A Volta ao Apartheid? (Revisado em 10/07//2011)

Vemos com certo receio algumas idéias equivocadas que são propagadas a torta e a direita por muitos que são considerados formadores de opinião. Idéias que são erroneamente carregadas de preconceito e discriminação de todos os gêneros. Vamos então a partir de agora tentar explanar o que percebemos de errado ou no mínimo politicamente incorreto.

Há alguns anos é vendida nas bancas de revista de nosso país uma publicação intitulada “Raça” dirigida exclusivamente aos negros ou como é mais comumente chamados de Afro-descendentes, todos os dias pessoa saem à rua de cabeças erguidas e camisas emblemáticas com frases tipo: 100% Negro, Negro com todo orgulho, Sou Negro sem preconceito, entre outras. O ano passado estava no ar por uma emissora de Televisão um programa com o título de “Domingo da Gente”, onde o apresentador e pseudo-boxeador nas horas vagas (referência a sua agressão gratuita a um humorista ) fazia clara defesa da separação racial entre brancos e negros, era o programa dos ‘manos da periferia’ como ele (o apresentador) mesmo fazia questão de se referir.

O programa era tão separatista (para não falarmos discriminatórios) que chegou a organizar um concurso para a escolha da ‘Miss Brasil Mulher Negra’, um absurdo! Talvez estejamos sendo sensacionalista e exagerados como muitos poderão pensar, mas essas três situações acima referidas: A revista, as camisas e o tal programa nos cheira a Apartheid. Não somos nem um pouco racistas, mas, pensamos de forma bastante racional e levantamos a questão para quem se sentir capaz de responder.

O que fariam esses mesmos defensores da causa, orgulhos de sua Afro-descendência, quando amanhã ou depois alguém decidir sair às ruas com uma camisa que mostre através de uma frase o seu orgulho de ser Branco? Ou mesmo criem um concurso que tenha por finalidade a escolha da ‘Miss Brasil Mulher Branca’? Ou até mesmo numa atitude mais extremista criarem o dia mundial da Consciência Branca? O que fariam esses defensores da causa Negra ou muitos outros que como nós defendem que Raça Humana é o maior interesse e o que realmente vale é a igualdade entre as diversas etnias? Não receberíamos como estranheza tais atitudes?

A verdade é que o sujeito que ouse sair na rua com uma camisa que contém uma frase tipo: 100% Branco não dobra a primeira esquina sem ser preso acusado de racismo, sendo que este é um crime inafiançável, é xilindró na certa, vai ver o sol nascer quadrado. Dois pesos duas medidas! Não conseguimos compreender como certas atitudes claramente carregadas de preconceito são aceitas enquanto outras de mesmo caráter são duramente combatidas. Este é o caso da discriminação devido a uma situação sexual ou religiosa.

Em tempos de liberação sexual, passeatas do orgulho gay ou LGBTTS entre outras designações que estão por aí, combatem com toda a razão a homo fobia, orgulham-se dos direitos mínimos que alcançaram ao longo de sua árdua luta. Espero sinceramente que consigam outros como qualquer casal hétero possui perante a justiça, porém novamente eu quero frisar que algumas tomadas de posição devem ser evitadas pelo mesmo fato que anterior eu já pontuei.

Uma posição que às vezes parece politicamente correta e, assim, aceita por todos corre o risco de provocar em alguns que não concordam com ela a vontade de tomar em defesa de seus interesses um posicionamento contrário. Como citei acima no caso do preconceito racial a questão do orgulho de ser Branco caberia muito oportunamente neste caso envolvendo certa disputa entre homos e héteros. Que fariam se agora fosse marcada uma passeata que sairia pelas ruas e avenidas das principais cidades do mundo em nome do orgulho hétero?

Toda atitude extremista deve ser tratada com muito cuidado e atenção, muitos sofreram ao longo da história devido a atitudes discriminatórias e preconceituosas. Os Negros estão de parabéns por tudo que alcançaram ao longo de décadas, as diversas situações e/ou condições sexuais devem buscar de forma pacífica a defesa de direito iguais a qualquer outra pessoa, mas, que estas formas de lutar por direitos não venham a se torna uma provocação a quem quer que seja.

Algumas questões que foram pontuadas aqui se encaixam muito bem no que se refere às querelas de cunho religioso, políticos ou até mesmo social-econômico. Essa aversão ao diferente, ao oposto se traduz ao meu vê numa visão maniqueísta da vida, a eterna luta do bem e do mal, o outro se opõem ao nosso sempre como o Mal em relação ao Bem.

Devemos nos policiar a todo instante e perceber que as diferenças ou diversidade que compõem o mundo são necessárias e que devemos além de aceita-las compreender e conviver da melhor forma possível já que a verdadeira raça em questão é a Raça Humana, todas as diversas ramificações como: Negros, Brancos, Homos, Héteros, Católicos, Protestantes, Judeus, Latinos, Pobres, Ricos ou quaisquer outras características são apenas formas de apresentação deste Ser Humano. E isso é o que realmente importa e vale a pena ser defendido e lembrado a todo instante.

Autor: Fábio Alves Valentim , professor, filosofo e poeta