Sobre namoro e traição

“Por que os relacionamentos hoje é uma verdadeira fábrica de cornos?”

A pergunta mexeu com todos. Alguns extrapolaram o riso, outros deram risada moderada (irônica e involuntária), já eu preferi um silêncio pacífico. Após refletir, quebrei o gélido silêncio e falei com um tom de voz alterado:

“É porque a gente deixa acontecer!”

A gente deixa talvez por uma troca de postura quase generalizada. Como, por exemplo, a de uma dona de casa mudando os móveis de lugar. Sentimos atraídos por alguns impulsos, mas não conseguimos pensar sobre o que estamos fazendo, pois estamos tão despreparados quanto à própria atração que acabou de abrolhar. Talvez seja aí onde reside à razão de “pularmos a cerca”. Namorar requer uma posição, onde temos que resistir tentações para manter um modo.

Laços quebrados e corações magoados... O problema não é uma dor isolada em um só coração e nem confortavelmente distante, é uma aflição que nos cerca. É nosso. Vivemos angustiados por sexo, basta apenas um toque e já cedemos aos desejos levianos. É nesses momentos que acabamos com laços e magoamos quem nos ama. Além de agoniados, somos medrosos, temos medo de dizer o “não”. E com o temor de expressar o “não”, cedemos aos desejos alheios.

Precisamos de coragem para enfrentar com maestria esta gíria: “Se namorou é corno, se casou é corno”. Temos que botar a cara na “janela do amor” e sentir toda a sua adrenalina. Essa é uma dificuldade enfrentada por aqueles que só sabem abrir portas durante a noite e nunca debruçaram em um peitoril durante o dia para contemplar as poucas flores do jardim.

O mundo evoluiu mudando o estilo de vida das pessoas, hoje o beijo é sentido e repetido, mas onde está o amor? A energia da sedução é exaurida sobre a cama até a ultima gota, mas como sentir afeição e doçura? Há quem diz: “Eu quero é viver a vida...”, como se o ato de viver fosse tão superficial quanto uma noite de prazer.

É “o hoje em dia” é assim, ser demagógico é o máximo, procurar ter opinião própria é cansativo, ter calma em conhecer alguém para levar um relacionamento é coisa do passado é tedioso “quebra a cabeça”. É de grande importância, procurar fugir desse psicologismo barato.

Amar é procurar ter prazer e ser responsável, enfim, viver é ter responsabilidade e procurar ter prazer.