A vida é bela

A vida é bela...

- A vida é bela, nós, é que damos cabo dela!...

Se nos quedarmos um pouco no tempo e fizermos uma retrospectiva do nosso passado, independentemente de nos considerarmos pessoas realizadas ou não, verificamos que ao longo da nossa existência, todos tivemos, senão muitos pelo menos alguns momentos muito mais do que agradáveis, diria mesmo espectaculares, que é pena não podermos perpetuar e sentir infinitamente. Estados de alma e combinações de sentimentos tão subtis, que o nosso ser, parece explodir de felicidade. É como que, todo um deslumbramento que nos faz ver as cores do arco-íris, aliado ao aveludado do vison e a sensação de deslizar nos céus ao sabor do vento, como um pássaro selvagem.

Não se dá conta do tempo a passar. Perdemo-nos no infinito, tentamos desesperadamente gozar segundo a segundo a sensação de bem-estar que não deverá de forma alguma ser interrompida, caso contrário o desmoronamento é inevitável e as consequências terrivelmente dolorosas e pesadas.

Nascemos para ser felizes, a vida é para ser vivida intensamente, saboreada gota a gota e na mais completa harmonia e satisfação.

Se há coisas que me chocam profundamente, a principal é sem dúvida a miséria, quer seja no aspecto económico, moral ou social. Efectivamente é desolador assistirmos a indivíduos que só tem o que trazem no corpo, vivem nas ruas e dormem em portais e vãos de escadas, sem a menor possibilidade de uma vida digna e saudável. Se é certo que uma grande parte deles se auto marginalizaram e deixaram praticamente de fazer parte dos vivos, (vagueiam na apatia que escolheram, porque acham cómodo e prático), outros foram obrigados a esta situação, devido aos mais diversos factores, tanto a nível social como familiar. Todos precisam ser ajudados, é nossa obrigação moral, temos o dever cívico de fazer alguma coisa por essa gente.

Mas mesmo esses, têm também os seus momentos de alegria e satisfação plena, senão vejamos, mesmo os sem abrigo são sensíveis a um carinho, a uma palavra amiga, um sorriso sincero, a respirar a liberdade que muito prezam.

Eles também sonham, têm os seus ideais, se calhar não sabem é expressá-los convenientemente, ou então somos nós que não temos capacidade para os entender, e daí a sua revolta e opção pelo afastamento, pelo rompimento com a sociedade cada vez mais hipócrita, egoísta e individualista, onde nunca se sentiram integrados. Sei bem o que é não ser entendido e por isso os compreendo.

É frustrante, toda e qualquer ingerência proveniente do exterior no nosso mundo, que criamos, com base nos valores que respeitamos e acreditamos, são coisas pessoais que deverão ser, senão entendidas, pelo menos respeitadas.

Há pessoas que se julgam donos da verdade e estabelecem parâmetros extremamente definidos sobre o que os rodeia, e tudo o que vá contra esse estipulado é completamente repelido e ferozmente atacado, quando na verdade, ninguém pode garantir da consistência e exactidão dessas avaliações. No meio é que está a virtude. Há que dar espaços aos outros, afinal eles também pensam como nós, têm todo o direito de se expressar, fazer sentir as suas emoções, os seus sentimentos, só é preciso alguma coerência e boa vontade

Gaspar Silva
Enviado por Gaspar Silva em 05/03/2009
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