O assalto (6a. parte)
Eu ouvia barulho de carro e de moto num intervalo de uns quinze minutos.
De repente, parou uma moto perto do meu refúgio, e eu me escondi mais ainda, mas ao mesmo tempo aguçei minha audição para ouvir as
vozes..
Eles foram embora... Mais tarde ouvi novamente dois homens conversando,ao lado, como se estivessem sentados à beira da estrada. Eles falavam tão baixo que não dava para escutá-los, e também não dava nem para eu espiar!
Seriam meus salvadores, ou não? Aguardava sempre o meu nome...
As vozes se calaram...
Havia muita fuga na cadeia local naquela época, e eu também pensava que os assaltantes poderiam ser fugitivos, escondidos naquela mata.
A lua tornou a aparecer: já era a segunda noite que eu dormia no meu refúgio, mas as formigas estavam me atacando e senti que Deus me
inspirava a sair daquele buraco e procurar outro lugar para me escon-
der... Assim, quando a noite chegou, sentindo-me mais segura plane-
jei por onde iria fugir: optei pela direção Leste, para encontrar Itupeva e água para beber. Queria fugir para bem longe da Gruta...
VISÕES ESPIRITUAIS
Tive duas visões espirituais no domingo: No pôr do sol, quando vi duas nuvens muito grandes e densas à minha frente e, em cima de uma delas formou-se a figura do Cristo, com os braços abertos esten-
didos para mim. Fiquei mais calma e já me considerei salva. A nuvem se desfez...Pela posição delas pude confirmar a minha localização: Estava num lugar muito alto e não havia água por perto.
Teria que procurar um vale para encontrá-la, em primeiro lugar, por -
que o leite estava no fim e eu só me achava segura por causa dele: me alimentando e saciando a minha sede. Meu corpo a essas alturas, estava fraco, sentia um tremor nas pernas e minha cabeça estava ficando ruim...
Olhava para o céu e via os urubus... Temia me machucar...
A segunda visão, ainda dentro do buraco: levantei a cabeça para sondar à minha volta e notei muitas pessoas me observando: homens,
mulheres e crianças. Pareciam espíritos familiares. Perguntei mental-
mente:
Vocês também estão se escondendo?
Não, eles estavam ali para me incentivar a sair daquele local. Olhei várias vezes para confirmar se era gente mesmo, de tão materializadas... A Lua refletia na mata, e eu sabia que eram raios de
luz que formavam aquelas imagens. Era muito real aquele quadro!
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(continua amanhã)