Alagoas no Fantástico
Não foi para mostrar as nossas belezas naturais que o Fantástico mostrou Alagoas no último domingo. Foi para mostrar muitos dos nossos irmãos alagoanos ainda vivendo na mais extrema miséria, muito abaixo da linha de pobreza. Esta é uma realidade que ninguém pode negar.
Quando escrevi o artigo Fabiano e Baleia Outra Vez, relembrando o clássico Vidas Secas de Graciliano, o fiz contrariando os meus propósitos, que são o de mostrar o lado bom de Alagoas, uma vez que a televisão já dá o seu Ibope mostrando o lado negro das coisas, assim como também faz a imprensa em geral. Quanto maior o impacto que a notícia pode gerar, maior a audiência ou a venda de jornais. Como escrevo apenas para um público seleto, o do Recanto das Letras, restrinjo-me ao lado positivo das coisas, pensando em contribuir com o bem-estar de quem deseja uma leitura amena, pois aqui também deve ser o Recanto da Paz. Pensando também que alguns dos nossos leitores já são ou ainda serão os turistas desta encantadora Alagoas, com aproximadamente 250 quilômetros do mais belo litoral nordestino, deixo de lado o nosso sofrido sertão, muito embora penalizado pelo espírito da solidariedade.
Os próprios atores da Globo, que recentemente estiveram na Índia para gravar a novela Caminho das Índias, ficaram estarrecidos com o que viram lá em termos de miséria. Quanto mais pobre o país, a região ou estado, maior o desnível social, maior a diferença entre os mais pobres e os mais ricos. É o que ocorre aqui em Alagoas. Uns na mais extrema pobreza e outros com suas fortunas bilionárias. O Fantástico precisa mostrar também esse lado, assim como o das nossas encantadoras belezas naturais, como forma de despertar a vontade política para encontrar um caminho para o equilíbrio social.