O mercado editorial e os novos escritores
Hoje observamos que a literatura anda empobrecida, não pela falta de escritores, poetas, mas por falta de incentivos a novos talentos. Enfim, há anos, décadas são sempre os mesmos escritores e poetas que conseguem terem seus livros publicados. Tais escritores são os possuem seus nomes conhecidos no Brasil e internacionalmente. Enfim, o país tem empobrecido literalmente por uma política comercial e, não há como isentar o governo, pois cultura, no meu entender é um problema de Estado também e não uma questão apenas mercadológica.
Há dois tipos de editoras; as prestadoras de serviços, conhecida por editora independente. Estas apenas prestam serviços aos autores, ou seja, o autor entrega seu material, negociam a publicação de pequenas tiragens, após pronto o autor leva para casa seus exemplares sendo de inteira responsabilidade vender e divulgar seu livro. Num país onde ainda a venda de livros é pouca e grande maioria destes escritores é iniciantes, portando, ainda anônimos, seus exemplares são comercializados aos mais próximos e o restante fica encaixotado. Diga-se de passagem que muitos destes autores são grandes escritores, os que lhe falta é oportunidade e um trabalho de marketing. Também existem as editoras comerciais; estas normalmente recebem os originais, segundo critérios fazem a publicação por conta própria pagando ao autor direitos autorais de 8 a 10%, segundo as vendas. Quando o autor é conhecido, portanto sendo referência em vendas de livros, a editora paga antecipadamente ao autor um valor x para determinada tiragem. Sendo assim, podemos observar que as editoras comerciais são de grandes portes e a abertura para novos escritores é reduzida, pois não querem arriscar ou ficar investindo em novos talentos com marketing já que possuem uma clientela de retorno garantido.
Enfim, este sistema editorial é perverso e como podemos observar pela forma que se encontra atualmente estruturada tende a minar cada vez mais a inserção de novos escritores no mercado. Por um lado, as editoras independentes (prestadoras de serviços) fornecem pouco suporte técnico e de divulgação, o interesse delas está mais na confecção de livros. No entanto, fazer livros sem divulgação é jogar dinheiro pelo ralo. E por outro lado, o escritor iniciante jamais terá oportunidade de publicar em grandes editoras comerciais, por não haver interesse por parte delas em ficar investindo em novos escritores.
Diante desta realidade vejo duas saídas; uma é realmente o governo investir com políticas públicas culturais na área editorial, isto é, dar condições para que haja alguns programas onde se incentive as editoras investirem em novos escritores dando-lhe benefícios, ou mesmo, o governo criar projetos para que autores que produzem seus livros através das editoras independentes possam divulgar seus trabalhos, tornando-se mais conhecidos. A outra saída é comercial e parta das editoras independentes perceberem este vácuo aberto pelas grandes editoras comerciais e invistam em novos escritores, fazendo a mesma política das grandes com os novos escritores. Hoje devido há inúmeros recursos por meio da internet, tornou-se muito mais fácil às editoras conhecerem, selecionarem e investirem em novos talentos da literatura.
Certamente, com os recursos da internet, dificilmente as editoras deixarão de obterem retornos em seus investimentos. É preciso que editoras promovam trabalhos semelhantes aos empresários de cantores, ou mesmo, os empresários do esporte na caça de talentos. Isto é, descubram talentos e invistam neles promovendo-os. O retorno será garantindo e toda a sociedade ganhará com uma cultura literária moderna e diversificada.