S opro de Deus
E xistencia desejada
R iqueza que deu aos filhos teus.

H abitamos aqui por vossa bondade
U m dia sonhou e nos quis aqui
M editemos em  que caminho seguiremos.
A  nós deu a liberdade
N este mundo que criou a humanidade
O fato é real, é nossa realidade.
S omos descendentes de Adão e Eva.

COM CARINHO
ANGELICA GOUVEA




Em que queres acreditar pelos olhos da fé?
Que somos descedentes do macaco ou
pela vontade de um Pai que criou o mundo para
a sua criatura especial,  nós seres humanos?


 

Quem tem medo de Darwin?



D
r. Frei Antônio Moser
            Teólogo


Arquivo
"Os escritos bíblicos querem revelar aos seres humanos seu lugar e sua missão no universo."

Em todos e em cada um dos períodos da história humana, podem ser encontradas pessoas que deixaram marcas de genialidade. Isto também ocorreu nos últimos séculos. Entre muitos outros, três nomes serão sempre lembrados: Sigmund Freud, Karl Marx e Charles Darwin. O primeiro mergulhou nos mistérios do inconsciente; o segundo, na dialética socioeconômica; o terceiro, nos mistérios da evolução das espécies. A atual celebração do bicentenário de nascimento de Darwin propiciou uma série de reportagens, destacando os mais diversos aspectos.

Todos os gênios têm uma espécie de intuição muito profunda que revoluciona as compreensões anteriores sobre determinado aspecto da realidade. Todos eles, contudo, padecem das mesmas limitações do comum dos mortais: sua genialidade não os preserva nem de certos exageros nem de eventuais erros; sobretudo no que diz respeito às interpretações feitas posteriormente. Uma interpretação adequada das teorias e teses sempre pressupõe que se esteja atento; seja ao contexto do pensador, seja ao dos seus intérpretes, seja ainda às ideologias, particularmente dos intérpretes.

Assim causa nenhuma admiração que também Darwin, genial pioneiro num ramo tão delicado da ciência, seja interpretado das mais diversas maneiras. Ora, vem apresentado como se fosse uma espécie de "ser híbrido", ora como se fosse um dos grandes demolidores das concepções bíblicas referentes à criação. De quebra, envolto por uma auréola quase divina, a Darwin se atribui a capacidade de dividir a humanidade em dois grandes blocos: o dos ignorantes, que ainda acredita na Bíblia, e o dos iluminados, pela infalibilidade daquilo que se denomina  ciência.

Para ilustrar estas diversas leituras convém evocar aqui duas reportagens, de duas conhecidas revistas: Época e Veja. Os títulos e subtítulos das reportagens já dizem tudo. A chamada da Época: "Darwin 200 anos. Novas pesquisas genéticas revelam os erros do maior cientista do século XIX". A chamada da Veja: "Uma guerra de 150 anos. Por que Charles Darwin não conseguiu expulsar Adão e Eva dos livros escolares". Para a primeira, sem perder nada do seu brilho, Darwin não dispunha dos suportes que hoje temos para perceber todas as implicações de suas teorias. Para a segunda reportagem, Darwin não apenas colocou a versão bíblica de lado, como disse mais ou menos tudo sobre os mistérios da vida. 

Neste contexto cabem algumas observações, que em nada desmerecem a figura de Darwin como cientista. A primeira é sobre teorias científicas: hoje, mais do que nunca, fica cada vez mais claro que abordagens realmente científicas nunca, se apresentam como conclusivas. As ciências são um convite permanente para a humildade: tudo o que existe é tão complexo que, quanto mais descobrimos, mais percebemos o quanto falta descobrir. Ou seja, por mais paradoxal que possa parecer, nada é mais evolutivo do que o campo das ciências.

A segunda observação, que diz respeito aos relatos bíblicos: qualquer pessoa de formação religiosa média sabe que nos 72 livros da Bíblia, escritos em contextos e épocas diferentes - um certo número deles por autores diferentes - existem muitos e diferentes gêneros literários. E um desses gêneros fica evidenciado no Livro do Gênesis, mais particularmente nos 11 primeiros capítulos. Ali encontramos relatos que traduzem uma compreensão profunda dos mistérios da vida e, sobretudo, dos seres humanos. Acontece que tais relatos não se apresentam como "históricos", no sentido atual do termo, mas como relatos sapienciais.

Ainda que um certo número de pesquisas venha comprovar um bom número de referências bíblicas ("E a Bíblia tinha razão"), o livro sagrado aponta em outra direção: a busca do sentido último de tudo aquilo que existe, e não a precisão científica. Os escritos bíblicos querem revelar aos seres humanos seu lugar e sua missão no universo. Querem, sobretudo, levar os seres humanos a compreenderem os planos de um Deus que não apenas está na origem da criação, como acompanha amorosamente seus filhos e filhas, a quem confiou a administração de tudo. Dos seres humanos, Deus só exige uma coisa: que sejam sábios e procedam com sabedoria, perguntando-se sempre pelo sentido de tudo o que existe.

A terceira observação: não podemos negar a existência de grupos fundamentalistas que, em nome da ciência ou da religião, absolutizam o que é relativo e relativizam o que é absoluto. E, no entanto, um espírito de observação mais cuidadoso sempre nos levará a uma conclusão, esta sim, científica: todos somos convidados a evoluir sob todos os prismas. Quem não evolui se fossiliza. A diferença entre o sábio e o pretensioso é que o primeiro sabe que tudo evolui dentro de uma continuidade, enquanto que o segundo dogmatiza o que não passa de uma teoria relativa. Assim a fossilização não acontece apenas em alguns círculos religiosos; acontece igualmente em círculos de pessoas que, em nome da ciência, julgam deter a primeira e a última palavra sobre todas as coisas

ANGELICA GOUVEA
Enviado por ANGELICA GOUVEA em 12/02/2009
Reeditado em 12/02/2009
Código do texto: T1435580
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