Evitando a barbárie politica
As nossas revoltas cotidianas
Vivi uma experiência humana em meio a tantas, que muito influenciou a minha vida. Muito jovem ainda, tomei interesse pela participação em atividades sociais, organizativas e política.
Para a minha tristeza e muitas conseqüências negativas, vivíamos os anos sessenta e setenta, período em que fui criança, adolescente e muito jovem. Para completar era apaixonado e sonhava com a carreira militar na Força Aérea Brasileira ou Marinha do Brasil, armas que sempre atraíram a minha atenção, talvez pelas aeronaves, pelos helicópteros e navios.
Cheguei a freqüentar a ABA, uma escola preparatória para jovens que desejavam prestar concurso público para a Aeronáutica, mas acabei indo para a Escola de Aprendizes Marinheiros de Santa Catarina em 1975 de onde fui desligado após um “estranho acidente”, não desanimei e após recuperar a minha saúde prestei concurso de admissão e fui aprovado para servir como voluntário por três anos no Corpo de Fuzileiros Navais da Marinha.
Nessa época eu já tinha contato com militantes e dirigentes políticos da chamada esquerda brasileira, ex militantes e até dirigentes comunistas que se mantinham no anonimato, conheci seu Luis Teixeira, Sr. Juquinha, Sr. Daniel, Sr.Onofre um importante dirigente socialista, o Fausto e mais tarde conheci o Doutor Paulo Neto professor da PUC que esteve exilado em Portugal durante a ditadura.
É muito complicado ser um jovem engajado em atividades políticas e ao mesmo tempo ter a vocação e gostar de carreira militar, apesar de que Prestes, Lamarca, Apolônio de Carvalho e muitos comunistas e socialistas importantes do Brasil foram todos oficiais, diga-se de passagem, muito bem preparados e conceituados como militares, é claro que suas opções ideológicas acabaram inviabilizando suas carreiras em vida, mas Apolônio acabou recebendo a merecida promoção post-mortem como General do Exercito Brasileiro.
Muitas das minhas atitudes na Marinha acabaram refletindo as minhas convicções e acabei detido, isolado em Hospital e recolhido no presídio em punição rigorosa, o que me custou perdas de pontos e decretou o fim de minha vida militar como fuzileiro naval e mais tarde acabaria atingindo minha vida profissional como funcionário federal, provocou também punições severas na Rede Ferroviária Federal na década de 80 e 90 e até mesmo danos em meus estudos e afastamento da vida acadêmica, devido a imposições de minha vida política e minha militância.
Cometi um grave erro de avaliação e acabei aceitando o convite do falecido Geraldo Garcia, que militava e dirigia o PT de Mato Grosso do Sul e deixei o PCB/PPS e filiei-me ao PT, dediquei uma boa parte de minha vida militante ao partido que conduziu Lula ao governo do Brasil, porém antes de Lula ser Presidente acabei assumindo a vaga de deputado federal após afastamento de Bem Hur da Câmara Federal, porém jamais imaginei que o partido nascido no ABC, apesar de sua complexidade ideológica que chegou a reunir trotskistas, católicos, evangélicos, stalinistas, punks e até seitas desconhecidas, chegaria ao ponto de expulsar antigos militantes e construtores da sigla, que acabaram fundando o PSTU, o PSOL e até o PCO, mas não foi só isso, afastaram o PT ou foram expulsos personalidades importantes da vida partidária nacional como Cristovam Buarque, Plínio de Arruda, Luciana Genro, Heloisa Helena, Ivan Valente, Chico Alencar e muitos outros.
Apesar de minhas divergências ideológicas com o pessoal do PT de Corumbá-MS e do estado, acabei conseguindo conviver, contribuir e ajudei na reestruturação do partido naquela cidade, onde no ano 2000 elevei com minha candidatura um partido que tinha menos de 1500 votos para prefeito a obter mais de 15 mil votos, a nossa legenda acabou elegendo quatro vereadores pela primeira vez na história, sendo dois do partido. Tentei reagir à derrota eleitoral fabricada na capital, após a interferência do governador do próprio partido, mas não tinha recursos e nem estrutura para enfrentar um grupo que estava no pode e munido de muita “bala na agulha” como se diz por aqui, até hoje fico impressionado como o poder e o dinheiro ter a capacidade de mudar o caráter e aflorar a cobiça das pessoas.
Habilmente o governador que não gostava de minha pessoa e nem do Bem Hur, acabou construindo uma estratégia de vingança e destruição política para Manoel Vitório e Bem Hur, pessoas que ele sabia perfeitamente que jamais concordariam politicamente com muitas de suas atitudes, mas o discurso de companheiros de longa caminha e o pseudo respeito a antigos militantes acabou convencendo a mim e creio que ao Bem Hur também, pois o mesmo deixou a Câmara Federal, assumiu a Casa Civil e acabei sendo convocado para assumir a cadeira de Deputado Federal, mas sabia que a articulação que envolveu até a interferência de quadros nacionais do partido, que virariam até Ministro de Estado mais tarde, era na verdade um presente de Grego para mim e para o negro mais bem votado do PT de MS para a Câmara Federal.
É claro que muitos jornais, comentaristas “políticos isentos” e dirigentes do meu ex partido contaram e sempre contarão a “história oficial que interessa”, aqueles que foram executados, exilados ou que foram derrotados de forma desonesta ou não, ao longo da história do poder no mundo jamais contarão a história oficial, os Reis, ditadores e mandarins tinham seus “escribas oficiais e oficiosos” para contar a história da forma e jeito que interessa ao poder e como o povão deve saber.
Dessa forma deixei de ser Prefeito de minha cidade Natal, pois o meu projeto político não interessava a quem detinha o poder no Estado, perdi a eleição na ultima semana para um candidato que tinha na pesquisa mais de 45 de rejeição do eleitorado e vi um candidato com previsão para 10 mil votos, cair em poucos dias para pouco mais de 3 mil votos. Por coincidência este candidato deixou a cidade por alguns anos, deixou a coisa esfriar e voltou a Corumbá tranquilamente.
Vinte dias depois das eleições eu assumia o mandato de Deputado Federal e acabei convencido por alguns dirigentes do partido que não deveria levar o caso da eleição ao Ministério Público, seria muito gasto com advogados, desgastes e poderia prejudicar o Projeto Lula Presidente, de no errei e resolvi esquecer o caso, afinal eu já estava muito cansado de enfrentar lutas internas e bater de frente com “cachorro grande” como se diz na gíria em minha cidade.
Mas para um simples ferroviário que ganhava pouco mais de um salário mínimo e estava demitido politicamente e sem salário na ocasião, foi uma vitória assumir aquele mandato temporário, mas a história da Câmara e minha experiência naquela complexa casa política contarei em outra ocasião.
Quando descobrimos as traições políticas, as punhaladas, as covardias e a falta de caráter de muitos falsos companheiros ficamos revoltados, com vontade explodir tudo, matar, esfolar etc. Quem fala ao contrário esta mentindo.
O mais grave de tudo, é que mesmo depois de tudo ainda continuamos sendo perseguidos, prejudicados e até difamados pelos colaboradores e paus mandados daqueles que nos roubaram ou prejudicaram a vida, porém devemos refletir, pensar, voltar os nossos olhos para os nossos filhos e continuar a nossa vida da melhor forma, evitando confrontos desnecessários.
Como nunca fui de mentir para eleitor ou vender ilusão, fui a alguns órgãos de comunicação, aqueles que tiveram coragem de permitir que eu dissesse a verdade e mostrei todos os erros, as agressões, a covardia e os esquemas armados contra a minha pessoa, logo em seguida vinham os ataques, cidadãos me atacavam covardemente através da internet e de espaços muito bem pagos.
O que importa é que dei meus esclarecimentos e deixei muito bem claro o que havia acontecido em Corumbá no ano 2000 e no ano de 2004, até mesmo o Ministro do Tribunal Superior Eleitoral recebeu minha carta e sabe exatamente todo o ocorrido, se nenhuma providencia foi tomada, não é culpa minha, pois até as fotos de utilização do dinheiro público irregular contra minha pessoa, foi fotografado e publicado em vários jornais e ficou a disposição, esta a disposição do Ministério Público Estadual e Federal. Pessoalmente eu não disponha de meios suficientes para contratar advogados especializados para cuidar da questão. Até para fazermos a Justiça temos que pagar e muito caro.
Vivo hoje em uma espécie de exílio voluntário, para evitar confrontos desnecessários, provocação gratuita e até para tentar viver em paz com minha família, pois muitas pessoas em Corumbá pedem a minha volta e continuam acreditando que devo retomar a luta, reconquistas o meu espaço e denunciar aqueles que me prejudicaram, na verdade são bons amigos e pessoas, às vezes, muito humildes que não compreendem a gravidade, os obstáculos e os riscos que eu correria e todos aqueles que ficassem ao meu lado. Já vi mortes e muitas coisas desagradáveis em minha cidade em razão de armação e brigas políticas e não desejo ser responsável por atos de barbárie e covardia que já fizeram muitas vitimas no Brasil e em minha cidade.
Continuo acreditando na possibilidade de redenção dos seres humanos, acredito na existência de pessoas solidárias e com caráter, mas sou muito cético em relação a partidos políticos revolucionários e ideológicos no Brasil. Em minha experiência no Congresso levarei sempre a lição de três cidadãos que considero íntegros e dignos naquela casa Pedro Simon, Paulo Paim e o falecido Jéferson Pérez do amazonas.
Muitas pessoas no Brasil não lutam por justiça por falta de dinheiro mesmo e acabam sucumbindo à violência e ao crime. A mentira repetida milhões de vezes acabava sempre virando verdade na Alemanha Nazista de Hitler, muitas ações, infelizmente seguem a mesma linha desta filosofia nos dias de hoje.
A política no Brasil jamais será mudada pelos políticos de carreira, ela depende de uma reflexão de nosso povo, de nossos eleitores e na forma de avaliar e escolher os seus candidatos. Pela simples razão como acontece na natureza e no dia a dia, se o cidadão criador de Galinhas colocar a raposa para tomar conta do galinheiro e mostrar que ela é amiga das galinhas, é sua protetora e colocar o melhor treinador de raposas para fazer este trabalho de doutrinação, a chance de sucesso é quase zero, a raposa na primeira chance vai atacar e vai comer as galinhas, não por que é má e sim porque é sua natureza.
Infelizmente, o mesmo acontecerá em relação a sua representação, se você colocar um bandido ou ladrão no poder ou congresso ela vai lá fazer o que sua natureza de bandido ou ladrão mandar.