TÔ DE SACO CHEIO DE POESIA!

Arre! É muita poesia!... Será que ninguém sabe fazer mais outra coisa?

O Recanto das Letras deveria se chamar Mar de Poesias. A predominância desse gênero literário é total. Puxa! Não é que eu não curte. Não tenho nada contra. Até já fiz uso dele um certo número de vezes. Além disso, sou fã das obras de J. G. de Araújo Jorge, Carlos Drummod, Mário Quitana, Fernando Pessoa, Cora Coralina... Entretanto, nesse mar de poesia em que se transformou o Recanto das Letras, já estou ficando enjoado. São ondas, digo versos, medíocres na sua maioria, uns atrás dos outros que não param. Sei que tem quem goste e muito. E ache natural.

Mas, caramba! É tanta gente se achando poeta, e cada vez chegando mais que a coisa já virou uma tempestade nesse mar! Quando surgem uns versos de qualidade, sentimos até uma certa calmaria, uma aliviada, porém... O temporal não passa.

Quero aqui parabenizar aqueles que ainda fazem um conto, um artigo, uma crônica, e também aqueles que ainda produzem uma poesia, contudo uma poesia de verdade.

Lembro que ao entrar pela primeira vez no Recanto, acreditava ser um site onde textos de variados estilos seriam apresentados de uma forma mais ou menos equânime. Confesso que desejava até encontrar algumas poesias, pois imaginava então que esse gênero tornara-se coisa do passado, que ninguém mais se interessava, principalmente os jovens. Não preciso dizer que quebrei a cara. Nunca vi se gostar tanto de poesias como ultimamente! Só acho que deveria ser de poesia mesmo e não de qualquer arranjo.

Agora existe uma coisa que considero estranha: embora esteja em alta a poesia, os livros dos poetas são pouco vendidos. É comum ver nas prateleiras das livrarias encalhado, lamentavelmente, essas obras. Não deixa de ser um paradoxo. Mas não é isso que aqui estou para tratar, ora!...

Você que gosta e faz poesia, não fica chateado comigo, não. Reconheço que cá em nosso Recanto existem excelentes poetas, muitos dos quais até podem ser comparados (isso mesmo!) aos famosos que aqui citei. Desejo que perceba que não estou indignado com a arte dos versos. Estou é, sim, assustado, nauseado com o excesso do negócio. Claro que poesia é coisa boa, porém tudo, mesmo bom, com exagero acaba a não agradar e até a fazer mal. Deu para entender? Ou estou errado?