Nascemos ou não com uma pré-disposição para a linguagem?
Nascemos ou não com uma pré-disposição para a linguagem?
Márcia Rejane Alves Rodrigues
Este artigo vem tratar de questionamentos pertinentes à aquisição da linguagem sob a ótica das teorias empiristas e Racionalistas.
Diante da complexidade de entender como a criança adquire a linguagem, estudiosos dos campos lingüístico, sociolingüístico e psicolingüístico têm elaborado estudos cada vez mais relevantes acerca da aquisição da linguagem.
Vários questionamentos nos vêm à cabeça referentes ao aprendizado da comunicação, tais como: Como aprendemos? Quais mecanismos neurológicos e psicológicos estão por traz da aquisição? Nascemos ou não com uma pré-disposição para a linguagem? E para tentar responder tais questões, várias teorias têm se destacado, como o empirismo, o racionalismo e o interacionismo social. Tais correntes, apesar de sérias fundamentações, deixam lacunas, quanto a explicar o aquisicionismo, e dividem opiniões. Vejamos adiante quais pressupostos que cada corrente nos revela.
Teorias Empíricas
O empirismo fundamenta-se na afirmação de que o conhecimento provém das experiências, descartando a mente como componente fundamental no processo de aquisição.
Derivam-se da corrente empirista duas teorias: o behaviorismo e o conexionismo
O termo behaviorismo foi criado pelo americano John B. Watson, em 1913 e significa comportamento.
O behaviorismo acredita que ao nascermos somos como uma página em branco, e que nossas impressões serão escritas a partir de experiências por meio de estímulos e respostas ou imitação e reforços, positivos ou negativos.
Já o conexionismo admite que o cérebro e seus milhões de neurônios são os responsáveis pela aquisição imediata no momento da experiência. No conexionismo a aprendizagem se dá do encontro do organismo (cérebro) com o ambiente.
Teorias Racionalistas
No racionalismo a mente é a principal responsável pela aquisição da linguagem, pressupondo que já nascemos com uma capacidade inata no processo de aquisição da língua.
No racionalismo surgem as teorias inatistas e cognitivistas.
Segundo inatistas como Chomsky, a linguagem não ocorre com memorização, já que para eles, as estruturas da língua são complexas e abstratas e, portanto, transmitidas geneticamente ou biologicamente determinadas. Ao nascer, a criança já conheceria a língua, antes mesmo do contato com esta.
O cognitivismo faz uma relação da linguagem com a cognição.
Cognitivistas como Piaget e Vygotsky dão relevância à relação linguagem pensamento. Para tais teóricos a criança constrói o conhecimento com base na experiência, oriunda do meio em que esta vive. A criança interage e reage em conjunto com o meio ambiente. Construindo sua própria linguagem, tendo o adulto como mediação na construção do conhecimento.
Referências Bibliográficas.
DEL RÉ, Alessandra. A aquisição da linguagem: uma abordagem Psicolingüística. São Paulo: Contexto, 2006.
DEL RÉ, Alessandra. A pesquisa em Aquisição da linguagem: teoria e prática. In DEL RÉ, Alessandra – A aquisição da linguagem: uma abordagem psicolingüística. São Paulo: Contexto pp. 13-25.
Márcia Rejane Alves Rodrigues faz parte do Núcleo de Estudos Lingüísticos e Sociais(NELSO), coordenado pelo professor Vicente Martins, da Universidade Estadual Vale do Acaraú(UVA), em Sobral, Estado do Ceará. E-mail: vicente.martins@uol.com.br