DORMIDA E COMIDA DE ESTRADA
 
Eu voei pelo mundo e já fui igual a caminhoneiro, dirigi por boa parte do Brasil; desde a minha primeira viagem sozinha, gerida por recursos próprios, que dou sempre uma atenção especial a dois itens fundamentais: boa comida e uma boa cama para dormir.
 
Dormir não pode ser em qualquer lugar, salvo uma emergência ou uma necessidade. No Brasil existem todos os tipos de hospedarias, da mais simples e baratinha a mais luxuosa e exorbitante na questão preço. Ninguém, por rico que seja, gosta de pagar caro por pagar, da mesma forma que ninguém, por pobre que seja se sujeita a dormir num pardieiro apenas porque ele é baratinho.
 
Dormir bem e pagar pouco é apenas uma questão de busca e cotação; quem viaja já tem seus locais preferidos e as tarifas são negociadas com antecedência, agradando o estabelecimento e o usuário, ou cliente; na estrada a coisa é diferente, nem sempre temos uma oportunidade de escolher e nem sempre pudemos ter uma informação honesta sobre este ou aquele lugar, principalmente quando o trecho é semi deserto ou esquecido pelos investimentos, caso específico da ligação viária entre Belo Horizonte e Itumbiara (Goiás).
 
Esta semana, eu resolvi não viajar de avião por causa do desconforto das turbulências e fui de carro; percorri 2.000 km entre a capital de Minas Gerais e Goiânia, capital de Goiás; no trajeto, um balaio de gatos para se percorrer de um ponto ao outro, são necessários se passar em seis rodovias, que são elas: BR 381, BR 262, BR 452, BR 050, MG 223 e BR 153; em quase nenhuma destas estradas existe um lugarzinho agradável e simpático para o viajante fazer uma parada, seja para comer, dormir ou simplesmente fazer um lanche; as boas estruturas físicas como a parada VIA LUZ em Luz – MG praticam preços tão caros quanto às lanchonetes de aeroportos e uma qualidade de produtos simplesmente duvidosa.
 
Mas nem tudo é treva ou desespero nestas viagens, um dos bons e extraordinários ponto de parada neste trajeto fica em Araporã, Minas Gerais; o Auto Posto Décio concentra um conglomerado de serviços, aliás, bons e extraordinários serviços que conta com combustível de boa qualidade, um dos melhores restaurantes do Brasil do meu amigo Elmo e comandado pelos gentis e prestativos André e Antônio e uma lojinha de conveniências que tem de tudo, onde podemos beber um saboroso capuccino enquanto conversamos com a simpaticíssima Luciene; em Santa Juliana, pertinho de Uberlândia, saia da estrada e entre na pacata cidadezinha de Santa Juliana e procure os serviços de culinária do Restaurante e Pousada Recanto, administrada pelo gentil Luiz; a nota que dou a qualidade de sua comida é a mesma que eu daria para sua pousada, nota 10.
Os cuidados com as comidas de beira de estrada devem ser redobrados, da mesma forma que os locais onde o viajante deve passar suas noites; comer algo sem o devido preparo correto pode levá-lo ao hospital ou até ao cemitério; na questão da hospedagem é quase a mesma coisa, o local escolhido para dormir deve no mínimo ser seguro, limpo e funcional, mas um quesito é tão fundamental para ambos os casos: o atendimento. Atender bem é uma ciência e em grande parte dos estabelecimentos comerciais as margens das rodovias brasileiras isso não ocorre, o que torna a tarefa de servir bem nas rodovias uma empreitada cada vez mais rara.
 
Os postos de combustíveis que possuem restaurantes e hospedarias geralmente estão distantes das cidades; as cidades por sua vez, são ineficazes e desertas de políticas de saúde sanitária e gestão de qualidade; o resultado são comidas preparadas de qualquer maneira, armazenadas de forma criminosa e servidas dias a fio sem a menor fiscalização; os funcionários destes estabelecimentos são mal pagos e sem nenhum preparo técnico; tudo isso reunido faz dos serviços da estrada uma bomba relógio e não é raro vermos dezenas de edificações abandonadas porque no passado não souberam cativar seus clientes.
 
Quem faz um hotel ou um restaurante na margem de uma rodovia e pensa que naquela estrada passam apenas caminhões está severamente enganado; ônibus, veículos de turistas, veículos profissionais e caminhões dividem espaço nas estradas e todos precisam dos serviços dos postos de combustíveis,seja para a utilização de um sanitário, comer, dormir ou simplesmente abastecer estes veículos com seus combustíveis, portanto, não se deixe atrair apenas pela aparência, antes de parar, faça uma varredura rápida dos aspectos gerais e tente acertar na escolha; se não se agradar, entre numa cidade e busque outros serviços; prefira atrasar mais alguns minutos entrando num lugar que ofereça mais opções a ter que perder a viagem por ser obrigado a utilizar um local perigoso.
 
Caso haja algum problema, saiba que as Polícias Rodoviárias, Federais e Estaduais podem e devem registrar as ocorrências, cobre isso do patrulheiro, mas o mais correto é a queixa em delegacia, somente a polícia civil tem caráter judiciário e é a única que pode instaurar inquérito. Havendo alguma irregularidade grave, DENUNCIE.
 
O meu conselho para os glutões viajantes é de sempre escolher alimentos frescos, frutas e jamais beber água de torneira nestes locais; utilizem sempre os sanitários limpos e bem cuidados, nem que tenha que contribuir com alguns centavos para a manutenção (comum em alguns postos) e no caso de dormir, somente dê preferência a hotéis e pousadas de estrada se estiverem próximos de postos da polícia ou se conhecer bem o estabelecimento, caso contrário, vá até a cidade mais próxima.
 
Depois destes conselhos e dicas, TENHA UMA BOA VIAGEM!
 
Foto: Carlos Henrique Mascarenhas Pires – Restaurante Recanto em Santa Juliana – Minas Gerais, bem próximo da BR-452.
Mais fotos:
http://farm4.static.flickr.com/3402/3259324500_e90110f2ef_b.jpg

CHaMP Brasil
Enviado por CHaMP Brasil em 07/02/2009
Código do texto: T1426207
Classificação de conteúdo: seguro