DA CIDADANIA...

Buscai e achareis, batei e abrir-se-vos-á.

Jesus-Cristo

A etimologia do termo cidadão aponta para civis – latim – que, essencialmente, significa companheiro. A raiz deste se encontra no verbo ciere que indica movimento, exercício, incitação, abalo, invocação, grito. Ciere, por sua vez, vem do grego kineo sugerindo movimento, agito, ação contínua. Não há, portanto, cidadania fora do indivíduo-sujeito.

Cumprir certos deveres para com o Estado (pagar impostos), votar e tirar documentos, na verdade, não vão além de partes deste exercício imprescindível: cidadania.

Acima de tudo, cidadão é aquele sujeito solidário, é aquele que não se omite quanto ao que há de se fazer a fim de chegarmos ao que conhecemos por dignidade humana.

No âmbito da cidadania, nada ocorre de maneira inexorável. É mister colocarmos a boca no mundo, reivindicarmos nossos direitos, lutarmos por uma sociedade cada vez mais justa e por uma vida carregada de sentidos.

Sem que nos mobilizemos, sem que nos organizemos, sem que partamos para ações concretas, sem que trabalhemos projetos, de fato, voltados para nossos interesses prementes, aonde chegaremos, senão àquele tipo miserável de cidadania pequena? Consciência cidadã não espera, não mendiga, não implora.

Cidadania e Esperançar são sinônimos. Sem elas, somos peixes jogados em águas apodrecidas, carentes de oxigênio, descambando para a morte. De modo que, a despeito de ondas contrárias, vale a pena nos lançarmos à luta fabricando possibilidades e destruindo esse pessimismo, essa descrença, essa letargia que nos ameaçam. Ora, o Brasil, consoante Schwartz, ainda possui uma economia internacionalizada, nossos mercados são grandes, diferenciados e sofisticados, temos uma elevada capacidade de absorção de novas tecnologias, a nossa riqueza cultural é quase única e o Estado continua firme mantendo traços desenvolvimentistas.