Saber viver o carnaval.

É chegada à hora de tirar do armário a fantasia, e durante alguns dias viver um pouco as ilusões. E de onde elas foram tiradas, ali ficaram guardados aqueles trajes que fazem a nossa aparência de gente sofrida, de seres normais.

Seremos por pouco tempo tudo aquilo que queríamos ser, livres, caras pintadas, um pouco ate irresponsáveis, pois a data permite ser, mas com moderação, porque não gostaríamos de vir a perder esta festa em outra ocasião.

Sairemos em bandos, ou mesmo em blocos, em escolas de samba, mas sozinhos ou acompanhados, não importa, o que vale é liberar um tanto da pouca alegria que ainda nos resta, e se por acaso viermos a reclamar da nossa vida não ser uma eterna festa, é porque com certeza não estamos sabendo escolher os nossos convidados.

Mas o carnaval é isto, é o grito do povo, o desabafo geral, é o encontro, o desencontro, é a esperança, mesmo escondida atrás das mascaras consegue mostrar nas avenidas, os sonhos e os tantos desejos de tantos iguais.

Mas o importante de tudo isto é sabermos cantar de cor o nosso samba enredo, onde não devera existir na pauta musical nenhuma nota de medo, e o único choro permitido será da velha cuíca, que desde o inicio já triste antecipa, que o fim da avenida anuncia o final.

E quando voltarmos aos nossos armários, sentiremos felizes em descobrir que aquelas vestes ainda nos servem, pois a realidade por pior que seja, é bem melhor do que qualquer ilusão.