O assalto (5a.parte)
Naquela noite dormi com a cabeça entre as pedras, escondendo muito bem a minha sacola plástica, com o leite (integral Longa Vida) que
estava me servindo de alimento e matando a minha sede, medindo bem para não acabar antes de eu me salvar.
Cada vez que eu me mexia, fazia um barulhão naquele capim seco...
Hoje eu me salvo, pensei- logo que acordei.
Imaginei que naquele domingo de manhã iria muita gente na Gruta e alguém poderia passar na estrada ao meu lado.
Será que o grupo conseguiu sair da mata?
Minha família já estava sabendo ? - pensava...
Pedia mentalmente para que minha irmã chamasse a polícia de São Paulo, porque eu não ouvia nem o meu nome sendo chamado...
Planejei o seguinte:
Só vou sair daqui se ouvir o meu nome; se eu ver cachorro me procurando; se ouvir as vozes dos meus dois sobrinhos; se ouvir a sirene do carro da polícia passando na estrada; por último, pensei até em helicóptero...
Esses foram os meus cinco pedidos de ajuda.
Ouvi, logo de manhã, o barulho de uma moto e logo depois o de um carro que parecia com o da Brasília. Eu achava que eram os assaltantes ... Não vou ficar de pé, porque não tenho certeza ,
pensava. Sempre aguardando alguém me chamar, mas...nada.
O motivo principal dessa minha atitude até agora dentro daquele buraco, era porque eu temia um novo choque e sentia que as minhas condições físicas estavam por um fio , nos meus cinquenta e nove anos... Tive uma leve taquicardia no terceiro choque, e não queria me arriscar mais.
Olhava para os urubus sobrevoando a mata e temia o pior. Não queria me machucar...
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(continua amanhã)