RESUMO: CAMBRAIA, César Nardelli. Introdução à Crítica Textual. São Paulo: Martins Fontes, 2005. pp. 1 – 35.
RESUMO: CAMBRAIA, César Nardelli. Introdução à Crítica Textual. São Paulo: Martins Fontes, 2005. pp. 1 – 35.
(por Tathiany Pereira de Andrade)
A crítica textual surgiu visando restituir a forma genuína dos textos. Isso se dá porque quando um texto passa por um processo de transmissão, acaba por sofrer modificações.
Sob o subtítulo A mobilidade dos textos, Cambraia define modificações exógenas como a corrupção do material, devido à fatores como umidade, fogo, insetos, etc. Exemplifica essas modificações com a corrupção ocorrida com dois Pergaminhos: Vindel e Sharre, bem como com a corrupção do material da versão portuguesa do Merlim.
Já as modificações endógenas, segundo o autor, derivam do ato de reprodução do texto em si. Estas modificações podem ser autorais (como as que ocorreram em Os Sertões, de Euclides da Cunha, descritas por Cambraia) ou não-autorais. Estas últimas podem ser voluntárias ou involuntárias. O autor exemplifica uma modificação não-autoral voluntária, ou censura, com o que ocorreu com a Demanda do Santo Graal, editada por Augusto Magne. Como exemplo de modificação endógena involuntária, o autor cita o salto-bordão, processo pelo qual um copista salta um texto que há entre duas palavras iguais , pois quando volta os olhos para o papel, continua a cópia por um trecho posterior.
Na época da lírica medieval, acrescentam-se dois fatores que contribuíram para as mudanças: a indiferença dos escritores quanto à veracidade e originalidade da obra original e a falsa reiterabilidade característica da transmissão oral. Cambraia salienta que, às vezes, modificações não autorais se tornam mais afortunadas do que a forma genuína. Assim é que o bordão “em se plantando, tudo dá”, que se enraizou na cultura lusófona, considerado parte da Carta de Caminha. Cambraia salienta que a mobilidade não ocorre só nos textos antigos, mas também nos atuais, como nas letras da música popular brasileira.
Sob o subtítulo Crítica Textual, Ecdótica e Filologia, Cambraia discute o problema terminológico existente. Discute-se se há ou não distinção entre os termos, já que alguns os consideram sinônimos, ao passo que a distinção entre crítica textual e ecdótica, por exemplo, já existe desde 1883. Já o termo filologia ao longo da história, desde os autores gregos dos séculos IV – III a. C. até as concepções do mundo moderno e do século XX. A conclusão do subtítulo é feita com a descrição das tarefas do crítico textual.
O quarto subtítulo, Contribuições, destaca que a mais importante contribuição da crítica textual é a recuperação do patrimônio cultural escrito das culturas, através da restauração de livros, tanto da sua parte física, como do seu conteúdo. Este trabalho é essencial visto que a utilização de textos fidedignos é imprescindível para vários estudos, principalmente lingüísticos e literários.
No quinto e último subtítulo, Cambraia salienta que a crítica textual transita por diversas áreas do conhecimento. Dentre elas, as que mais influenciam a atividade do crítico textual são: a poliografia (estudo das escritas antigas, com finalidade teórica e pragmática), a diplomática (estudo de documentos), a codicologia (estudo da técnica do livro manuscrito, isto é, do códice), a bibliografia material (o estudo da técnica do livro impresso) e a lingüística (o estudo científico da linguagem humana).