"MEU NOVO VISUAL" - Radicalizei-
Irritado com os meus cabelos, que há umas poucas décadas estão aos poucos me abandonando, tomei uma atitude drástica: raspei a cabeça com máquina 2.
Querem ir embora? Querem me deixar? Então vão de uma vez.
Cansei de acordar com cara de louco, de me ver no espelho como um aprendiz de Itamar, de perceber quando já estava no meio da rua que o vento me deixara como uma caricatura quando saía sem boné, espalhando aqueles fios desunidos para todos os lados.
Ri muito quando vi minha cara no espelho depois do serviço feito e achei que não teria coragem de sair de casa enquanto não crescessem de novo, mas que nada. Fui muito incentivado:
Meu filho:
- Pô, pai! Ficou manero! Umas tatuagens, uns piercings, e você vai parecer uns seis meses mais novo.
Minha mãe:
- Filho você está parecendo egresso de uma penitenciária.
Minha nora:
- Sogrito, ficou bacana! O senhor ficou parecido com aquele mafioso daquele filme famoso.
A empregada:
- Ficou horríve, seu Fernando.
Minha esposa:
- Eu gostei. Verdade. Gostei mesmo. Achei que ele ficou mais novo, mais forte, sei lá... ( Não é à toa que estou casado com ela há tantos anos.)
Esse novo visual acabou incentivando-me a comprar óculos escuros, coisa que nunca usei antes. Comprei, mas quando os coloco sinto uma estranha vontade de falar em italiano coisas como:
- La mia famiglia vai trucidare la tua, cornuti! Ou paga la protecion ou haverá vendetta. Capisce? (Italiano com as novas regras do português.)
Quando me vejo no espelho, careca e sem os óculos escuros, penso logo em fazer um risco na testa, ou grudar um chiclete, comprar uma bata até os pés e criar uma nova casta. Uma casta que seria a dos Brandinamanês e que logo partiria para o caminho das Índias.
Sei lá...acho que esse negócio de raspar a cabeça mexeu com meu cérebro. Ou me deixou de cuca fresca.
Ps: Minha cadela Tuca latiu muito quando me viu careca. Latia e andava pra trás. Em linguagem canina será que isso foi crítica severa ou elogio?