ATEUS CRENTES
Paradoxalmente, dou início a este texto afirmando categoricamente que ser ateu nada mais é que uma forma de crendice. Ateus crêem, e, na maioria das vezes, cegamente, pois determinam sem provas (o que é crendice) que Deus não existe. Isto, sem contar outras crenças insólitas, como a teoria do Big Bang e a da geração espontânea e a da evolução das espécies. Mas este é somente o primeiro parágrafo, onde digo também que ateus crêem que são as pessoas mais sensatas, mas lúcidas e mais racionais, determinando, na maioria das vezes, que a razão humana é deus.
Todavia, presume-se que ser ateu é ter certeza de que não há Deus, não há um sujeito da causa, que é a existência do Universo e de tudo o que nele há. Ateus estão certos de que há a causa, mas duvidam que exista seu causador. Convém observar, porém, que alguns deles é que têm essa certeza, mas tal certeza é insólita na mente de quase todos, pois nenhum jamais produziu prova de que não há.
Outro pressuposto sobre ateísmo é imaginar que ateus são somente os que não crêem na existência de deus ou deuses. Isto não é verdade. Ateísmo é não crer na existência de Deus, o Deus, aquele que é animado, que age, que é Criador, que criou todas as coisas e governa todos os elementos. Os faraós, por exemplo, criam que eles próprios eram deus. Portanto, para eles podia haver um deus, mas não o Deus. O faraó do êxodo chegou a dizer para Moisés, “quem é o Senhor para que eu o obedeça? Eu sou o senhor!”
Quem cria um deus o cria porque presume que não exista Deus, então quer preencher essa vaga, pois acha que carece de um deus, ou o faz para afirmar-se frente ao Deus verdadeiro, mostrando-se independente. Criar um deus é eleger a si mesmo como deus, pois o criador do deus certamente criará os poderes que atribuirá ao seu deus, que ele somente terá porque os recebe de seu criador. A própria vida do deus criado é inventada por seu criador.
Portanto, ateísmo não é somente não crer na existência de Deus, mas não se submeter a Ele, não reconhecer Sua soberania, embora tendo certeza que Ele existe. Muitos ateus, como Ninrod, tinham tanta certeza da existência de Deus que construíram uma torre dizendo que com ela se defenderiam dEle caso tivesse um novo ataque de fúria. Por estar certo de Sua existência, determinou-se a afrontá-lo.
Opor-se a Deus é a forma mais comum de ateísmo, pois se acho que posso medir força com Ele é porque não reconheço Seu poder e supremacia, tampouco minha dependência dEle, e um deus sem poder não é Deus. Logo, dessa forme decreto que não há Deus. Muitos ditos ateus colocam-se contra os argumentos a favor da existência de Deus dessa maneira, desafiando Deus.
Logo, a incoerência é idêntica, seja na linha de raciocínio do ateu que não admite nenhum deus, ou na do que cria deuses e os adora, pois ambos ignoram a autoridade do Deus ativo.
Caso semelhante é o de Nabucodonosor. Homem guiado por seus instintos primitivos, cheio de orgulho de si mesmo, o que lhe dava a certeza de estar mais elevado que os outros, seja no sentido intelectual ou no sentido material. Portanto, logo se imaginou deus, e não só imaginou como se proclamou deus, pois via que tudo estava à sua mercê, então se outorgou o poder da vida e da morte, matando de forma contumaz e impiedosa.
Alguma diferença do dito ateu moderno para Nabucodonosor? No orgulho e auto conceito de superioridade intelectual são idênticos, embora que os ateus atuais são mais racionais e possuem mais conhecimento. Todavia, os gregos também eram mais racionais e tinha mais conhecimento, nem por isso deixava de crer em seus deuses. Contudo, poderia dizer que Nabucodonosor e os ateus atuais diferenciam-se no fato de o ateu moderno não crer em nenhum deus inventado e nem adorar algum. Todavia, nisso também são iguais, pois Nabucodonosor não cria em nenhum deus inventado, tampouco os adoravas, tanto que mandou construir uma estátua de si mesmo com as medidas de todos os deuses babilônicos, significando a submissão deles a ele, e determinou que todos se curvassem em adoração a ela, enquanto ele mesmo manteve-se sentado.
Quanto à crueldade notável de Nabucodonosor, os ateus costumam rebater os argumentos cristãos em favor da Bíblia e de Deus lembrando quanto os religiosos mataram durante a história da humanidade, tre milhões de pessoas, por exemplo, que a dita Santa Inquisição queimou, decapitou e matou a base da tortura em alguns séculos. Todavia, escondem os números do ateísmo, o iluminismo, que promoveu o banho de sangue da Revolução Francesa, sem contar outros tantos pelo mundo por conta da inspiração no mesmo movimento, e o comunismo, que em menos de um século consumiu cem milhões.
Quanto aos papas, porém, a exemplo dos faraós, de Nabucodonosor, de Alexandre, dos Césares, como dizer que alguém que se põe em lugar de Deus em franca oposição a Ele, alterando Sua Lei, instrumento de Sua soberania, outorgando-se a si os atributos dEle, como perdoar pecados e decidir sobre a vida e a morte, crê em Deus? Se cressem, os papas teriam se submetido a Deus, não se posto em franca oposição a Ele, o que fazem ao sentar-se no lugar dEle.
Quanto aos islâmicos, por exemplo, estão completamente opostos a Deus, não cumprem Sua Lei, tampouco Suas ordenanças, matam em nome dEle, sendo que Ele não autoriza, e negam dessa forma toda a Sua soberania. Portanto, não podem ser tidos como crentes a Deus, mas a um deus que está dentro do ego de cada um, pois o que fazem vem de sua mente coletiva.
Vendo desse prisma, mesmo os crimes religiosos podem ser atribuídos aos ateus, pois os verdadeiros crentes em Deus jamais matariam, sendo que em Sua Lei diz “não matarás” e Jesus mesmo disse que não era para resistirmos ao mal, significando que se o povo eleito já não é uma nação, já não tem porque fazer guerra para defender a nação, pois a partir de Cristo o povo eleito é gente do povo de todas as nações.
Em geral os ateus distorcem os fatos dizendo que o comunismo não tem nada a ver com o ateísmo, pois o ser Marx ateu não torna o comunismo ateu, porque o maior de todos os pilares do comunismo é esvaziar o proletário do temor a Deus colocando no lugar o temor ao sistema, o que poderia conduzir à obediência pelo medo, sendo que imaginaram que em vinte anos os seres humanos já seriam completamente submissos ao sistema, então não mais teriam que ser coagidos, daí se estabeleceria o socialismo. Entretanto, nem ai as pessoas teriam liberdade para seguir seus ideais, pois os ideais individuais sempre seria limitados pelo ideal comum e o indivíduo não teria liberdade para julgar e escolher este ou aquele, sendo obrigado a seguir o ideal pré-estabelecido. Os proletários de vanguarda diziam que a crença em deus era uma fraqueza, a qual vinte anos distantes os seres humanos esqueceriam. No sistema de Deus, o ideal individual também está limitado pelo ideal comum, haja vista a Lei Moral, mas os indivíduos têm liberdade para julgar e escolher.
De qualquer forma, os ditos pais do raciocínio lógico, os gregos, tinham seus deuses, nos quais criam, embora esses deuses fossem tão incoerentes e cheios de paixões quanto são os seres humanos. Os pais do ateísmo moderno, a exemplo de Nabucodonosor, fizeram sua própria estátua de adoração e submissão, a razão humana, que foi incorporada em uma mulher, sendo aclamada deusa em procissão à catedral de Notredame (onde os católicos veneram a que chamam de Nossa Senhora). O pensamento lógico de Auguste Conte, pai do Positivismo, o que chamo de comunismo de duas classes, onde os endinheirados, os artistas e os ditos sábios governariam com exclusividade a classe proletária e a seus filhos não seria permitido fazer faculdade, – o pensamento lógico desse grande filósofo racional, que nasceu durante a Revolução Francesa, exerceu as paixões humanas com tal intensidade que chegou a canonizar a primeira santa do ateísmo, sua esposa morta. E veja que ele tinha muitos seguidores, chegando até a fundar uma seita, cujos cultos são feitos nos templos da razão, que têm seus próprios sacerdotes. Tais templos podem ser encontrados ainda hoje acima de uma escadaria em cujos degraus há palavras como ordem e progresso. Marx se inspirou em Auguste Conte.
A única diferença entre o Positivismo e o Comunismo é que no segundo os trabalhadores tomaram o lugar dos donos dos meios de produção, dos artistas e dos sábios, estabelecendo no poder uma elite hipócrita e sanguinária que eles chamavam de proletários de vanguarda.
Portanto, como se viu ao longo do texto, os ateus são crentes e os mais fanáticos entre os tais, pois crêem instintivamente em coisas igualmente improváveis. Alíás, diga-se de passagem, a filosofia liberalista do ateísmo é que está nos levando à hecatombe final.