O SONHO E A SEMENTE

Aos que me conhecem intimamente, sabem bem quão sonhador eu sou. Sonho em demasia, ao ponto de me perder entre o real e o impossível. Porém minha alma sonhadora está agonizando entre a realidade destes dias. Pouco a pouco eu estou matando os sonhos que em mim viviam. Tais mortes não se consumam pela ausência da esperança, mas pela presença de meu filho. Todos os sonhos que em mim nasceram e que em mim agora morrem, eu os entrego para ressuscitar nele. Não quero que meu filho seja aquilo que eu sempre quis ser, quero apenas que meu filho seja aquilo que o seu sonho lhe determinar, porém tenho certeza que ele será aquilo que eu nunca pude ser.

Quando recebi a notícia do seu nascimento, eu me ajoelhei em prece disse a Deus:-“ Pai, entrego em suas mãos aquilo que é mais precioso para mim (a vida de meu filho), posto que não sou preparado para fazê-lo realizado, espero vê-lo em minha velhice como o maior pregador do teu evangelho. Não para minha satisfação, mas pela minha incompetência de não ter sido.”

Talvez minha oração soe como uma negociação, onde o pagamento da minha incompetência seja a vida do meu filho, porém o meu ato foi apenas devolver em igual medida aquilo que Ele em misericórdia me deu.

Meu filho tem apenas quatro meses de idade, mas cada dia de sua vida tem me valido a eternidade do paraíso. A cada instante que fito o verde de seus olhos, enxergo o oceano que será seu futuro. Não sei se meu barco navegará nele por muitos dias, mas me sinto realizado por já ter molhado meus pés nesta água. Nas limitações de seu corpo infantil, vejo a grandeza de seu caráter, quando na falta da coordenação motora, não desiste em alcançar e segurar um objeto. Quando na dor persistente de suas cólicas, todos os geme e contrai, assim quando não mais a suporta a dor lança o seu choro contido de herói.

Ele vale meu sonho, mesmo tendo eu apenas 25 anos, estou disposto a ceder minha vida e meus sonhos a ele. Ele é o meu “eu” melhorado. Agora meus sonhos tem sentido, somente ele pode executar e realizá-los. Hoje vejo que tudo que sonhei era humanamente impossível para mim, porém facilmente possível a ele.

Não quero que meu filho seja eu, mas adoraria ser o meu filho.

Samuel Boss
Enviado por Samuel Boss em 20/02/2009
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