Você quer ser feliz? (Sermo XXVI)

VOCÊ QUER SER FELIZ?

Você quer ser feliz?

Não tenha inveja dos pecadores, mas viva sempre no temor de

Javé, pois é certo que assim você terá futuro e sua esperança

não fracassará! (Pv 23,17s).

Todo ser humano vive atrás de conquistas para sua vida. Não são apenas os materialistas que buscam vitórias, mas elas também são alvo do esforço daqueles que tem fé. Deus não quer que seus filhos vivam na indigência. Se um lado a riqueza excessiva, aquela que é amealhada pela exploração e pela ambição desmedida de ter mais, é vista como um pecado e uma idolatria, de outro a posse de bens, para que se viva dignamente faz parte do projeto de Deus para a humanidade.

Curiosamente, a prosperidade, ou pelo menos a oferta dela, é tema recorrente da pregação da maioria das “seitas eletrônicas” e igrejas evangélicas que tem espaço na tevê e no rádio. Os meios de comunicação dessas instituições pregam o dia todo a facilidade de obtenção de riqueza, de bons empregos e da fartura dos bens materiais, desde que você se associe à igreja, pague o dízimo, faça ofertas generosas e auxilie as obras sociais da entidade. Estas correntes “evangélicas” chegam a realizar cultos especiais para empresários, chamados de “corrente da prosperidade”.

É interessante observar que Deus se dispõe a nos conceder vitórias em qualquer tempo, sejam elas materiais ou espirituais. As grandes vitórias do povo hebreu foram, pela ordem, a libertação do Egito e, posteriormente, a posse da “terra prometida”. Ao dizer que “...ele nos deu a terra” (cf. Sl 115,16) o povo hebreu está se referindo à dádiva material que recebeu de Javé, representada por um pedaço de terra para viver, plantar, crescer, criar seu gado e ser feliz. Mais tarde, já de posse dos dons materiais, o lado místico do povo pedia as graças espirituais: “Como a corça bramindo por águas correntes, assim minha alma clama por ti, ó meu Deus!” (Sl 42, 1s).

Os materialistas afirmam que vencer e adquirir um bom futuro é ser feliz. Até aí tudo bem. Mas o que é ser feliz? Sob a ótica desses grupos, a felicidade se resume em amealhar coisas materiais, prazeres e honrarias. Só isto! Temos um futuro a preparar, e ele não é feito apenas da conquista de coisas materiais.

Não tenha inveja dos pecadores, mas viva sempre no temor de

Javé, pois é certo que assim você terá futuro e sua esperança

não fracassará!

Quando se fala, especialmente na Igreja, em conquista, logo surgem as questões: que conquistas são estas? Só conquistas materiais e de posição social? Só conquistas humanas, como saúde, proteção física, prosperidade financeira? Entendo que o pregador, seja ele um teólogo, um bispo, padre ou pastor, tem obrigação de falar em conquistas e vitórias espirituais e materiais, pois ambas fazem parte, de forma indissociável da vida humana. Se conquista material fosse sinônimo exclusivo de felicidade, rico não se matava nem tomava remédio “tarja preta” para dormir e se acalmar.

Para dilucidar um assunto desse quilate, devo dizer que ignoro muitas coisas.. Ninguém sabe tudo. Há muita coisa sobre essa matéria que ainda é obscura. Não sei tudo, mas procuro elencar algumas dicas, baseadas na minha experiência de vida e também nas luzes que me vem da Palavra de Deus. No terreno científico, os subsídios vem dos livros; no campo espiritual a inspiração vem da Palavra de Deus e do suporte que o Espírito Santo nos dá.

Desde o Antigo Testamento, a Bíblia está cheia de referências à construção de um bom futuro para os filhos de Deus. Falo em bom futuro, pois se não houver diligência em construir uma vida, ela pode desembocar em uma derrota, que ira caracterizar um mau futuro. Um porvir de trevas e decepções.

Pois é nos textos antigos que vemos um bom conselho, no sentido de “não tenha inveja dos pecadores, mas viva sempre no temor de Javé, pois é certo que assim você terá futuro e sua esperança não fracassará!” (Pv 23,17s). A inveja do sucesso dos maus é nociva a quem deseja um bom futuro, especialmente no aspecto ético e moral.

No campo das vitórias há algo que muitas vezes nos deixa confusos. Os ímpios obtêm conquistas espetaculares e, em alguns casos os crentes ficam a míngua, sem ter o que comemorar. Será que Deus favorece os maus? Não creio! Ou será que os que se consideram justos não trabalham direito ou não sabem pedir vitórias significativas?

Até agora vocês não pediram nada em meu nome; peçam e

receberão para que a alegria de vocês seja completa (Jo 16,24).

Vocês não recebem porque não pedem; e vocês pedem e não recebem porque pedem mal, com intenções de gastarem em seus prazeres. Idólatras! Vocês não sabem que a amizade com o mundo é inimizade com Deus? (Tg 4, 2b-4a).

Por “mundo” entende-se aqui o lado negativo da vida material. Para ser bem sucedido, para a conquista ser real e eficaz, alguns passos são requeridos. Vamos estudar os princípios de quem conquista. Vamos a algumas dicas que podem ajudar a revisar atitudes:

1. As escolhas da sua vida

As conquistas começam por aquilo que você escolhe para a sua vida. Nós temos consciência, discernimento e livre-arbítrio. É isto que nos diferencia dos animais e dos loucos. Escolha de vida se faz com inteligência, sabedoria, capacidade de decisão. É preciso analisar o que você quer e prover os meios para atingir aquilo que você planejou. É assim que funciona em todas as atividade, seja no comércio, na empresa, no estudo, na família e na vida espiritual. Existem ímpios que são determinados e vencem, enquanto há crentes que não saem do chão porque não se organizam e acham que tudo vai cair do céu.

2. Produzir; obter produtividade

Em Gn 2,15 o Senhor disse a Adão que ele deveria lavrar e cuidar da terra. Em Mt 24,45 Jesus elogia o empregado fiel e prudente, enquanto em 25,25 ele condena o servo mau e preguiçoso. Quem quiser conquistar tem que produzir e não desperdiçar (tempo, oportunidades, bens, idéias, carismas). Às vezes fracassamos porque pedimos/desejamos mal (cf. Tg 4,3); em outras ocasiões, a vitória não acontece porque não sabemos organizar nossos projetos de acordo com o plano de Deus (cf. Is 55,3-9). Jesus multiplicou os pães e mandou guardar o que sobrou. Quem desperdiça é indigno do que ganhou.

3. Ser disciplinado

Por disciplina entende-se a faculdade de seguir instruções e obedecer regras. Tudo na vida, espiritual e material, tem suas leis que precisam ser seguidas. A disciplina, fruto da organização do pensamento, gera a criatividade que, por sua vez conduz à perseverança, e “...que tudo seja feito de modo conveniente e em ordem” (cf.1Cor 14,40).

4. Ter “ambição”

Existem dois sentidos para a palavra “ambição”. No grego, o verbete epithymia tanto pode significar a vontade de possuir alguma coisa (um bem material) ou desfrutar de algum estado (a salvação, o convívio), e também o desejo carnal, pecaminoso (a concupiscência). Não é pecado ter ambição, ambicionar para si ou para outrem alguma coisa lícita, moral e construtiva. É bom ambicionar, ter um desejo ardente para a conquista de um ideal. É normal, quando nos convidam para alguma coisa, saber as vantagens que essa empreitada vai nos trazer. Davi (cf. 1Sm 16,25s) não foi brigar “de graça” com o enorme Golias. Ele quis saber “que recompensa terá o homem que derrotar esse gigante?” A decisão foi tomada depois que lhe informaram que ao vencedor seriam dadas riquezas, isenções e a mão da filha do rei. Quando questionou “o que eu vou ganhar?” ele ambicionou. Em termos materiais a gente sabe; a questão é saber, espiritualmente, qual é a nossa ambição? As palavras de Deus são claras: “Pede-me que eu te darei!”

5. Conhecer as leis da “liberalidade”

Hoje perpassa as relações humanas uma idéia de responsabilidade social, onde uns são responsáveis pelos outros. O individualismo, o egoísmo não conduz a nada: é preciso repartir, doar (se) e partilhar. Hoje, como nunca, é pedido ao ser humano que invista em seus semelhantes. A Microsoft, por exemplo, destina 25% de seus lucros em pesquisas médicas. O indivíduo que usa de liberalidade com seus bens, atende o princípio da solidariedade preconizado por Deus. Querem ver as “leis da liberalidade” nas Escrituras?

Quem ajuda o pobre empresta a Javé, que lhe dará a

recompensa devida (Pv 19.17).

Feliz de quem cuida do fraco e do indigente. Javé o salvará no

dia da desgraça (Sl 41,1).

Honre a Javé com tuas riquezas e com os primeiros frutos das

tuas colheitas. Deste modo teus celeiros estarão sempre cheios

de trigo e teus tonéis transbordarão de vinho novo (Pv 3,9s).

Não rejeite a súplica de um pobre e não desvie dele o teu olhar

(Eclo 4,4).

Curiosamente tem ímpios que descobriram essa lei, assim como há crentes que não a colocam em prática. Hoje se vê muitas pessoas que não praticam nenhuma religião, mas que são mais solidárias com os infelizes do que muita gente que vive se acotovelando nas igrejas. Tem ateus mais generosos que alguns cristãos. Os mais espertos – e é Jesus quem adverte – podem até tomar posse do Reino antes de nós (cf. Lc 16,8).

Não tenha inveja dos pecadores, mas viva sempre no temor de

Javé, pois é certo que assim você terá futuro e sua esperança

não fracassará!

Em diversas etapas da vida e do ano, muitos pensamentos giram em nossa mente, causando-nos algum sobressalto. Afinal, ansiamos pelo futuro com a mesma intensidade que o tememos. Diz o adágio popular que “o futuro a Deus pertence”. Entendo que é a partir dessa afirmação que devemos organizar nossa reflexão, no intuito de serem bem sucedidos.

Com relação ao futuro e à salubridade de nossos desejos é recomendado que não se tenha inveja do sucesso dos maus, pois ele é efêmero. Nos Provérbios (23,17s) lemos que “há um ‘bom futuro’ àquele que entrega os projetos de sua vida ao Senhor”. A inveja dos pecadores é nociva ao desenvolvimento de um bom futuro, por isso sempre é necessária a proteção divina.

No salmo 73 vemos um justo que sofre olhando a prosperidade do ímpio, tornando-se às vezes descrente da vida por conta da impunidade dos maus. A comparação de um simples momento de vida pode levar a pessoa a várias atitudes:

1) murmuração (contra Deus, Deus não é um Deus suficiente, justo);

2) quando você compara seu momento de vida com o momento do ímpio, começa o desânimo;

3) desviar-se da fé.

Somente obedece a Deus quem reconhece seu senhorio. Sejamos tementes a Deus todo o dia. É feliz e prospera aquele que se recolhe à sombra de sua palavra. Para organizar minha felicidade devo estabelecer um roteiro, que deve começar por três questões básicas.

1) estou no centro de vontade de Deus?

2) estou onde Deus quer?

3) faço o que ele quer?

As Escrituras preconizam o ser no temor de Deus. Aqui o ser é mais do que o estar. Ser é permanente; estar pode ser provisório. Depois, com quem você anda? O que você faz? Você sabe se desviar do mal? Na hora do perigo, da dor ou da tentação, a quem você recorre? Você procura evitar o perigo de viver no pecado todo o dia? (viver no pecado é uma situação de impiedade que difere de pecar). A esse respeito o saltério se abre com uma bem-aventurança:

Feliz o homem que não anda na companhia dos injustos, não

para no caminho dos ímpios nem se senta na roda dos

zombadores (Sl 1,1).

Para ser bem sucedido espiritualmente o cristão precisa considerar-se como morto para o pecado. (cf. Rm 6,1). Isto se faz com integridade, caráter e decência na vida social, familiar, religiosa. Não seguir esses preceitos morais é desprezar o ensino de Jesus. Vejam, por exemplo, o ato de comprar um produto pirata para levar vantagem. Se você se corrompe por causa de R$10,00 (um vídeo, por exemplo), se for político, gerente de banco, magistrado ou homem público, vai roubar milhões. Quem não é fiel nas pequenas coisas não será, seguramente fiel nas grandes.

Não tenha inveja dos pecadores, mas viva sempre no temor de

Javé, pois é certo que assim você terá futuro e sua esperança

não fracassará!

Hoje os pérfidos e os invejosos “plantam” noticias para denegrir. Invadem uma casa ou uma empresa para criar um fato, em geral falso, e depois é difícil desmentir. A própria polícia, que nem sempre é honesta, invade e depois não ocorre nada, não provam nada, e a pessoa fica difamada. Dizem que o fulano está sendo investigado, e fica por aí. Somos vítimas de denuncismo barato, motivado pelo ciúme, pela inveja, e muitas vezes pela ambição desmedida.

Na verdade, ser no temor de Deus é ser íntegro todo. É essa a integridade que torna o homem santo e disponível a toda a obra de Deus. Se eu quero ter um bom futuro no terreno espiritual preciso – como recomenda São Paulo – ser íntegro e inocente como perfeito filho de Deus que sobrevive no meio de gente pecadora e corrompida, brilhando como astro no mundo, apegando-se firmemente à Palavra de Deus (cf. Fl 2,15). Quem diz que ama a Deus deve amar o outro como a si mesmo, senão é mentiroso (cf. 1Jo 4,20).

Ser no temor de Deus é ser solidário com o irmão. Caso contrário a esperança dele vai falhar e você, por ser responsável pela infelicidade dele, não será bem sucedido no Senhor.

O triunfo é dado ao cristão que é fiel. Quem obedece ao Senhor é recompensado, “fica por cima” e é feliz, torna-se cabeça e não cauda (cf. Dt 28,13). A condição para ser assim bem sucedido é obedecer os regulamentos de Deus. Nesse aspecto a Palavra nos dá dois avisos, um preventivo e outro posterior:

Feliz o homem que não anda na companhia dos injustos, não

para no caminho dos ímpios nem se senta na roda dos

zombadores. Pelo contrário, seu prazer está na lei de Javé,

que ele medita dia e noite (Sl 1,1s).

Ele é como árvore plantada junto d’água corrente: dá fruto

no tempo devido, e suas folhas nunca murcham. Tudo o que

ele faz é bem sucedido (Sl 1,3).

Aquele que é fiel a Deus sabe que no dia da tribulação nada o vai derrubar. As coisas vão acontecer num kairós (o tempo de Deus) e ele estará protegido. Todo o bem que houver praticado, toda a obediência dispensada ao Pai, tudo será reconhecido. Seus projetos prosperarão. Para a obtenção da prosperidade material, aquela que se usufrui nesta vida, são necessários três passos importantes:

1. Trabalhar

O trabalho gera conforto e bem-estar

Deus dispôs o homem para cultivar e cuidar o jardim (cf. Gn 2,15);

Eu e meu Pai trabalhamos... (Jo 5,17);

Pregamos o evangelho a vocês, trabalhando de noite e de dia, a

fim de não sermos um peso para ninguém (1Ts 2,9);

Quem não trabalhar, que não coma! A essas pessoas mandamos e

pedimos no Senhor Jesus Cristo, que comam o próprio pão,

trabalhando em paz (2Ts 3,10.12);

2. Obedecer a Deus

Deus dispos, desde o princípio que o homem ganharia seu pão com seu próprio esforço e suor do seu rosto (cf. Gn 3,19)

3. Ser esforçado

Não basta trabalhar para obter sucesso; é preciso fazê-lo com afinco, esforçando-se, empregando uma energia acima do normal. Quando o sucessor de Moisés fraquejou, Javé deu-lhe uma ordem: “Josué, esforça-te!” (Jz 6,11). Ao povo vacilante, o Senhor fez a mesma observação (cf. 2Cr 15,7). Quando a doença nos aflige, ir ao médico não é o bastante; é preciso tomar os remédios e fazer o repouso, se for o caso.

Se você quiser ser bem sucedido, em todos os níveis de sua vida, se entregue nas mãos de Deus. Não confie demasiadamente nos projetos dos homens; eles costumam falhar. Quer ser bem sucedido? A gente sempre se acostumou a estudar mais o Novo Testamento, embora no Antigo haja preciosidades que podem nos orientar vigorosamente. Vamos colher pistas em Provérbios 4:

Acima de tudo, guarde o seu coração, pois dele brota a vida

(v. 23);

Afaste-se da boca enganosa e fique longe dos lábios falsos

(v. 24);

Que seus olhos olhem para a frente e seu olhar se dirija para

diante (v. 25);

Fique atento às trilhas onde você coloca os pés; e que todos

os seus caminhos sejam firmes (v. 26);

Não se desvie nem para a direita nem para a esquerda, e

afaste o mal dos seus passos (v. 27).

Após esses subsídios, oriundos da literatura sapiencial, vamos relacionar cinco dicas finais, capazes de nos favorecer na busca do sucesso verdadeiro.

1. Ouvir e praticar

O mundo está cheio de “mestres”, gurus e terapeutas. Só a Palavra de Deus é capaz de trazer felicidade;

2. Afastar-se do mal

É salutar para a nossa espiritualidade desviar-se do pecado, da mentira e da injustiça; É prudente ter sempre em mente que Satanás é o “pai da mentira” (cf. Jo 8,44); há seis atitudes que aborrecem a Deus, e mais uma sétima que ele abomina (cf. Pv 6, 16-19):

a) olhos orgulhosos;

b) língua mentirosa;

c) mãos que derramam sangue inocente;

d) coração que engendra perversidade;

e) pés que correm atrás da maldade;

f) testemunha falsa que profere mentiras e

g) aquele que semeia discórdia entre irmãos.

3. Livrar a boca das palavras falsas

Enquadra-se aqui a perversidade da língua mentirosa, bem como a boca que profere maldições contra pais, filhos e demais pessoas. Os lábios dos filhos de Deus foram feito unicamente para orar, orientar e proferir bênçãos; é penhor de sucesso junto ao coração de Deus livrarmos a nossa boca de toda maldade e perversidade; não é importante estar nas palavras elogiosas dos homens, mas estar escrito na relação dos que irão herdar o Reino (cf. Lc 12,31).

4. Olhar corretamente

Quem olha corretamente os fatos, sob a inspiração de Deus, tem percepção dos mistérios da vida; por um “olhar correto” entende-se:

a) um olhar otimista; afaste o negativismo e a sinistrose;

b) um olhar realista; não se engane com as aparências;

c) um olhar para a frente, de olhos no futuro;

d) um olhar direto, de cabeça levantada; não fixe os olhos só

nos seus defeitos;

5. Caminhar na direção certa.

Há um Deus cheio de misericórdia, um Jesus Cristo de braços abertos, um Espírito Santo repleto de Deus e um Reino de vida abundante: caminhe nessa direção!

Após a morte de Jesus o véu do templo foi rasgado de alto-a-baixo, o que era mistério se tornou revelado. Deus se revelou a mim; nos olhamos face-a-face e ele plantou no meu coração a sua lei. Revelou-se a todos. Essa é a essência da revelação. Daniel, o profeta, foi garoto, tornou-se homem, foi nomeado sátrapa (governava 40 cidades) mas sempre se encontrava com Deus; orava três vezes ao dia.

Isto mantinha sua fé e o ajudava a ser solidário com as pessoas ao seu redor. O homem bem sucedido – nesta vida e na outra – é o que usa de benevolência com os demais. O Salmo 41 já visto aqui, é conhecido como o “hino da benevolência”. Quem se orienta por ele obtém um sucesso espiritual e humano incomensurável.

Feliz de quem cuida do fraco e do indigente. Javé o salvará

no dia da desgraça (Sl 41,1).

Deus sabe o que é ser benevolente e dar o melhor. Ele deu seu Filho ao mundo (cf. Jo 3,16) para salvá-lo. Como é que, a gente que quer ser bem sucedido na vida, tem a coragem de querer dar a Deus “qualquer coisa”? O que não tem valor para mim, para vocês, as “horas vagas”, por exemplo, não tem valor para ninguém.

A Bíblia ensina que é uma heresia grave desafiar a Deus. Só há uma questão na qual Deus admite ser desafiado: na generosidade! (cf. Ml 3,10). O “dêem e receberão” de Jesus (cf. Lc 6,38) de Jesus, é uma expressão de generosidade e de adoração a Deus. Ser generoso é ser fiel.

Em termos de adoração, como a forma mais vigorosa de culto a Deus, vemos que os cristãos – especialmente nós católicos – aqueles que querem saúde, proteção e prosperidade, sabem pedir (70%), sabem agradecer (25%), mas poucos sabem adorar (5%). é lamentável observar que muitos procuram a Deus na hora da necessidade, mas não sabem dar a ele o culto devido. Deus procura os verdadeiros adoradores.

A sabedoria popular ensina que só unindo-se a Deus o homem pode ser feliz por toda a sua vida (e também na futura). O amor, a fartura e o sucesso, vem de Deus, como um autêntico dom. O segredo da vitória está em descobrir no Reino dos céus a verdadeira luz e a felicidade perene.

O Reino dos céus é como um comprador que procura pedras

preciosas. Quando encontra uma pérola de grande valor, ele

vai, vende todos os seus bens, e compra essa pérola

(Mt 13,45).

É desnecessário explicar o significado da pérola encontrada e de todos os bens que o homem possuía e se desfez. Aí está o retrato da vitória e a radiografia da felicidade humana. Fora disto é fábula, fantasia ou coisa oca. Se não for blasfêmia e até heresia. O fato é que a fidelidade ao projeto de Deus faz com que o homem obtenha bens nesta vida, e na outra o Reino. Isto é ser bem sucedido.

O triunfo dos injustos é fugaz; é a como a palha que o vento

arrebata (cf. Sl 1,4), mas quem persevera no Senhor

permanecerá firme como um rochedo (cf. Sl 95,1).

A nossa oração, recheada e fé, esperança e amor deve conter três pedidos: saúde, prosperidade e proteção. Saúde serve e proteção servem para esta vida. A prosperidade pode se referir aos bens materiais e aos espirituais que conduzem à salvação, o bem maior.

Você quer ser feliz? Siga os passos de Jesus Cristo, comprometendo-se com sua missão. Adore o Pai como autor de todas as coisas e todo o bem. Deixe que o Espírito Santo organize e ilumine sua vida. Depois disto, ame seu próximo como gostaria de ser amado.

Excerto de uma meditação levada a efeito num retiro de Carnaval, em Garopaba, SC em fevereiro de 2005.