"A Poesia de Meu Avô" = Inesquecível=
Passados cinqüenta e seis anos, eu me lembro como se tivesse acontecido ontem. Eu e meu avô estávamos sentados um em frente ao outro, sem assunto, sem vontade de conversar, quando de repente, não mais que de repente, ele recitou uma poesia que nunca mais saiu de minha memória. Acompanha-me em todas essas décadas acumuladas de vida e creio que nunca se passaram vários dias sem que eu dela me recordasse. Não sei até hoje se isso se deve à entonação de voz dele, à profundidade do conteúdo, ao ritmo das frases. Não sei mesmo. Só sei é que até a cronista Barbara Gancia publicou a poesia de meu avô em sua coluna e disse que se percebia de longe que eu era neto de um grande poeta, de um homem de grande talento. Vejam se ela tem razão, se estava falando sério ou sendo sarcástica:
“A lua vem surgindo
Redonda feito um tamanco
Se você não queria casar comigo
Porque me emprestou sua égua?”
Velho desgramado!! Nunca consegui erradicar esse aborto literário de minha mente.