A Lenda da Vitória Régia
A PLANTA VITÓRIA-RÉGIA
A Vitória-Régia ou Victória-régia (Victoria amazonica) é a maior planta em forma de lírio aquática do mundo. É nativa da bacia do Rio Amazonas. Suas folhas circulares, com as bordas pronunciadas e levantadas, que flutuam graciosamente sobre rios e lagos, podem chegar a 2,5 metros de diâmetro e suportar o peso de um jacaré bebê, 40 quilos, se o peso for bem distribuído em sua superfície.
Foram os ingleses que deram o nome Vitória em homenagem à rainha, quando o explorador alemão a serviço da Coroa Britânica Robert Hermann Schomburgk levou suas sementes para os jardins do palácio inglês. Pelos europeus é chamada de “rosa lacustre”.
Entretanto, os que primeiro a batizaram foram: os guaranis chamando-a de irupé; os tupis, de uapé ou aguapé; e nativos de diversas regiões, de aguapé-açu, jaçanã, nampé, forno-de-jaçanã, rainha-dos-lagos, milho-d’água e cara-d’água.
A floração ocorre desde o início de março até julho. Alguns dizem que no primeiro dia suas flores são brancas e a partir do segundo dia cor de rosa. Outros que são brancas ao abrirem-se em torno das seis horas da tarde e tomam a coloração cor de rosa desde o raiar do dia até às nove horas, quando voltam a fechar-se. Suas flores têm perfume adocicado.
A maioria de nós teve o prazer de contemplá-la em visitas aos jardins botânicos ou museus. Os amazônicos, principalmente os nativos, gozam deste privilégio no dia-a-dia.
Além dessas informações visíveis, existem outras do imaginário amazônico, preocupado em explicar as origens das coisas que, com a lenda da vitória –régia, narra como surgiu essa grande e bela planta.
PRINCESA NAIÁ E A HISTÓRIA DO PAJÉ
A mitologia indígena foi transferida pelo costume de pajés e anciões da tribo contar histórias para suas crianças e jovens.
Era uma noite quente, úmida e prateada pelo luar. Um velho pajé de uma tribo tupi-guarani sentara-se à beira de uma lagoa para contar histórias.
Influenciado pelo ambiente contou que a Lua – Jaci, era uma deusa. Despontava nas noites, beijava e enchia de luz os rostos das mais belas virgens índias da aldeia - as cunhantãs-moças.
Jaci em algumas de suas aparições vinha, escolhia uma virgem da aldeia do seu agrado e a transformava em estrela do céu, para lhe fazer companhia. Acrescentou, ainda, que toda vez que a Lua desaparecia por trás das serras, ou no horizonte era para encontrar-se com suas virgens prediletas.
Dentre as jovens a ouvir a história, estava Naiá, filha de um chefe e princesa da tribo.
NAIÁ QUER SER ESTRELA
Naiá, como muitos do nosso convívio urbano, tinha uma sensibilidade muito grande e um desejo ardente de tornar-se uma estrela, de transformar-se em luz. Assim, ficou muito impressionada com a história e, a partir daquele momento passou a agir em função de virar uma estrela para brilhar ao lado de Jaci.
Então, à noite, quando todos dormiam e a Lua andava pelo céu, Naiá querendo ser transformada em estrela, subia as colinas e perseguia a Lua na esperança que esta a visse.
Durante o dia, bravos guerreiros tentavam cortejar Naiá, mas era tudo em vão, pois ela recusava todos os convites de casamento. E mal podia esperar a noite chegar, para tentar mais uma vez ser vista por Jaci.
E assim fazia todas as noites durante muito tempo. Mas a Lua parecia não notá-la e dava para ouvir seus soluços de tristeza.
Em uma noite, a índia viu a figura resplandecente da lua nas águas límpidas de um lago. A lua descansava calmamente refletindo sua imagem na superfície da água. Naiá, em sua pureza e inocência, imaginando que a lua havia chegado para buscá-la, atirou-se nas águas profundas do lago e desapareceu para sempre.
DEUSA JACI TRANSFORMA NAIÁ NUMA ESTRELA DAS ÁGUAS
A deusa Jaci, compadecida daquela tão jovem vida, agora perdida, resolveu transformá-la em uma estrela diferente de todas aquelas que brilham no céu.
Jaci, por entender que o destino de Naiá não estava no céu, mas nas águas para refletir o clarão do luar, transformou-a então numa "Estrela das Águas".
Naiá encantou-se na Vitória-Régia, a grande flor das águas calmas amazônicas, de um inebriante perfume e de pétalas que se abrem sobre as águas para receberem a luz da lua.
Os que conhecem a lenda da Vitória-Régia, quando a contemplam, nas auroras e em noites de luar sentem o mistério nela velado: a vontade expressa na pureza, na inocência e na persistência daqueles que almejam transformar-se em luz.
Fontes:
Livro "Cultura Amazônica" de João Paes Loureiro; e os
sites: wikipédia.org; sitedicas.uol.com.br; portalamazonia.globo.com; e folclore.vilabol.uol.com.br.
Vitória – régia
Abre-se com o crepúsculo,
em longo vestido branco.
Vem a aurora, novo modelo,
troca-se por outro rosa.
Fecha-se quando a manhã está no meio,
pois é com a lua, a sua prosa.
Lírio, exagero de beleza,
Uapé, pelos tupis batizado,
vitória da natureza,
Vitória Régia, Rainha dos Lagos.
Na lenda tupi-guarani,
uma índia, estrela pode virar,
se a lua, deusa Jaci,
a encantar, para no céu brilhar.
Todas as noites Naiá,
no sonho de ser escolhida,
vaga sob os raios do luar.
Ao ver, na água, a lua refletida,
certa da hora do seu encantar,
atira-se ao sonho de sua vida.
Jaci compadecida de Naiá,
não deixou de torná-la estrela,
que nas águas cintilará
ao refletir os raios do luar.
Vitória – régia, Rainha dos Lagos.
Uapé, encantada Naiá.
Outros links relacionados a lendas Amazônicas:
Amazônia Encantada - HTTP://WWW.recantodasletras.com.br/e-livros/2717490
Anhangá - HTTP://WWW.recantodasletras.com.br/e-livros/2760243
Boiúna (Cobra Grande) - HTTP://WWW.recantodasletras.com.br/e-livros/1433950
Boto - HTTP://WWW.recantodasletras.com.br/e-livros/1534646
Caipora - HTTP://WWW.recantodasletras.com.br/e-livros/2775858
Curupira - HTTP://WWW.recantodasletras.com.br/e-livros/2788425
Iara - HTTP://WWW.recantodasletras.com.br/e-livros/2731428
Mapinguari - HTTP://WWW.recantodasletras.com.br/e-livros/2802069
Tambatajá - HTTP://WWW.recantodasletras.com.br/e-livros/2819995
Uirapuru - HTTP://WWW.recantodasletras.com.br/e-livros/2842484
Vitória-régia - HTTP://WWW.recantodasletras.com.br/e-livros/2747724
Para Acessar: marque o endereço escolhido. Clique com a tecla direita do "mouse". Tecle com a esquerda na opção "pesquisar http:..."