Reverência
Estive ver o mar. Sempre que posso o faço.
O mar é sempre lindo aos nosos olhos. Sua grandiosidade, sua magnitude. Irresistível. De todas as criações divinas,olhe que não são poucas, o mar, talvez seja a mais enigmática; a mais misteriosa.
O mar é a morada de todas as crenças. atribui-se ao mar, todos os poderes, encerra-se nele todos os segredos.
É compreensível.
A atração que o mar exerce sobre nós, as crenças, as crendices, as lendas, a literatura, o folclore, o misticismo, tudo isso nos leva à um estado de reverência ao imenso mundo de água que banha as nossas terras. Eu, que não sou agnóstico, nem tampouco um "São Tomé", creio na multiplicidade das verdades humanas, mas na unicidade do poder divino. Tudo gira em torno de uma força única, universal e soberana.
Ora, a inteligência que possuí a capacidade de criar algo tão fascinante, não é, com certeza, nada do que seja do conhecimento humano que possa se fragmentar. A força divina, se desfaz em mil partículas sob a perspectiva humana, e, em contrapartida, se mantém única em sua essência, como um átomo, que se divide, mas não se multiplica em diversidade.
Eu, no entanto, serei sempre um admirador do que o mar tem de lúdico e poético, de romântico e sedutor para as coisas do amor, que enchem mais os nossos corpos e os nossos espíritos de prazer.
Sendo assim, para uma apreciação mais carnal e erótica, do que divinal e mística, mesmo que não haja em mim nada conta a religiosidade, saúdo o grande poeta do mar, Dorival Caimmy, homem do sal e do ventos, que cantou sim o lado mítico, religioso daquelas águas, mas cantou muito mais o amor, pleno e absoluto, como só o mar pode ser.
Reverencio então,
ao amor e ao mar.