, dieta dos lipídios, dietas num sei das quantas. E aí vai. Eu já li muitos textos sobre dietas de restrição alimentar. Em tese, tudo balela. Muitas delas viraram verdadeiros Best Sellers. E muita gente continua ganhando dinheiro dos incautos com falsas e mirabolantes promessas.

Por outro lado declaro que nunca tomei medicamentos para emagrecer. Eu explico. Não que elas não funcionem, ou funcionem. Não sei. Observo que estes remédios somente mostram atividades junto com a restrição alimentar. Ressalto que quem as usa o faz, somente e somente, para perder peso. Inclusive é preocupante a quantidade de pessoas que usam, sem se preocupar com os tão pouco noticiados efeitos colaterais. E estas ocorrências indesejáveis são muitas. Claro que a classe médica tem uma grande parcela de culpa.

As cirurgias recomendados em determinados estágios da obesidade também têm seus eventos inesperados. Desde o ato propriamente dito, ao pós-operatório imediato, mediato e tardio. Como também todos os riscos inerentes a qualquer operação. A anestesia. As infecções hospitalares. Afora os prejuízos na digestão e absorção dos alimentos.

Igualmente, praticar atividade física é outro instrumento usado de maneira contundente para diminuir o excesso de peso. Muitas vezes sem nenhum critério ou acompanhamento. Trazendo contrariamente ao almejado, prejuízos irreversíveis especialmente no aparelho locomotor. E em outras ocasiões podem prejudicar outros setores orgânicos importantes.

Este tema, vez por outra, encontra-se na mídia sabe-se lá por qual motivo. Porém isso é bom. Já fiz dieta e exercícios físicos por quatro ou cinco vezes para perder peso. E consegui. Perdi e fiquei no meu IMC ideal em todas as ocasiões que o persegui. Pouco tempo depois voltei ao peso anterior.

Este efeito sanfona ou iô-iô é peculiar em quem faz dieta somente para perder peso. Perde ganha, perde ganha. Não procura assimilar que a dieta, os exercícios físicos, e os chamados inibidores do apetite, e se necessário, a cirurgia, precisam se incorporar a um esquema de mudança de atitude.

Estas estratégias precisam e devem fazer parte de um programa de reeducação de postura nutricional. Carece-se bulir com a cabeça do indivíduo que pretende emagrecer. Mostrar-lhe que a disfunção que o leva a obesidade não está somente no corpo. A sua mente necessita ser abalada no sentido de aceitar uma mudança tão drástica e tão importante. Emagrecer somente por emagrecer não dar resultado. Este é o X da questão...

Arimatéia Macêdo – Médico

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