Leitura, Escrita e Tecnologia
Há muito tempo imaginou-se que com a difusão dos computadores, dos e-books, da facilidade de fazer donwload de arquivos da internet, entre outros, a escrita e a leitura seriam prejudicadas. Muitos acreditavam que a leitura seria cada vez menos difundida e a escrita iria tomar também o mesmo rumo.
Hoje se percebe que nunca se leu e se escreveu tanto. Jovens, crianças e adultos utilizam-se dos e-mails, do MSN e outros aplicativos para comunicar-se, sendo assim, acabam lendo e escrevendo muito mais do que alguns anos atrás.
No tempo em que as pessoas comunicavam-se prioritariamente por cartas ou telegramas, nem todos escreviam. Era raro ver uma criança ou um adolescente escrevendo uma carta. E hoje o quadro está completamente mudado. Pode ser que não usem muito a caneta e o papel, mas em contrapartida o computador é o instrumento mais utilizado para comunicar-se.
A escrita não foi deixada de lado, e muito menos foi diminuída a quantidade de livros ou matéria lidos. Com a internet tudo se tornou muito fácil. É a tecnologia a trabalho da comunicação, da escrita e da leitura.
Em tempos passados, escreviam-se diários onde as pessoas colocavam todos os seus sentimentos e fatos ocorridos durante o decorrer do dia, mas ninguém tinha acesso a estes escritos. Ter diário era ter um livro de segredos, e ninguém, exceto o próprio dono, tinha acesso a ele.
Como mudam os comportamentos. Diários não existem mais. Hoje se fala em blog. E este não é mais escondido, pelo contrário, é difundido. Pessoas do mundo todo podem saber o que as outras estão fazendo no seu dia-a-dia. E ainda, podem comentar sobre a vida do outro no próprio diário “virtual”, que é o blog.
Surgiu também o fotolog, que acabou por derrubar de vez com as barreiras entre as pessoas, pois puderam se conhecer através de fotos e dos escritos que os “flogueiros” deixam à disposição da comunidade virtual.
As comunidades como o Orkut entre outros, também possibilitaram a quebra das fronteiras que existem no mundo real. Não existe mais distância. O mundo está unido pela grande rede, a internet.
Com isso a linguagem mudou. Teve que ser moldada para a utilização rápida da internet. Muitos pais e educadores ficam surpresos e assustados com tantas modificações que ocorrem na língua portuguesa utilizada pelos adolescentes.
Até mesmo pela propagação maçante dessa linguagem entre os internautas, a revista Isto é, em uma matéria intulada Haja kbeça p/ tanta 9vidade(16/03/2005) já dizia que a preocupação das pessoas para com a integridade da língua é infundada, pois esta linguagem cifrada, quando utilizada dentro do ambiente cibernético,não acarretará nenhum prejuízo à nossa língua materna.
A língua é mutável, não é estática. Muda-se a história, o contexto social e ideológico, a língua acompanha essas modificações.
Partindo do fato de que os adolescentes estão muito envolvidos com a internet, e que não podemos ser alheios a este fato, resolvemos desenvolver um projeto onde uníssemos a escrita, mais especificamente as produções de texto escolares dos nossos alunos; ao fotolog, ao blog, à internet.
Criar um blog com textos dos alunos fez com que eles produzissem mais e tomassem mais cuidado com a escrita, pois seria lido por todos (mesmo sabendo que a linguagem utilizada na internet pode ser diferente).
Posicionaram-se assim como autores de seus textos e entusiasmaram-se em saber que seus textos seriam lançados num meio em que eles conhecem muito bem e que estão habituados e bem entrosados. É incrível perceber como os alunos fazem muito bem a separação da língua escrita, com a linguagem virtual.
Quando comentavam no blog, utilizavam-se da linguagem cifrada, e quando produzem seus textos, sabem que não poderão escrevê-los sem utilizar-se da forma padrão.
É interessante como o número de produções de texto aumenta à medida que eles percebem que seus textos estão sendo lidos e comentados por muitos. Ter um texto publicado na internet é para eles o “máximo”.
Com esta iniciativa, a produção de texto tornou-se mais prazerosa e a leitura também. Uma vez que os alunos-autores também lêem textos um dos outros. E comentam. Assim escrevem cada vez mais.
Há perigo dos jovens levarem a escrita cibernética tão à sério que possa prejudicar à outra? Segundo a professora Eni Orlandi, da Unicamp, do Instituto de Linguagem, não há perigo na utilização dessa linguagem funcional desde que utilizada no meio cibernético.
Portanto importante é escrever, ler; ler e escrever, não importa o veículo utilizado. Tornar-se autor se seus próprios textos e posicionar-se na sociedade como cidadãos críticos e atuantes. Só assim poderemos crer em um mundo mais digno e melhor para nossos jovens.