Ludwig Wittgenstein.

“Os limites da minha linguagem são também os limites do meu pensamento” de Ludwig Wittgenstein, filósofo austríaco”.

Há certa corrente relativista, que acha da gramática e dos gramáticos, com suas normas cultas de linguagem, um desserviço prestado ao idioma.

Consoante com essa afirmação, hoje já tendência; o certo e o errado em português, não são valores absolutos.

Quem aponta incorreções na fala ou na escrita popular, estaria na verdade, solapando a espontaneidade, a inventividade e autenticidade do povo. Destruindo a auto estima das classes populares.

Ora, tal postura é elitista, visto bloquear a liberdade de afirmação do homem comum.

Trata-se de um raciocínio torto e absurdo. Certamente baseado no romantismo socialista de uma esquerda idealizada e radical. Esse idealismo embasado em ufanismo festivo e sonhador estandardiza tudo o que é natural e popular – inclusive a ignorância.

Como se esta santa ignorância fosse um atributo ou qualidade, e não um problema do povo.

A verdade é que esses sonhadores, quase sempre inconfessadamente, preconizam que os ignorantes continuem a serem. Estabelecendo que a ignorância é pura e natural no ser humano.

Essa postura intelectual caracteriza uma tendência notável em nosso tempo. O eterno ideal de retorno aos fundamentos idílicos do primitivismo antigo; às origens inocentes e ingênuas do homem não civilizado. “O bom selvagem” dos iluministas desiludidos, do século dezoito.

São exatamente esses os chavões que representam a postura mais moderna dos naturalistas, ecologistas e outros que tais. Elementos do mesmo bloco, o do “politicamente correto”.

E são militantes. Batem-se com comovedor entusiasmo pelo naturalismo... Vivendo em pleno gozo do conforto civilizado.

Crêem-se apóstolos da inocência e da simplicidade, bebericando e degustando canapés em coquetéis de “avan premières”.

Pura ilusão. Pois que nada mais demonstram do que serem o que são: apologistas da ignorância, do atraso e da barbárie.

Pelo extremo do discurso, lembram o fenômeno em evidencia dos fundamentalistas islâmicos. Esses irados seres inimigos do humanismo, do progresso e de tudo o que a marcha da evolução alcançou nesses últimos séculos.

E no entanto, como se sabe, também eles os fundamentalistas radicais, usufruem e gozam das benesses civilizadas nas suas “curtições” estúpidas do recalque cultural.

“As desavenças humanas são desavenças de palavras” de Spinoza.

Quartier

Guilherme Quartier
Enviado por Guilherme Quartier em 04/02/2009
Reeditado em 18/05/2013
Código do texto: T1420855
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