São Paulo e o "Big brother"

SÃO PAULO E O BIG BROTHER

O “big brother” é uma ideia de George Orwel, em seu livro “l984”, escrito em 1948. A obra trata da transformação dos costumes de uma sociedade.

Disfarçada de democracia, a Oceania vivia constantemente vigiada sob a batuta do onipresente Grande Irmão (Big Brother). Na obra, o controlador é um sistema impessoal que revela uma futurologia sobre máquinas e câmeras que espionam a vida das pessoas.

Na sociedade descrita por Orwell, os habitantes são permanentemente lembrados pela frase-propaganda do Estado: “o Grande Irmão zela por ti” ou “o Grande Irmão está te observando”. Muita gente apropriou os valores ficcionais de Orwel na criação dos sistemas de controle cibernéticos e semióticos atuais. Os dominadores sempre gostaram de espionar.

Hoje, e a praga não é atual, a sociedade brasileira é assaltada por um lixo televisivo chamado “Big Brother Brasil”, onde um grupo de aventureiros vai para uma casa, tudo patrocinado pela Rede Globo, onde se cometem as maiores barbaridades e inqualificáveis orgias, em nome da conquista de um milhão de reais, que é pago pelo resíduo dos milhares de telefonemas que os ingênuos dão para excluir alguém nos “paredôes”.

As câmeras vasculhando a vida das pessoas 24 horas por dia, criam um novo tipo de voyeurismo social, onde o que importa é ver a fulaninha tomando banho, o cicrano fazendo cocô e a turma debaixo dos lençois fazendo sei-lá-o-quê. Essa escrescência tem até revista, onde pude ler numa manchete de capa: "Fulana e fulano (quase) em sexo explícito". É essa comida de porcos que é jogada às nossas famílias e às nossas crianças.

Tem bisbilhoteiros que contratam pay-per-view para não perder nenhum desses detalhes sórdidos. O BBB, que muitos chamam de “ponto alto da comunicação” é um hino à pobreza cultural e à desfaçatez moral. É o ápice da mediocridade!

Esta é uma das tantas iniciativas da Rede Globo de moldar os costumes e a moral do povão. No livro de Orwel, as fábricas continham placas com o lema: “dois mais dois são cinco se o partido quiser”. No Brasil se pode afirmar que “dois mais dois são cinco se a Rede Globo quiser”.

Falando em comunicação eu me lembrei de São Paulo apóstolo, cujos 2000 anos de nascimento comemoramos agora, num Ano Santo que vai de julho de 2008 a junho de 2009. Aquele sim era um comunicador!

Lutando com todas as dificuldades ele levou a mensagem do evangelho a todo mundo. Já pensaram se ele tivesse disponível a Internet? Ou um laptop para mandar suas cartas? Ou uma linha aérea que o levasse de Jerusalém a Atenas?

Ainda no terreno da imaginação, será que São Paulo gostaria do BBB da Globo? O que ele diria a respeito desse “fenômeno”?

“Ao invés de pensar, os homens obscureceram suas mentes vazias; pretendendo-se sábios, revelaram-se tolos”.

“Desprezando o conhecimento de Deus, foram abandonados ao sabor de uma mente incapaz de julgar, cheia de injustiça, perversidade, malícia e deslealdade”.

“Não se amoldem às estruturas deste mundo, mas transformem-se pela renovação da mente”.

“Vivamos honestamente, como em pleno dia: não em orgias e bebedeiras, prostituição e libertinagem, brigas e ciúmes. Mas vistam-se do Senhor Jesus Cristo, e não sigam os instintos egoístas”.

E, por fim “Vai chegar o tempo que não suportarão ouvir a doutrina, desviarão os ouvidos da verdade para se alimentarem de fábulas”.

Antônio Mesquita Galvão

Doutor em Teologia Moral