O aborto diante da visão espírita

Nos últimos dias muito se tem comentado a respeito do aborto. Uma criança de nove anos sofre um abuso sexual por parte do padrasto, engravida e os exames médicos diagnosticaram tratar-se de gêmeos. E ai? Como solucionar essa questão? Somos favoráveis ao aborto ou não?

Opiniões e mais opiniões já foram tecidas a respeito. Cada qual se achando o dono da verdade e o dono da razão. Uma coisa é você emitir uma opinião, outra coisa é você querer impor a sua opinião, inclusive desrespeitando e tentando humilhar aquele que opinou. Ou seja, uma verdadeira falta de humildade daqueles que não conseguem descer do pedestal.

O que venho trazer através deste texto é nada mais que uma humilde opinião através dos ensinamentos kardecistas, deixando bem claro não ser eu o dono da verdade nem tão pouco querer contrariar a opinião de ninguém.

Na visão espírita kardecista somos sim a favor do aborto. Ou seja, desde que se ponha em risco a vida da mãe, pois é dada preferência ao espírito que aqui chegou primeiro, caso contrário bateremos o pé até o fim contra tal tipo de ação.

Mal sabem, os irmãos, as súplicas de um espírito, que se encontra sofrendo em um plano inferior, por uma chance de reencarnação. Ele necessita dessa chance para resgatar erros de vidas passadas, e dessa forma galgar planos superiores, livrando-se assim de um sofrimento que perdura às vezes por mais de quinhentos anos. E de repente esse irmão vê a sua chance sendo destruída em questão de segundos por falta de conhecimento espiritual. Vocês não imaginam o ódio que se apossa desse espírito. Vocês não imaginam a legião de espíritos que se afinam com aquele que teve a sua chance destruída e compram a briga desse irmão, unindo-se a ele em obsessões a aquela mãe que praticou o aborto e até mesmo contra aqueles que foram a favor de tal ato, induzindo-a a praticar tal ação.

Uma reencarnação não funciona da mesma maneira que se frita um pastel. Para que haja uma reencarnação são anos e anos de estudos, por parte do plano espiritual, para preparar a vinda daquele espírito ao plano terrestre. Aquela que está grávida, muito das vezes, suplicou durante anos para que lhe fosse dado uma chance de reparar os seus erros de vidas passadas. E para que esse erro seja sanado é necessária tal gravidez. Aquele espírito, que se encontra em seu útero, é nada mais nada menos aquele que, em outras vidas, ela causou danos terríveis, e agora é dada a ela a chance de reparar todo mal que causou a aquela pessoa, que curte por ela um ódio de dimensão tão grande que a mantém em um plano de sofrimento quase eterno. Porém quando reencarnamos são apagadas de nossas memórias todos esses dados e de repente, num piscar de olhos, destruímos todo um planejamento que levou anos para ser elaborado. E ai meu irmãozinho, só Deus sabe quando teremos outra chance novamente. Só Deus sabe por quantas dezenas de anos as chamas desse ódio continuará nos torturando do outro lado.

Por isso é necessária muita precaução diante de tal situação. A vida da mãe corre perigo? Tudo bem! Que seja feito, então, o aborto. Caso contrário nós kardecistas somos totalmente contras.

É bom, porém que não se confunda o caso dessa menina de nove anos com tudo aquilo que citei acima, pois cada caso é um caso. Jamais o plano espiritual iria preparar um reencarne em tal situação. Muitas coisas que ocorrem durante nossa passagem pelo plano terrestre são acontecimentos presentes, nada tendo com resgates de vidas passadas. Nesse caso houve um erro gravíssimo por parte do padrasto, e isso lhe será cobrado de maneira cabível, se não nessa reencarnação, com certeza em outra. E se a vida da menina corria risco, conforme afirmaram os especialistas, então nada mais justo que se fizesse o aborto.

Nesse caso específico, após o ato bestial consumado, que não foi planejado pelo plano espiritual, mas sim cometido por alguém aqui do plano terrestre, cabe ao plano espiritual toda uma assessoria a essa criança no que se refere ao seu estado físico e psicológico. Havia sim todo um trabalho preparatório caso se consumasse o parto, pois jamais o plano espiritual deixaria essa criança jogada ao relento e abandonada a sua própria sorte. À família dessa menina foi dado o livre arbítrio de escolha e eles optaram pelo aborto por entenderem que a criança corria risco de morte. Caso decidissem ao contrário com certeza o plano espiritual prepararia, sim, a reencarnação de dois espíritos com toda proteção que se fizesse necessário.

Lembrem-se irmãos da lei de ação e reação. Todo ato praticado retorna a ti com a mesma intensidade. Pensai antes de agir, para que futuramente, não lhe seja cobrado os erros de todas as suas ações.