TODAS AS MODAS

Recentemente tive a oportunidade de ler no Blog de um grande Violeiro (peço licença para omitir-lhe o nome, já que não tenho autorização para mencioná-lo) que se sentia indignado com a exagerada divulgação do gênero Bossa Nova, seus apaixonados, seus artistas, através de um importante canal de TV brasileiro detentor de muita influência na mídia.

Como opinião é uma atitude essencialmente democrática, eu gostaria também de expressar a minha à respeito do assunto.

Na Música Sertaneja nós temos grandes mestres cantores e instrumentistas que, com exceção daqueles que infelizmente sairam da festa mais cedo, estão aí fazendo seu trabalho normalmente, estudando e se aperfeiçoando técnicamente na execução de suas Violas, burilando enfim, suas composições melódicas, letras como verdadeiras poesias, simples e sensíveis afim de retratarem os seus e os nossos sentimentos.

A essência da Música de Viola cujas influências melódicas têm raízes profundas nas nossas cultura e história, não pode nunca se perder ou se confundir; todos nós concordamos...mas, e o músico? E seu desenvolvimento? E o avanço técnico deste instrumentista, que a cada dia quer descobrir novas sonoridades apesar das “Levadas” tradicionais, fazendo cada vez mais , que aquelas dez cordas emocionem com sua sonoridade, como perfeita magia?

Na minha humilde opinião, e volto a repetir, é só opinião, sem nenhuma pretensão de que se constitua em verdade, a Bossa Nova, o Jazz, bem como o Chorinho Brasileiro , e outros gêneros, trazem para os músicos instrumentistas uma variação de estudos harmônicos e melódicos que com certeza servem para enriquecer seus fundamentos musicais.

Um dia destes estava eu proseando com um amigo tocador de Violão que ao ouvir na Viola o som de um acorde dissonante, o mesmo que ele fazia em seu instrumento, ficou literalmente arrepiado, ou seja, descobriu alí, naquela hora, que com relação à Viola, respeito é bom...e todos nós gostamos.

Não somos obrigados a gostar de todos os gêneros musicais, mas podemos entender de forma bastante racional, que todos trazem em sua bagagem, tradições e influências diversas que culturalmente são importantes.

As nossas Modas de Viola (generalizando) muito têm de Afro e Lusitano, esta última ai está diretamente ligada à origem do instrumento, e até mesmo muitos de nós somos oriundos desta mistura genética, o que é muito bom.

Ao sabermos ouvir e compreender outras formas de artes musicais, estaremos nos equipando com autoridade e sentimento suficientes para que durante uma Roda de Viola, ao ouvirmos aquela Cantoria , tenhamos a exata dimensão de como são maravilhosos a arte, o som, que brotam naqueles cinco pares de cordas, e o quanto podemos fazer para preservá-los, sem abandonarmos a necessária e importante evolução dos mesmos.

Como músicos cuidadosos saberemos transformar em experiências as sequências ricas em acordes numa Bossa Nova, a técnica atrevida dos solos e improvisos contidos num Jazz, e por aí vai.

A Viola agradece.

Saudações Violeiras, até a próxima e um grande abraço à todos.