Aos caluniadores do Corpo, eu digo...
É incrível como em pleno século XXI, numa época em fervoroso desenvolvimento tecnológico, industrial, científico, tanto nos campos da área da medicina, da Física, de descobertas biológicas, diante de todo este panorama ainda existem milhões de pessoas com o cérebro enterrado na área de conceitos primitivos e rudimentares.
Por exemplo, uma coisa em que eu não consigo compreender, nem aceitar porque não vejo nenhuma coerência, é sobre a questão da dicotomia, ou tricotomia como alguns ensinam e crêem, na divisão do ser humano em “Espírito, Alma e Corpo”. Para mim, o espírito é o corpo, a alma é o corpo, e o corpo é o que temos de mais verdadeiro do Universo, pois muito podemos questionar sobre a veracidade de algum fato, de algum dogma, de alguma verdade, mas ninguém duvida da existência de seu próprio corpo, pois para cada um isso é algo inegável. Ora, se ainda hoje não compreendemos por completo o funcionamento orgânico, estrutural e fisiológico de nosso corpo, como podemos nos ater e saltar logo para a dimensão “espiritual”, e avançar logo para a área de estruturas denominadas de “alma e espírito”? O próprio Jesus comentou isso no evangelho de João ao falar a Nicodemos “Se não entendeis das coisas terrestres, como crereis, se eu vos falar das coisas celestiais?” Neste ponto, eu concordo totalmente com ele. O nosso corpo em seu todo ainda há muito o que se dissecar, o que se descobrir, o que se analisar para obtermos mais explicações.
Só para termos uma idéia da complexidade de nosso corpo, os cientistas calculam que há mais neurônios em nossa mente do que todas as estrelas do sistema solar. A produção de um mero pensamento só se realiza devido a milhões de impulsos elétricos que ocorrem em nosso córtex cerebral. Só para termos uma idéia da potencialidade ainda desconhecida que se localiza em nossa mente, nosso cérebro é capaz de armazenar milhões de livros, como se fosse uma verdadeira coletânea de bibliotecas inseridas em outras bibliotecas. E como bem podemos deduzir, em cada um desses milhões de livros, há contidos neles dezenas ou até mesmo centenas de informações. E olha que não usamos sequer nem a metade de nosso potencial cerebral, de nossa massa cinzenta, de nossa memória. E diante destas incógnitas que se acham em nosso corpo para ser analisadas, catalogadas, dissecadas, como respostas e soluções que ainda vamos obter e que muito nos ajudarão para o nosso cotidiano, para o nosso bem-estar, para melhor nos auto-conhecermos, a gente prefere pular dessa ilha tão estupenda e repleta de descobertas e de ponderações que se chama Corpo, e nos atiramos para o reino das abstrações, das conjecturas, dessas coisas que se chamam de “espírito, alma, reencarnação, purgatórios, infernos, paraísos divinos, etc”. É incrível o quanto ainda nos apegamos aos hábitos e costumes de nossos antepassados, os quais não possuíam a modernidade de nosso aparato científico, de nossa medicina, de nossa genética, de nossa tecnologia, e que procuravam explicar tudo o que não entendiam utilizando os únicos argumentos que em suas épocas eram viáveis: argumentos místicos, de natureza e caráter sobrenatural, divino, espiritual. É necessário primeiro explorarmos todos os territórios de nossa dimensão orgânica e corporal, para que a partir daí possamos perscrutar as zonas de caráter “espiritual, transcendental, sobrenatural”, pois ao se fazer o inverso, estamos sendo completamente estúpidos e idiotas.
Ainda bem que a medicina não espera por intervenções “divinas, espirituais”, e vão em busca de encontrar soluções para doenças e problemas que podem surgir em nosso organismo. Ainda bem que a Ciência não espera por algum e-mail da parte desses reinos “sobrenaturais, divinos, angelicais”, e vai à luta com os recursos que dispomos para ajudar a humanidade em suas necessidades realmente necessárias. Ainda bem que há pessoas que deixam de lado todos esse delírios construídos pelas religiões, e pondo os pés no chão da realidade e da lucidez, resolvem navegar pelos novos oceanos em busca de respostas, de explicações, de soluções concretas, as quais possam contribuir para o nosso desenvolvimento e felicidade aqui neste mundo, e com este corpo nos quais milhões de pessoas tanto difamam, tanto diabolizam, tanto desprezam(ou fingem na verdade desprezar), e que sem ele não fariam, e nem podem fazer, absolutamente nada.
Para se chegar as profundezas de qualquer oceano, é preciso primeiramente passar pela superfície.